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Inep chama 9,5 mil para refazer o Enem

“É uma palhaçada. Isso não é justo, me sinto muito prejudicada. Foi um ano perdido.”
Ísis Ivanechen dos Santos, estudante de Curitiba que, apesar de ter  recebido a prova amarela com defeito, não foi convocada para refazer o teste | Antonio Costa/Gazeta do Povo
“É uma palhaçada. Isso não é justo, me sinto muito prejudicada. Foi um ano perdido.” Ísis Ivanechen dos Santos, estudante de Curitiba que, apesar de ter recebido a prova amarela com defeito, não foi convocada para refazer o teste (Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo)

Pelo menos 9,5 mil estudantes poderão refazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na próxima quarta-feira. O anúncio foi feito ontem pelo Instituto Nacional de Estudos Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC) que organiza o exame, por meio de nota oficial. Segundo o Inep, todos os alunos aptos já foram avisados. O número de convocados é três vezes maior do que o divulgado inicialmente.

Até então, o MEC afirmava ter identificado apenas 2.817 alunos que preenchiam os pré-requisitos que davam direito à nova prova. No entanto, ao divulgar que a prova seria reaplicada em 218 cidades de 17 estados (seis no Paraná), a pasta confirmou que o problema era mais disseminado do que vinha admitindo.

Para ser convocado, o ministério estabeleceu que o candidato deveria ter recebido a prova amarela de sábado (aplicada no dia 6 de novembro) com problema de impressão; não ter tido seu caderno de questões trocado; e ainda ter tido seu problema registrado em ata pelo fiscal de sala. De acordo com o MEC, o aluno convocado à reaplicação do Enem tem o direito de refazer a prova, e não o dever. Quem não fizer o exame fica com a nota do primeiro teste. Os estudantes que solicitarem terão à disposição uma declaração de comparecimento para justificar a ausência ao trabalho.

Paraná e Santa Catarina respondem por 60% dos alunos prejudicados com erros de impressão na prova amarela. Em Santa Catarina, a prova será reaplicada em 42 municípios, sendo que a maior ocorrência foi nos municípios de Chapecó e Concórdia. No Paraná, a nova prova será reaplicada em seis municípios (Curitiba, Goioerê, Guarapuava, Pinhão, Pitanga e Ponta Grossa), sendo que 95% dos problemas ocorreram na capital.

Além do Paraná e Santa Catarina, o Enem será reaplicado em Minas Gerais, Ceará, Sergipe, Piauí, Pernambuco, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Bahia, Rio Grande do Sul, Pará, Tocantins, Goiás, São Paulo e Amazonas.

Ontem, a Justiça Federal julgou extinta a ação proposta pela Defensoria Pública da União para mudar a data do exame, por considerar que o órgão não tinha legitimidade para pedir a liminar. A Defensoria havia entrado com a ação na quinta-feira. O defensor André Ordacgy, autor da ação, lamentou a decisão da decisão. "Vamos recorrer na segunda-feira", afirma.

Estranhamento

Apesar dos pré-requisitos estabelecidos, alguns candidatos relataram que, mesmo sem ter tido nenhum tipo de problema na prova amarela, foram convocados para o exame da próxima quarta-feira. Tainah Lunge, 17 anos, é um dos casos. A jovem diz ter se espantado ao receber o e-mail de convocação do MEC na noite da última quarta-feira, já que sua prova amarela estava perfeita e por não haver percebido, no dia da prova, ninguém em sua sala reclamar de nada. "Quando vi o e-mail do MEC, achei que fosse vírus", disse. Por isso, Tainah não pretende refazer o exame. Há ao menos mais um relato de um caso semelhante de uma menina em Barra de São Francisco, no Espírito Santo. Questionado, o MEC disse que ainda não tomou conhecimento desses casos.

Há relatos também de alunos que, embora tendo tido problema, não foram convocados para a prova. Para Mateus Prado, presidente do Instituto Henfil, entidade especializada em preparar candidatos para o Enem, a análise das 116 mil atas que levou à identificação dos prejudicados foi feita à toque de caixa. "Não tem como dar certo. Foi uma leitura apressada. O MEC não sabia a dimensão do problema", afirma.

Cronologia

Acompanhe as falhas e a batalha judicial do Enem 2010:

6 e 7 nov – Prova do Enem é aplicada para 3,3 milhões de estudantes. Ocorre uma série de problemas: cabeçalho de gabarito trocado, provas grampeadas de forma errada, uso de celular durante o exame, falta de informação sobre proibição de lápis e borracha e suspeita de vazamento do tema da redação.

7 nov – Inep, órgão responsável pelo Enem, admite possibilidade de aplicar nova prova apenas para os alunos que foram prejudicados com os erros, cerca de 2 mil estudantes.

8 nov – Justiça Federal do Ceará suspende o exame em todo o país, por considerar que aplicar prova para apenas uma parte compromete a isonomia do processo. MEC diz que não há necessidade de suspender o exame para todos os alunos e que irá recorrer da decisão.

9 nov – Justiça Federal do Ceará proíbe MEC de divulgar o gabarito do Enem. Multiplicam-se as queixas de estudantes sobre falhas no exame. MEC decide encaminhar pedido de reconsideração para o Tribunal Regional Federal (TRF).

10 nov – Presidente Lula afirma que, se fosse preciso, o governo faria uma nova prova do Enem.

11 nov – Advocacia-Geral da União recorre da decisão da Justiça de suspender exame sem informar que argumentos usou no recurso.

12 nov – Presidente do TRF da 5ª Região derruba decisão que impossibilitava o prosseguimento do Enem, afirmando que suspensão traria transtornos aos organizadores e candidatos de todo o Brasil.

17 nov – Justiça Federal do Ceará decide que todos os estudantes que se sentirem prejudicados pelas falhas poderão fazer uma nova prova.

18 nov – TRF da 5ª Região derruba liminar que previa reaplicação do Enem para todos os alunos que se sentissem prejudicados. Segue o entendimento do MEC de fazer nova prova apenas para os casos notificados nas atas das salas.

23 nov – Nova prova do Enem, de Ciências Humanas e Ciências da Natureza, é marcada pelo Inep para o dia 15 de dezembro, às 13 horas. MEC diz que pelo menos 2.817 estudantes iriam refazer o exame.

24 nov – Polícia Federal confirma vazamento do tema da prova de redação do Enem. Duas pessoas confessam o crime.

26 nov – Defensoria Pública da União solicita que MEC reveja a data marcada para a reaplicação do Enem. Por ser uma quarta-feira, DPU argumenta que alunos que trabalham teriam dificuldade em refazer a prova.

1º dez – OAB encaminha ao MEC requerimento para que seja anulado o Enem 2010 devido ao vazamento do tema da prova de redação.

8 dez – Inep disponibiliza consulta de novos locais de prova na internet.

9 dez – Defensoria Pública Federal entra com ação na Justiça Federal do Rio pedindo alteração da data da reaplicação do Enem.

Ontem – MEC convoca 9,5 mil candidatos para refazer a prova na próxima quarta-feira. Justiça recusa mudança de data.

Serviço:

Os estudantes podem consultar os locais onde a prova será reaplicada no site do Inep, usando senha e CPF, no http://sistemasenem2.inep.gov.br/localdeprova.

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