Novata em uma disputa eleitoral, Carol Arns (Podemos) concorre à prefeitura de Curitiba com o apoio dos três senadores do Paraná – todos correligionários –, incluindo seu pai, Flávio Arns. Para ela, a capacidade de articulação com o Legislativo, em todas as esferas, e com os demais entes da federação é um diferencial em relação a seus concorrentes. A candidata acredita que chegou o momento de deixar ideologias de lado para encontrar causas comuns. Entre suas propostas, chama a atenção a ideia de implantar a tarifa livre para todos os usuários do transporte coletivo de Curitiba, o que ela garante ser viável. A Gazeta do Povo fez três perguntas à candidata. Veja a seguir:
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O que a diferencia dos demais candidatos à prefeitura de Curitiba que a faria ser a melhor alternativa para o eleitor?
Eu entendo que é a minha capacidade de articulação. Nós estamos diante de uma nova realidade, de novas necessidades. O foco tem de ser geração de trabalho e renda, obrigatoriamente, para o ano que vem. E eu entendo que uma cidade inteligente não é aquela que tem só o poder público inteligente, ou só uma iniciativa privada inteligente, ou só universidades inteligentes. Uma cidade inteligente, que é necessária a partir do ano que vem, é uma cidade que tenha uma articulação inteligente. A gente precisa entender que todos estão do mesmo lado. O poder público tem de parar de ser obstáculo. A gente não tem mais chance para errar, sabe? Então, para que a gente possa ter essa articulação, eu diria que a gente pode estabelecer três quesitos. Primeiro é o diálogo, que é imprescindível e que a gente sabe que a atual gestão não tem. A partir do diálogo, a gente tem de encontrar causas comuns. Estamos vivendo uma polarização muito pesada, no país inteiro. Chegou o momento de a gente deixar a ideologia de lado e encontrar essas causas. E o terceiro ponto é que a gente tem de assumir uma postura política que a cidade nunca teve. Porque muitas vezes se diz “ah, isso não é minha atribuição”. A prefeitura tem de defender quem mora na cidade perante o estado e perante o governo federal. Não podemos fechar os muros dentro do que é responsabilidade do município. O que é essa postura política? É falar com o governo do estado a respeito do ICMS. É acompanhar a reforma tributária no governo federal. É ter uma habilidade política para conversar com deputados estaduais, deputados federais e senadores. E eu conto com o apoio dos três senadores do Paraná: meu pai, Flavio Arns, o senador Alvaro Dias e o senador Oriovisto Guimarães. Muitas pessoas me perguntam “o que eles fariam que não fariam por outro prefeito?” E eu digo que não é essa a linha de raciocínio. É o que eu vou demandar deles que os outros não demandam. Por tudo isso, precisamos de um novo tempo em Curitiba. Uma nova forma de se relacionar com as pessoas. E eu posso dizer que eu tenho formação, tenho sensibilidade social no meu DNA e tenho habilidade política para fazer tudo isso.
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Uma de suas propostas é reduzir a tarifa de ônibus pela metade em dois anos e, conforme seu plano de governo, chegar à tarifa livre ao longo do tempo. Historicamente as gestões que passaram pela cidade não conseguiram sequer conter o aumento da passagem mesmo subsidiando o sistema e contando com recursos do governo estadual. A proposta não pode soar eleitoreira?
