O estudante June Alison Westard Cruz, 29 anos, percorreu um longo caminho desde que se formou. Após concluir a graduação, fez especialização, mestrado e agora cursa o doutorado. Mas demorou para descobrir que poderia usar ferramentas on-line de pesquisa para ter acesso a bibliotecas e conteúdos de outras universidades do país e até de fora, atividade fundamental para quem quer se tornar não só pesquisador como um bom profissional.
"É uma pena ter usado pouco isso antes de me formar. Não damos muita importância no começo do curso, mas quando chega no final vemos o quanto poderíamos ter usado informações para nossos trabalhos", afirma.
As possibilidades de troca de material entre as diversas universidades ganham novos formatos a cada dia, com o objetivo de atender a estudantes de todas as etapas de ensino.
Desde o final de abril, universitários do país inteiro podem, por exemplo, ter acesso aos conteúdos dados em sala de aula na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), uma das maiores do Brasil. Dez cursos de graduação liberam na internet materiais usados pelos professores.
O projeto é uma parceria com o portal Universia, uma rede que reúne mais de mil instituições de ensino superior de países ibero-americanos. "Queremos que estudantes de outros lugares e também professores saibam o que estamos fazendo na nossa instituição. Funciona como uma vitrine, mas ajuda também nos estudos de muitos alunos", explica o coordenador do Núcleo de Informática Aplicada à Educação da Unicamp, José Armando Valente.
O que vai ao ar é escolhido pelos professores de cada curso, mas não necessariamente são colocadas todas as aulas da disciplina. Segundo Valente, os docentes publicam apostilas, apresentações em PowerPoint ou videoaulas. Os conteúdos são atualizados e modificados ao longo do ano.
Como o projeto é muito recente, apenas alguns cursos das áreas de Saúde, Exatas e Humanas participam. A ideia é ampliar a oportunidade para todas as graduações da Unicamp, que é a primeira instituição pública de ensino superior a participar do projeto.
Segundo Valente, não são só os estudantes universitários que podem aproveitar o conteúdo. "Os alunos do ensino médio que ainda não escolheram o curso ou a instituição de ensino podem conhecer melhor o que os acadêmicos aprendem em sala", diz.
Pesquisas
Além de assistir a aulas preparadas por professores universitários, os estudantes podem usar a internet para encontrar estudos acadêmicos. A coordenadora técnica do sistema de bibliotecas da PUCPR, Sandra Helena Schiavon, explica que algumas universidades apresentam convênios com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que agrega uma enorme variedade de produções acadêmicas de todo país.
"Nós da PUC temos acesso a toda produção da Capes, mas não são todas as instituições que oferecem essa possibilidade. Depende do desempenho dos cursos oferecidos", diz. Os alunos podem acessar o banco de dados na biblioteca da universidade.
Mais opções
Outros sistemas são gratuitos e não requerem qualquer tipo de convênio. Um deles é o site Indexação Compartilhada de Artigos e Periódicos (Icap), que pode ser acessado por meio do portal da PUCPR, mas é aberto a qualquer interessado. "É uma reunião de bibliotecas do Brasil inteiro, que compartilham seus artigos acadêmicos. Se o aluno não conseguir ver o artigo na íntegra, pode preencher um formulário no site e fazer a solicitação", explica Sandra.
Também existem portais com conteúdos mais específicos, como na área de Saúde, um dos segmentos com maior produção científica do país. Um desses sites é o Índice da Literatura Científica e Técnica da América Latina e Caribe (Lilacs). Lá o estudante encontra tanto artigos publicados em revistas específicas como teses (doutorado) e dissertações (mestrado).