Em sua terceira tentativa de se eleger prefeito de São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos) tem apresentado bom desempenho nas pesquisas eleitorais. Em duas delas – do Ibope e do Datafolha –, Russomanno aparece na liderança, com 24% e 29% das intenções de voto, respectivamente.
O atual prefeito Bruno Covas (PSDB) aparece em segundo lugar nos dois levantamentos, registrando 18% das intenções de voto na pesquisa do Ibope e 20% na do Datafolha (veja a metodologia de todas as pesquisas citadas no final desta reportagem).
A única exceção até agora foi a pesquisa do Instituto Ideia, em parceria com a revista Exame, que apontou um empate técnico entre Russomanno e Covas (com 21% e 22% das intenções de voto, respectivamente).
Em 2012, Celso Russomanno também liderava nas pesquisas, mas perdeu a eleição
Os números positivos, entretanto, parecem um déjà vu: nas outras ocasiões em que disputou o Executivo municipal, Russomanno também aparecia como favorito nos primeiros levantamentos. Nas eleições de 2012, ele chegou a ter 35% das intenções de voto em pesquisa do Datafolha, divulgada em 20 de setembro daquele ano.
Em outra pesquisa, publicada pelo Ibope em 13 de setembro de 2012, Russomanno aparecia com os mesmos 35% – vantagem considerável em relação ao segundo colocado, José Serra (PSDB), que tinha 19%.
Naquele ano, porém, Russomanno não chegou sequer ao segundo turno. Com 21,6% dos votos, ele ficou em terceiro lugar. O pleito acabou sendo decidido entre Fernando Haddad (PT) – que venceu as eleições, com 55,6% dos votos – e José Serra (PSDB), que teve 44%.
Em 2016, outro terceiro lugar
Quatro anos depois, o mesmo padrão se repetiu. No final de agosto, em pesquisas realizadas pelo Datafolha e pelo Ibope, Russomanno aparecia na liderança, com 31% e 33% das intenções de voto, respectivamente.
O deputado, entretanto, acabou novamente em terceiro lugar, obtendo 13,6% dos votos. Fernando Haddad (PT) ficou em segundo, com 16,7%. Naquele ano, João Doria (PSDB) foi eleito no primeiro turno, com 53,29%.
Russomanno vai desafiar a sina em 2020?
A experiência indica que, apesar do sucesso nas eleições proporcionais – o apresentador de TV já foi eleito deputado federal em seis ocasiões, afinal –, disputas majoritárias como a da prefeitura não são o forte de Russomanno. Mas, em 2020, há um fator surpresa: o apoio do presidente Jair Bolsonaro.
Bolsonaro chegou a pessoalmente intervir para que Marcos da Costa, do PTB, desistisse da candidatura própria e, assim, compusesse a chapa de Russomanno. Antes da definição, o deputado chegou a cortejar Joice Hasselmann (PSL) para o posto de vice, mas o PSL não abriu mão da candidatura individual.
O presidente também fez afagos públicos a Russomanno nas redes sociais, compartilhando um post feito pelo candidato a prefeito no Twitter. O postulante do Republicanos conta, ainda, com apelo junto ao público evangélico.
Rodrigo Prando, sociólogo e cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirma que há a possibilidade de que a campanha de Russomanno desidrate e ele não vá para o segundo turno. "Mas, nesse momento, temos que avaliar o quanto vai ser positivo para ele ter o apoio de Bolsonaro, ou o quanto a presença do presidente pode significar, na verdade, uma perda de votos", diz.
Isso porque o apoio do presidente não é, necessariamente, um trunfo na eleição da capital paulista. A mesma pesquisa do Ibope que mostrou Russomanno com 24% das intenções de voto apontou, também, que 47% dos paulistanos avaliam a gestão de Bolsonaro como ruim ou péssima. Outros 24% consideram a administração regular, enquanto 27% avaliam o governo como ótimo ou bom.
Prando salienta, porém, que, do outro lado, Bruno Covas (PSDB) terá o apoio de João Doria (PSDB), que também divide opiniões. "O cenário para Covas pode mudar se São Paulo começar a vacinar as pessoas contra o novo coronavírus antes do restante do Brasil", avalia.
Metodologia das pesquisas citadas
- O Ibope entrevistou 1.001 eleitores de São Paulo, com 16 anos ou mais, entre os dias 14 e 20 de setembro. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no TRE-SP com o protocolo SP‐04089/2020. O levantamento foi contratado pela Associação Comercial de São Paulo.
- O Instituto Datafolha ouviu 1.092 eleitores de São Paulo, presencialmente, entre os dias 21 e 22 de setembro. A pesquisa foi encomendada pelo jornal Folha de S. Paulo. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. O número de registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é SP-06594/2020.
- O levantamento realizado pelo Instituto Ideia em parceria com a revista Exame ouviu 800 eleitores em São Paulo, por telefone, entre os dias 19 e 22 de setembro. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. O número de registro da pesquisa no TSE é SP-07391/2020.
- Na pesquisa divulgada no dia 20 de setembro de 2012, o Datafolha ouviu 1.802 pessoas entre os dias 18 e 19 de setembro daquele ano. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O número de registro no TSE é SP-00961-2012.
- O Ibope ouviu, para pesquisa divulgada no dia 13 de setembro de 2012, 1.001 entrevistados entre os dias 8 e 13 de setembro daquele ano. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. O número de registro no TSE é SP-00835/2012.
- Já na pesquisa divulgada em 23 de agosto de 2016, o Ibope ouviu 805 entrevistados entre os dias 19 e 22 de agosto daquele ano. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O registro no TSE é o SP-07072/2016.
- Por fim, a pesquisa do Datafolha ouviu 1.092 pessoas nos dias 23 e 24 de agosto de 2016. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O registro no TSE é o SP-01183/2016.
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