Eu diria que, de uma forma errada, as pessoas fogem desse debate. Eleitoreira é a postura de quem foge desse assunto que é tão necessário para a cidade. Existe forma, e a gente vai fazer isso. A gente vai reduzir a tarifa do transporte coletivo pela metade em até dois anos de gestão. É o primeiro passo em direção à tarifa livre. Para propor você precisa dizer como. E quando você diz como, você foge da questão eleitoreira. Então, como a gente vai fazer isso? Primeiro, 15% virão da redução do custo do sistema de transporte. Nós já avaliamos as tabelas do sistema de transporte de Curitiba, e é possível. 15% são as gratuidades que vamos cobrar do governo do estado e do governo federal, que são responsáveis pelas legislações que trazem essa gratuidade. E os 20% que faltam para chegarmos à metade da tarifa, nós faremos parceria público-privada, da seguinte forma: nós aproveitaremos melhor a questão da publicidade nos terminais e pontos de ônibus, mas, acima de tudo, vamos transformar o cartão transporte em multifuncional, com acesso a redes de farmácias e supermercados, e vamos buscar recursos de quem mais tem dinheiro no Brasil e no mundo, que são os bancos. Nós vamos transformar o cartão transporte em um cartão de crédito, e eu me comprometo com você que eu vou conseguir mais do que 20%. A gente precisa de uma gestão mais ousada. As pessoas, os gestores pararam de refletir sobre isso. E a gente está indo para o caminho inverso, quando o nosso norte tem de ser a tarifa livre. E o primeiro passo que a gente vai dar vai ser reduzir a tarifa do transporte coletivo em 50% em até dois anos da nossa gestão. Nós vamos fazer a maior distribuição de renda do país, independentemente de classe social, via transporte coletivo. Se você pensar que uma pessoa gasta R$ 9 por dia para ir e voltar do trabalho, se eu multiplicar por quatro, uma família gasta R$ 800 por mês. Se eu distribuir a metade disso, e vou distribuir, nós vamos estar entregando R$ 400. O Bolsa Família é R$ 200, o Renda Brasil é R$ 300. E nós vamos fazer a maior distribuição via transporte coletivo. As pessoas dizem “Carol, você tem uma sensibilidade social no DNA. Você vai criar um programa emergencial de renda?” Eu digo “Não. Eu vou criar um programa de renda permanente. Se chama emprego”. Esse tem de ser o nosso norte. Mas a prefeitura tem meios de fazer distribuição de renda. Como essa que eu coloquei, do transporte coletivo. E por que não faz? Porque cansou de pensar. Essa é a verdade. As gestões cansaram de pensar.
Diversos candidatos à prefeitura participaram de encontros suprapartidários em praça pública, organizados como forma de protesto contra a ausência do prefeito Rafael Greca (DEM) em debates e da própria falta de debates nessa campanha. Você chegou a confirmar presença no primeiro desses eventos, mas depois recuou, alegando a necessidade de ambiente adequado e regras bem definidas. O eleitor não poderia interpretar o recuo como uma falta de apoio a uma manifestação em defesa da democracia?
Posso responder a essa pergunta em dois momentos. Primeiro, eu precisei priorizar os encontros. Eu realmente tinha dito que ia participar. Quero que fique bem claro: eu não me nego a dizer isso. Mas, avaliando os 45 dias de campanha e o tempo curto que a gente tem, a dificuldade com o excesso dos candidatos, a falta de acesso que tivemos às mídias, eu preferi priorizar os encontros em que eu conseguisse conversar direto com o eleitor, com as lideranças. Por exemplo, com servidores públicos, professores, entidades sociais, profissionais da área da saúde, empresários, com a população de uma forma geral. Foi uma decisão estratégica de priorizar o diálogo direto com os possíveis eleitores de forma focada. Diferente de quando você está com os vários candidatos. O segundo ponto é que eu entendi que a gente não deve se preocupar com quem não está participando do debate. Eu me deslocar para fazer uma crítica ao Rafael Greca ia ensejar muito tempo a favor de uma pessoa que não merece nem sequer a crítica, por estar fugindo da democracia. Foi essa reflexão que eu fiz. Eu parei para pensar e percebi que era melhor eu dar prioridade para aquelas pessoas com quem eu mantenho um relacionamento há muito tempo, que são as entidades sociais, as lideranças, os servidores públicos. O gestor atual não merece nossa perda de tempo quando foge do diálogo tão necessário para nossa cidade. Agora, eu espero que o eleitor compreenda que eu estou a postos e estarei em todos os debates que acontecerem no segundo turno. Frente a frente, olho no olho, com quem for para o segundo turno, porque eu acredito na força do debate, na força do diálogo, e eu preciso que os eleitores me deem a oportunidade de estar no segundo turno para mostrar o que é prioridade para a nossa cidade de Curitiba.
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