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Coletânea de contos e crônicas em que o pré-modernista Monteiro Lobato inaugura um tipo de regionalismo crítico e mais realista do que o pitoresco e fantasioso praticado anteriormente, no Romantismo. A crônica que dá título ao livro, Urupês, traz uma visão depreciativa do caboclo brasileiro, o "fazedor de desertos", estereótipo contrario à visão romântica dos autores modernistas.

Assista à análise em vídeo, feita pelo professor Fábio Bettes

Apesar de Monteiro Lobato representar a transição entre o Realismo/Naturalismo e as correntes do Modernismo, o autor se indispôs profundamente com os escritores modernistas da primeira geração, que responderam a Urupês com a obra Juca Mulato, de Menotti del Picchia. Entre os traços típicos de Monteiro Lobato, estão o tom moralizante e didático que também aparece nas obras infantis do autor, além de sua obsessão pela linguagem e gramática

Narrador

Varia entre primeira e terceira pessoa. Na explicação do mestre em Literatura Enio José Ditterich, o típico narrador de Monteiro Lobato é aquele "contador de causos", um personagem que ouviu a história que está reproduzindo.

Personagens

Monteiro Lobato apresenta o homem como produto do meio, e utiliza traços do expressionismo alemão para compor muitos dos personagens de Urupês, incluindo o caboclo Jeca Tatu da crônica-título do livro. "Dentro da estética expressionista, o mais evidente é o Bocatorta, criatura grotesca apresentada em um dos contos do livro, semelhante ao Corcunda de Notre Dame", compara Enio Ditterich. Tipos oportunistas, como o malandro vigarista, estão presentes em Urupês, como no conto O comprador de Fazendas. Ênio sugere atenção redobrada na leitura da crônica que nomeia o livro, mas avisa que é preciso compreender muito bem o contexto histórico-social brasileiro do período a que pertenceu Monteiro Lobato, pois o autor está intimamente relacionado a ele.

TempoEstá vinculado ao período do autor, portanto retrata o Brasil das primeiras décadas do século XX. "Costumo dizer que Monteiro Lobato é o homem que inventou a máquina do tempo, porque suas descrições minuciosas de um Brasil primitivo, arborizado e provinciano fazem o leitor ser transportado para o período em que a história é narrada", revela Enio Ditterich.

EspaçoEm Urupês, o espaço é bem definido, enfocando a paisagem do interior do estado de São Paulo, onde nasceu o autor. Lobato faz uma descrição detalhada da geografia, fauna e flora da região, o que pode ser enfadonho especialmente para o leitor urbano. "Por conta da destruição do meio ambiente, muitas espécies descritas pelo autor em Urupês já não existem mais e, portanto, são desconhecidas do leitor mais jovem", avalia. Nesse sentido, a obra está presa a seu tempo e espaço particulares. Mas, se o leitor tem conhecimento e curiosidade, irá descortinar um novo mundo", afirma. Para Enio Ditterich, Monteiro Lobato tinha uma postura altamente ecológica bem antes deste termo estar na moda.Fonte: Enio José Ditterich, mestre em Literatura Brasileira pela UFPR.

Livros UFPR 2011/2012 | 3:21

A coletânea de contos e crônicas de Monteiro Lobato traz uma visão depreciativa do caboclo brasileiro, o "fazedor de desertos", estereótipo contrario à visão romântica dos autores modernistas. Assista à análise do professor Fábio Bettes

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