O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (16) na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, que não tirou a responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) quanto aos problemas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano.
Ele foi questionado pela senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), autora do convite para que comparecesse à comissão, por ter supostamente minimizado os erros no exame.
Ela mencionou uma entrevista do ministro na edição desta semana da revista "Época" na qual ele afirma que o Inep está "isento de qualquer responsabilidade" em relação aos erros na aplicação das provas do Enem.
"Não tirei a responsabilidade do Inep. Não existe hipótese de o Inep varrer o problema para baixo do tapete. Às vezes, nossas palavras não são reproduzidas corretamente após uma entrevista", disse o ministro.
Haddad ressaltou a importância que o exame ganhou nos últimos anos, quando passou a ser usado, por exemplo, no programa de bolsas universitárias financiadas pelo governo, o Prouni.
Ele afirmou que o aperfeiçoamento do Enem é a única solução para o modelo de vestibular tradicional, que está ultrapassado, segundo ele.
"Estou convencido de que não há outro caminho a seguir, a não ser superar esse anacronismo da realidade educacional brasileira, que é o vestibular tradicional", disse.
Segundo a perguntar, o senador Roberto Cavalcante (PRB-PB) questionou Haddad sobre as gráficas responsáveis pela impressão das provas do Enem em 2009 e 2010, Plural e RR Donnelley Moore, que seriam as duas únicas com capacidade para atender à demanda de mais de 3 milhões de estudantes em todo o Brasil. "Está constatado que o duopólio não deu certo. Em um ano, uma errou; no ano seguinte, a outra errou", disse o senador.
"O problema, na minha opinião, se resolve com mais de uma edição do exame ao longo do ano, como aliás estava programado para termos neste ano. Isso vai permitir que outras empresas (gráficas) entrem na disputa, e que o Enem tenha, assim, mais parceiros", afirmou Haddad na resposta.
Para o ministro, as duas gráficas foram testadas. "A primeira, no ano passado, em que houve uma falha na segurança. A segunda, neste ano, com o problema de impressão em algumas provas. São as duas únicas capazes de imprimir [a grande demanda do Enem] com segurança no Brasil", afirmou.
Haddad disse que, em 2009, foram realizadas três provas distintas: a primeira em 5 e 6 de dezembro, após a remarcação devido ao vazamento do exame, e outras duas em datas posteriores, para estudantes presidiários e para alunos do Espírito Santo que não receberam a prova na data certa em razão de problemas de logística.
Mesmo assim, segundo ele, esse fato não levantou dúvidas quanto à utilização de três provas diferentes para a avaliação do desempenho.
"Nosso número estimado de prejudicados continua em 0,1% dos alunos no Brasil", afirmou. Cerca de 3,3 milhões de estudantes fizeram a prova neste ano. A porcentagem indicada por Haddad equivale a 3,3 mil alunos. Na semana anterior, o ministério indicou que a estimativa era de que menos de 2 mil estudantes foram prejudicados com os erros de impressão.
"Eu recebi milhares de e-mails quando fiz o convite para o senhor ministro falar na comissão, e me preocupei porque as pessoas já estavam descrentes do exame", disse a senadora Marisa Serrano, vice-presidente do PSDB.
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