Sete candidatos à prefeitura de Curitiba encerraram nesta quinta-feira (5), a série de comícios em praça pública que reuniu, em três eventos, adversários de Rafael Greca (DEM) em atos alternativos à ausência de debates no primeiro turno das eleições. Na Praça Santos Andrade, em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná, e, pela primeira vez, com um número considerável de militantes e cabos eleitorais na plateia, os candidatos endureceram o tom contra o atual prefeito e apelaram pela necessidade de segundo turno nas eleições municipais.
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“Estou muito preocupado com os rumos desta eleição, com esta indiferença. Um afilhado de Beto Richa disputa a eleição para acabar como ele, numa campanha que não existe, com candidatos tirados na véspera. Está tudo definido. Tudo acertado sobre quem vai ser o prefeito, quem vai ser o governador nos próximos 20 anos”, disse João Arruda (MDB) ao abrir o evento. Eloy Casagrande (Rede) subiu ao palanque utilizando um nariz de palhaço. “Essa é a situação do eleitor curitibano e dos candidatos a prefeito em Curitiba. O prefeito nos faz de palhaço, com a população sendo usada pela máquina. Ele foi à rádio dizer que não perde tempo conosco, mas na verdade, ele não tem é coragem de debater”, afirmou.
Camila Lanes (PCdoB) seguiu no mesmo tom. “Essa gente com quem Rafael Greca não dialoga é quem constrói a cidade de Curitiba. A população que faz a cidade crescer não está no centro, não vive no mundo colorido de Rafael Greca. Está nos bairros e é lá que vê e sente a ausência do prefeito”, disse. Lanes também defendeu a maior ocupação de espaços políticos pelas mulheres. “E isso não vai acontecer na gestão de um prefeito que fecha a secretaria da mulher e coloca cílios nos semáforos para ‘comemorar’ o Dia da Mulher”, acrescentou.
Professora Samara (PSTU) aproveitou o espaço para criticar o atual sistema político e o processo eleitoral. “Eleições não vão mudar nossa vida. Os candidatos iludem a classe trabalhadora para depois governar para os grandes empresários. Nós não prometemos governar para todos. Nós vamos governar para os trabalhadores”. Professor Mocellin (PV) pediu para que o eleitor faça seu voto ideológico no primeiro turno, pensando no pragmatismo apenas para o segundo turno. O candidato criticou a soberba de Rafael Greca na disputa. “Eu sou ignorante em muitas coisas, não acho que sei de tudo, como o atual prefeito, e nem tenho a pretensão de ter o monopólio do amor de Curitiba, como ele diz ter”.
Fernando Francischini (PSL) disse que os debates de rua são exemplo para o país. “Temos diferenças ideológicas brutais, mas convivemos em clima amistoso, porque pertencemos a uma sociedade única e debater é viver em sociedade. A polarização estraga a democracia, quando não se aceita quem pensa diferente. Espero, a partir disso daqui, construir pontes para o futuro”, disse. O candidato aproveitou o momento para elencar perguntas que queria fazer a Greca, como por que o prefeito priorizou o auxílio às empresas de ônibus, por que fechou unidades de saúde, quais critérios pautaram o fechamento e a abertura do comércio na pandemia e questões que ainda pretende explorar no seu horário eleitoral: “Quem é Lucas, que trabalha na prefeitura e qual o seu currículo para merecer um salário de R$ 19 mil? E quais as relações de dinheiro público pago a empresas da família Greca?”.
Organizador do ato desta quinta-feira, Paulo Opuszka (PT) encerrou o encontro dizendo esperar tirar dos debates em praça pública uma frente de oposição a Rafael Greca. “Se não fizermos essa frente, não seremos ouvidos pelos próximos 20 anos”, disse. “Ouvi que isso aqui era o debate dos nanicos. Não importa, pois, ao lado da democracia, todos tendem a crescer. Eu não quero ter vergonha de ter fugido do debate. Tenho orgulho de participar, do tamanho que for, da defesa da democracia. Curitiba não é a capital da Lava Jato, é a capital da democracia”, concluiu.
Procurada, a campanha de Rafael Greca informou que não comentaria o debate.
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