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Aspectos principais da obra

Publicado na segunda metade do século 19, o romance Inocência pertence à vertente do Romantismo conhecida como regionalismo romântico, caracterizada por apresentar paisagens, costumes e comportamentos típicos de determinadas regiões do Brasil. É nesse aspecto, aliás, que a obra se aproxima do Realismo. Os aspectos do Romantismo podem ser percebidos nos temas trabalhados pelo autor: a idealização do amor e o final trágico.

O dualismo na obra também está presente no enredo e na linguagem. Há uma nítida oposição entre o mundo rural, representado por Pereira, e o mundo urbano, na figura de Meyer. Também há um mescla entre a linguagem culta (expressa pelo narrador) e a linguagem regional (especialmente no discurso de Pereira).

GêneroRomance

NarradorEm terceira pessoa e onisciente.

Personagens principaisPereira: Pai de Inocência. Homem rude, com visão machista e patriarcal, como demonstra o trecho a seguir: "Esta obrigação de casar as mulheres é o diabo! Se não tomam estado, ficam juraras e fanadinhas...; se casam podem cair nas mãos de algum marido malvado... E depois, as histórias! Ih meu Deus, mulheres numa casa, é coisa de meter medo... São redomas de vidro que tudo pode quebrar... Enfim, minha filha, enquanto solteira, honrou o nome de meus pais... O Manecão que se agüente, quando a tiver por sua .. Com gente de saia não há que fiar... Cruz! botam famílias inteiras a perder, enquanto o demo esfrega um olho."Inocência: Bela, pura e ingênua. É um exemplo de idealização romântica.Meyer: Naturalista alemão que pesquisa os insetos da flora brasileira. Representa o mundo urbano e civilizado, que se opõe à concepção machista de Pereira. Essas duas visões de mundo entram em conflito quando Meyer elogia a beleza de Inocência. O que para ele é algo normal, corriqueiro, para Pereira representa uma ofensa, uma transgressão da boa conduta dentro de uma casa de família.Cirino: Homem bom, mas fraco, que se auto-intitula médico quando na verdade não passa de um curandeiro. Apaixona-se por Inocência e é assassinado por Manecão.Manecão: Homem rude e violento para quem Inocência está prometida.Tico: Anão mudo que vigia Inocência.

TempoA narrativa se desenrola em meados do século 19.

EspaçoSertão do Mato Grosso.

Fonte: João Amálio Ribas, professor em Curitiba do Acesso e do Bom Jesus e, em Ponta Grossa, dos colégios Marista e Sagrada Família.

Veja a questão elaborada pelo professor João Amálio Ribas

A partir do Romantismo, uma tendência nacionalista haveria de se consolidar no romance brasileiro. Gra­dativamente o público leitor interessa-se por romances de aventuras românticas que tivessem como ambiente o cenário brasileiro. Assim, o regionalismo romântico, já presente nas obras de José de Alencar, ganha fôlego com o surgimento de obras como Inocência, de Visconde de Taunay, publicada em 1872. A respeito desta obra, analise as seguintes proposições:

I. "Bem formado era o coração daquele moço, sua alma elevada e incapaz de pensamentos menos dignos; entretanto no íntimo do seu caráter se haviam insensivelmente enraizado certos hábitos de orgulho, repassado de tal ou qual charlatanismo, oriundo não só da flagrante insuficiência científica, como da roda em que sempre vivera."

Esta descrição da personagem Cirino mostra certa inadequação à idealização romântica de caracteres, tão frequente nesta escola literária. Entretanto, tal inadequação se dissipa ao longo do romance, já que, no transcorrer da narrativa, seja na afeição que Cirino devota à Inocência, seja nas atitudes castas de seu amor, seja na sua morte repleta de nobreza, o perfil de Cirino se mostra em conformidade com a idealização romântica.

II. "Esta obrigação de casar as mulheres é o diacho!... Se não tomam estado, ficam jururus e fanadinhas...; se casam, podem cair nas mãos de algum marido malvado... E depois, as histórias! Hi, meu Deus, mulheres numa casa é coisa de meter medo... São redomas de vidro que tudo pode quebrar (...) O Manecão que se aguente, quando a tiver por sua... Com gente de saia não há que fiar... Cruz! botam famílias inteiras a perder, enquanto o demo esfrega um olho."

Na fala da personagem Pereira deixa-se transparecer claramente uma visão machista e patriarcal, corroborada, no romance, pela visão da personagem de Antônio Cesário, padrinho de Inocência. No entanto, contrapõem-se a esta postura o próprio narrador e também a personagem do naturalista alemão Meyer.

III. "Ah! desculpe-me, replicou o outro rindo-se, nem sequer o saudei... Sou mesmo um estabanado... Deus esteja convosco. Isto sempre me acontece... A minha língua fica às vezes tão doida que se põe logo a bater-me nos dentes... que é um Deus nos acuda e... não há que avisar: água vai! Olhe, por vezes já me tem vindo dano, mas que quer? É sestro antigo... Não que eu sela malcriado, Deus de tal me defenda, abrenúncio; mas pega-me tal comichão de falar que vou logo, sem tir-te, nem guar-te, dando à taramela...

A volubilidade com que foram ditas estas palavras causou certo espanto ao mancebo e o levou a novamente encarar o inopinado com­panheiro, desta feita com mais demora e ar menos altivo."

Com relação à linguagem, o romance Inocência apresenta um elemento inovador que seria muitas vezes retomado em nossa literatura, inclusive por modernistas como Graciliano Ramos e Jorge Amado. Tal elemento é a incorporação da linguagem regional, do coloquialismo e da oralidade na feitura do discurso literário. Percebe-se esta linguagem abrasileirada no trecho acima e ao longo de todo o romance, principalmente nas falas das personagens.

Exemplo disto está no trecho transcrito acima, em que a personagem Cirino se apresenta ao fazendeiro Pereira, pai de Inocência.

Estão corretas as proposições:

a) Apenas I e II.b) Apenas II e III.c) Apenas I e II.d) Apenas I.e) Apenas II.

Resposta: c)

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