No próximo domingo, os 14.087 convocados para a segunda fase do vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estarão a postos para encarar mais desafios. Desta vez, sem questões de múltipla escolha. Todos terão de mostrar habilidade para responder a prova de Compreensão e Produção de Textos. No dia seguinte, parte deles continua a maratona diante das questões abertas das provas específicas, que exigem conhecimento mais aprofundado, fôlego e concentração para discorrer sobre os temas propostos.
A prova de Redação será composta por cinco questões discursivas que somam 60 pontos. Com exceção dos candidatos a 29 graduações e ao Curso de Formação de Oficiais, o restante dos estudantes ainda terá pela frente, na segunda-feira, uma ou duas provas específicas de Física, Matemática, Química, Biologia, Geografia, História, Sociologia, Filosofia, Design e/ou Arquitetura , cada uma valendo 40 pontos e com dez questões discursivas.
O vestibular costuma cobrar do candidato posicionamento para problemas sociais e soluções para eles. Diante disso, para a Redação, os professores entrevistados apostam em temas como corrupção, maioridade penal, investimentos na Copa do Mundo, pichação e mobilidade urbana. Outros temas recentes, como a espionagem dos Estados Unidos e as manifestações que tomaram conta do Brasil, também podem aparecer.
Cuidados
De acordo com Iara Bemquerer Costa, coordenadora da elaboração de provas do Núcleo de Concursos da UFPR, os candidatos devem respeitar o espaço sugerido para as respostas em todas as provas e questões. "Quando é previsto um espaço de três linhas, por exemplo, é porque o que se espera é algo que pode ser dito em três linhas. A pessoa acha que, se escrever dez linhas e usar as margens, vai ter avaliação melhor, mas acaba se prejudicando. Quem ultrapassa as linhas mostra que não é capaz de apontar o essencial e, com isso, perde pontos", afirma.
A partir dos textos produzidos, a UFPR avalia a intimidade do candidato com diferentes gêneros textuais, a organização das ideias, a coerência, a coesão, o domínio da língua e o respeito às normas ortográficas. Quem é bom leitor acaba se dando bem, segundo Cleuza Cecato, professora de Redação do Colégio Bom Jesus, que sugere que estudantes treinem pesado nestes dias que antecedem a prova. "É interessante ler em voz alta o que escreveu, se perguntando se completou o raciocínio ou se algum trecho ficou vago", diz.
Outra dica é cuidar com a letra. "Havia um mito de que não podia letra de forma, mas o aluno é livre. Tem de escrever com o tipo de letra que se sinta à vontade para o texto ficar agradável, legível e bem articulado", conta Cleuza, lembrando que é preciso sempre diferenciar maiúsculas e minúsculas.
Gêneros: o que deve pintar
No site do Núcleo de Concursos da UFPR (www.nc.ufpr.br), estão disponíveis as últimas provas e os critérios de correção das questões. Iara Bemquerer Costa recomenda que os estudantes confiram os critérios do último concurso do Litoral por estarem mais detalhados. Confira os gêneros mais cobrados:
Transposição de discurso
Geralmente a partir de uma entrevista, o estudante deve contar o que foi dito, usando verbos declarativos, como "afirmou", "esclareceu" ou "argumentou". Segundo Cleuza Cecato, é preciso atenção ao enunciado, que pode pedir a transposição de toda a entrevista ou a reprodução só da opinião do entrevistado.
Opinião e progressão textual
Um dos mais recorrentes nas provas, o texto opinativo pode exigir um texto completo, com a opinião do candidato, ou a complementação de uma ideia inicial. Na progressão textual, é preciso sustentar o estilo do texto prévio e seguir a redação conforme as ideias apresentadas. Se o texto é mais irônico, mais debochado ou mais sério, deve-se manter o mesmo nível de linguagem, mesmo que não concorde com o que foi dito.
Resumo
As ideias principais precisam ser reescritas de forma breve e fiel, mas sem copiar frases inteiras do texto original. É indispensável fazer referência à fonte das informações. O crédito pode aparecer no início e ser retomado ao longo do texto, ao enfatizar alguma ideia.
Tirinha e charge
Recursos como ironia, ambiguidade e paradoxo costumam rechear as tirinhas e cabe ao estudante identificar a intenção do autor e a relação entre o recurso exposto e o cenário político, cultural ou econômico retratado. "O aluno tem de ver publicações em jornais e ir percebendo qual linguagem os chargistas usam, como se posicionam, como fazem com que o desenho assuma um sentido figurado e critique um assunto sério", diz Cleuza.
Carta
O enunciado pode pedir uma carta para alguém da própria família, um governante ou até para um veículo de comunicação. O importante é conversar com naturalidade ao longo do texto. O fechamento deve ter ideia de despedida, exigência de providências, ou agradecimento pela atenção. É necessário colocar sempre o vocativo, mas a assinatura não deve conter o nome do aluno.
Gráficos e tabelas
A interpretação de gráficos, tabelas ou mapas serve para testar se o aluno sabe fazer constatações e projeções a partir dos dados apresentados. É bom ter cuidado ao detectar o tema do gráfico e o que ele indica, além de ter uma boa articulação sintática, com um texto fluído e bom de ler.