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São Paulo

Eles querem ir mais longe

Entre as duas fases da UFPR também são realizados os processos seletivos da Universidade de Campinas (Unicamp) e da Universidade de São Paulo (USP), que estão entre os maiores e mais concorridos do Brasil. Estas universidades possuem um grande reconhecimento da comunidade acadêmica até mesmo fora do país e aparecem entre as melhores universidades do mundo no Ranking Mundial de Universidades 2010/11 da Times Higher Education.

Isso atrai vestibulandos de todas as partes do país e não seria diferente com os alunos daqui do Paraná que buscam mais uma chance de ingressar no ensino superior."É bom fazer um vestibular grande, de uma universidade de renome e poder confiar no processo de uma universidade que está entre as melhores do mundo", afirma Lucas Zapater, de 18 anos, aluno do Curso Dom Bosco, que vai tentar uma vaga no curso de História da USP.

O vestibular da Unicamp foi aplicado ontem e, neste ano, contou com mais de 57 mil inscritos. Destes, 645 declararam residência no Paraná. A prova da Fuvest (processo seletivo para a USP) será realizada no dia 28 e tem mais de 132 mil inscritos. Eles farão os testes em 19 cidades, incluindo Curitiba, onde 1.106 candidatos devem fazer a prova. Um deles é Lucas, que tenta entrar na USP pela terceira vez. "Neste ano as provas serão aplicadas em Curitiba, o que facilitou minha vida, porque não vou precisar viajar", conta ele, cuja família é do interior de São Paulo. Como os conteúdos são diferenciados, Lucas já montou sua estratégia de estudos. "Depois da primeira fase da federal eliminei dos estudos o que eu não vou precisar na segunda fase e estou me preparando para a Fuvest. Cada vestibular tem seu foco, e a gente tem de ter calma para analisar os conteúdos a que dar uma atenção maior", explica.

Taynara Aires Muller, de 20 anos, pretende cursar Farmácia Bioquímica na USP e está se dedicando muito. A lista de obras obrigatórias traz dez livros diferentes das obras cobradas pela UFPR. "Li todos e mesmo assim tive um pouco de dificuldade na interpretação. Pedi ajuda para os professores para conseguir me focar na USP", explica. Taynara ainda fará provas em mais quatro universidades fora de Curitiba, pois pretende mudar de ares e buscar um novo mercado de trabalho. Por isso, a maratona de vestibulares só deve terminar em janeiro. "Quando você tem várias opções, pode escolher com mais tranquilidade a melhor universidade para estudar. As férias vão ficar um pouco comprometidas, mas entrar numa boa faculdade é uma ótima recompensa", afirma.

CARREGANDO :)

As poucas semanas que separam as provas da primeira e segunda fases do vestibular da Uni­­ver­­sidade Federal do Paraná (UFPR) não significam folga para os vestibulandos. Muito pelo contrário. Nos dois fins de semana muitas instituições realizam suas provas e quem optou por mais estes processos seletivos vai precisar de fôlego extra para continuar a maratona de provas.

"Mesmo depois da primeira fase da Federal vou continuar tendo aulas para outros testes", conta Lislaine Cruz Batista, de 18 anos, aluna do Curso Positivo, que prestou, ontem, o vestibular da Fa­­culdade Evangélica para Medicina. Ela vai fazer outras provas, mas só em Curitiba, pois não pretende estudar em outra cidade. Entre as particulares a Evangélica é a prioridade. "É uma faculdade bastante tradicional e com um número menor de alunos. Mesmo assim, o foco principal é a Federal."

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Assim com a Evangélica, outras instituições como a Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Faculdades do Brasil (Unibrasil) e a Faculdade Espírita também realizaram suas provas neste domingo. A definição da data é estratégica, sempre evitando coincidências com o calendário da UFPR, o que poderia diminuir o número de inscritos. "Todos querem fazer Federal. Nós pautamos nosso vestibular pela data dela também para dar uma outra opção e uma nova oportunidade para os alunos. Acaba sendo bom pra todo mundo", explica Antônio Carlos Coelho, presidente da comissão do processo seletivo da Evangélica.

No próximo fim de semana, nos dias 27 e 28 de novembro, outras universidades realizam seus processos seletivos e os vestibulandos têm mais provas pela frente. É o caso da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), do Centro Uni­­versitário Curitiba (Uni­­curitiba) e das Faculdades Santa Cruz. Rodrigo Louzano, de 17 anos, aluno do Curso Dom Bosco, vai prestar o vestibular do Unicuritiba para Direito e afirma esta é sua prioridade, e não a UFPR. "O curso de Direito lá é muito bem reconhecido. Tenho amigos que fazem e falam muito bem de toda a estrutura. Na Federal sempre há problemas e também existe a insegurança de uma possível greve dos professores", explica.

Provas diferentes

Além desse fôlego a mais para realizar provas toda semana, os vestibulandos precisam se adaptar aos diferentes processos seletivos. Cada universidade tem um determinado número de questões, estilo de perguntas e também conteúdo diferente do vestibular da UFPR. Na prova do Unicuritiba, Ro­­drigo não terá de resolver questões de Física e Química, o que para ele é uma vantagem. "Assim posso me focar mais nas disciplinas da área de Humanas. Como a prova tem questões discursivas e o gabarito é de verdadeiro e falso, estudei bastante resolvendo provas de outros anos para me adaptar", conta.

Já na opinião de Lislaine, quem estuda para a prova da federal já pode se sentir preparado para ou­­tros vestibulares, pois o conteú­­do é bastante abran­­gente. "Mes­­mo as­­sim, a prova da Evangélica é bem diferente e também muito difícil. Por isso estudei as provas anteriores para me preparar", explica.

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Na parte de Litera­tura, nem todas as fa­­culdades tem uma lista de livros obrigatórios e acabam cobrando o conteúdo referente às escolas literárias brasileiras dentro das questões de Língua Portu­gue­­sa. "Em nossa prova colocamos um texto de uma obra literária normalmente abordada no ensino médio. Assim, o aluno tem sempre o texto como apoio e a partir disso tem condições de responder às questões", afirma Sidnalva Maria dos Santos Wawzyniak, diretora da área de Ciências Humanas, Letras e Arte da UTP. Esse também é o caso da prova das Faculdades Integradas "Espírita". "Nós damos a possibilidade do aluno explorar um conhecimento mais amplo da Literatura, não apenas de obras específicas. Isso também permite que ele use a bagagem literária que já tem", afirma Fernando Schinimann, coordenador do processo seletivo da instituição.

Em algumas instituições a co­­brança de obras específicas para a prova de literatura segue as mesmas indicações das obras da UFPR, o que acaba ajudando os vestibas, que muitas vezes estão saturados de leituras. "Os livros da lista da Federal são escolhidos por grandes especialistas na área. Conside­ra­­mos que eles representam uma excelente escolha. Escolher um subconjunto dessa lista abre a possibilidade de que sobre um tempo para o estudante", afirma Wanda Camargo, presidente da Comissão do Processo Seletivo das Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil), que adota cinco livros de leitura obrigatória.

Ela explica ainda que, apesar das diferenças, atualmente uma preocupação comum nas instituições é apresentar uma prova mais contextualizada, que cobre os conteúdos do ensino médio aplicados a situações do cotidiano. "Nosso objetivo é aproximar a prova cada vez mais dos eixos do Enem. A preocupação é pensar uma avaliação menos no decorar e mais na capacidade de raciocínio e de argumentação, diz Wanda.