Os temidos e engraçados personagens

Charges e tiras estão sempre entre as apostas dos vestibas que fazem as provas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Nos últimos dez anos, elas marcaram presença em 90% dos testes, segundo análise feita pela Gazeta do Povo nas edições de 2003 a 2012. E a tendência é de que esse número aumente nos próximos anos.

Além de unir imagem e texto, esse tipo de recurso de linguagem abre espaço para que a prova cobre do estudante conhecimento geral amplo e atualizado sobre o que ocorre no mundo.Há cerca de cinco anos, os personagens caricatos eram quase exclusivos das provas de Redação, idiomas e Língua Portuguesa. Hoje, embora ainda apareçam com mais frequência nessas provas – 75% dos casos –, charges e tiras também estão em questões de outras áreas, como História e Geografia.

Dificuldades

Entender os desenhos pode parecer tarefa simples, mas, segundo o professor de Português do curso Acesso João Filipe de Souza Magnani, esse é um dos grandes temores dos vestibulandos. "O adolescente tem dificuldade em compreender porque elas requerem certa malícia, cultura e conhecimento geral, que não se adquire em apenas um ano de estudo."

A dica para reverter esse quadro é treinar com algumas tiras que costumam aparecer mais, como Mafalda, de Quino; Frank e Ernest, de Bob e Tom Thaves; e Hagar, de Dick Browne. Entre os três, a Mafalda é a campeã no Enem e na UFPR. "Ela chama a atenção porque tem uma temática política muito forte, sem contar a ironia e seu jeito contestador e engajado. É exatamente isso que os examinadores buscam quando optam por esse tipo de recurso", diz o professor de Língua Portuguesa do Dom Bosco Sergio Degrande.

Independentemente do cartunista ou do personagem, o estudante deve procurar a ironia e o duplo sentido nas tiras. É preciso olhar a imagem buscando uma leitura subliminar, pois é exatamente nisso que está a grande sacada da imagem e é onde costuma estar a resposta para a questão.

De olho nos jornais

De todas as tiras e charges que caíram nos últimos dez anos de provas do Enem e da UFPR, 60% foram retiradas de jornais ou sites de notícias. Por isso, os professores sugerem a leitura de jornais e revistas como um bom caminho para quem se sente inseguro com esse tipo de linguagem.

Vale lembrar que o estudante não deve lê-las pensando que pode cair alguma igual na prova. A ideia é servir de treino, ou seja, quanto mais o candidato se acostumar a fazer a leitura de imagens, mais ele ganhará agilidade e terá boas sacadas na hora da prova.