A mestranda em Zoologia Pollyana Costa considera a remuneração baixa: “Fora que não existe nenhum benefício"| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

Apesar do crescimento de concessão de bolsas de mestrado e doutorado no país – em 2009 foram 45.065 benefícios ante 40,8 mil em 2008, somente pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), um aumento de 10,4% –, uma reclamação é constante entre os pesquisadores: os valores destinados ao aluno (R$ 1,2 mil mensais para mestrado e R$ 1,8 mil para doutorado) são insuficientes. Outra questão também divide a área: a portaria do dia 15 de julho da Capes e do Con­selho Na­­cional de Desenvolvimento Cien­tífico e Tecnológico (Cnpq), que permite ao bolsista exercer atividade remunerada relacionada com a área, pode atrapalhar a qualidade final da pesquisa.

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"Acho pouco (o valor). A gente se dedica bastante e acumular mais um trabalho pode dificultar. Fora que não existe nenhum benefício como 13.º salário, férias ou previdência", afirma a mestranda em Zoologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR)Pollyana Patrício Costa, bolsista da Capes. Com bolsa desde o início do mestrado, o doutor em ciências biológicas pela UFPR Luiz Roberto Ribeiro Faria Júnior acaba de ingressar no pós-doutorado (também com benefício, de R$ 3 mil) e avalia que os valores são baixos, principalmente para quem sai da cidade de origem para estudar. "Comparando com a realidade salarial do país, é ótimo. Mas existem custos extras além das despesas comuns", diz.

Neste ano, a UFPR concedeu, em média, 1,8 mil bolsas de mestrado e doutorado e o número aumenta em aproximadamente 50 benefícios por ano, segundo o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação Sérgio Scheer. Um ritmo que, para ele, "pode ser considerado chinês". No entanto, Scheer concorda que os valores poderiam ser melhores. "É pouco para a qualificação que eles têm. Mas, como ainda há o pensamento de que estas pessoas ‘só estudam’, é difícil de existir um incremento, apesar do reajuste concedido em 2008". Antes do aumento, o benefício era de R$ 940 para mestrandos e de R$ 1.394 para doutorandos.

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Na Universidade Estadual de Maringá (UEM), o índice de alunos não bolsistas é de 21% no mestrado e de 9,5% no doutorado. No início deste mês, a universidade recebeu mais 155 bolsas da Capes, passando para quase 600. Para o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação, Benedito Prado Dias Filho, as novas concessões ajudaram a suprir a defasagem de anos anteriores, mas trabalhar enquanto se pesquisa pode gerar prejuízos. "A pessoa que não exerce outra atividade normalmente tem um rendimento melhor e cumpre o trabalho final no tempo determinado."

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Na contramão da "fartura" de bolsas nas universidades públicas, as privadas reclamam do pouco investimento, já que a Capes impõe como condição obrigatória para concessão o ensino gratuito. "Apesar de a Capes ter programas para particulares, a medida exclui. O que é contraditório, pois a mão de obra formada vai contribuir para o desenvolvimento do país", ressalta o diretor de pesquisa da Universidade Positivo, Marco Aurélio Carvalho. Entre os 150 alunos de mestrado e doutorado, há apenas dois bolsistas (do Cnpq, cujo vínculo é diretamente com o pesquisador). O diretor de pesquisa e pós-graduação da PUCPR, Waldemiro Gremski, acredita que essa política "penaliza as privadas". "O aluno perde duas vezes, pois tem de pagar pelo programa e não tem benefício."

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