Aos 60 anos, a deputada federal em segundo mandato Christiane Yared tenta conquistar pela primeira vez a vitória em uma eleição majoritária. À frente da prefeitura de Curitiba, ela quer recuperar a economia do município repactuando contratos, reduzindo carga tributária e melhorando a condição de pequenos e médios empresários endividados. E, segundo ela, sem abandonar o diálogo com a ponta – o cidadão curitibano. Na reta final das eleições, a Gazeta do Povo fez três perguntas para a candidata do PL. Confira:
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Por que a senhora é diferente dos demais candidatos e merece ser prefeita de Curitiba?
Eu tenho uma vantagem que é saber ouvir. Eu tenho uma experiência pessoal fantástica com pessoas. Uma das experiências que mudou a minha percepção de gestão foi um dia que eu comprei um forno para a minha empresa. Um forno maravilhoso no valor de um automóvel. Eu fiquei encantada com ele. Fiz em dez vezes. Eu tinha seis cozinhas industriais. Quando eu fui levar a notícia de que tinha comprado esse forno para uma das cozinhas, eu vi que os funcionários se olharam. Eu perguntei: ‘fiz alguma coisa errada’. Eles falaram: ‘não, dona Chris. O nosso antigo forno é maravilhoso. A gente só precisava aqui de tesoura, colher e espátula. Só isso’. Ali eu tive uma das maiores lições da minha vida, a coisa mais importante que um gestor pode saber, que é ouvir a ponta. Você economiza tempo, dinheiro e vai gerir para quem realmente precisa.
Um dos pontos de seu plano de governo é uma revisão tributária para incentivar pequenos negócios. Ele cita a redução de carga tributária municipal. Quanto é possível reduzir hoje e como evitar que o município fique sem poder de investimento?
Assumindo a cadeira da prefeitura, a primeira coisa que vamos fazer é rever todos os contratos. Nós podemos , inclusive, cancelar alguns e refazer outros. O mais importante de tudo é que eu não tenho amarras com ninguém. Isso ajuda muito. Na questão tributária, o que nós estamos ofertando para a cidade é priorizar o micro, pequeno e médio empreendedor. Eles são quem mantêm a cidade viva. Uma cidade que não oferece emprego e renda é fadada a fechar as portas. Vamos trabalhar junto com o banco de fomento municipal. A redução da carga tributária é simplesmente uma repactuação. Vamos fazer o Refic [Programa de Recuperação Fiscal de Curitiba] para 2022, porque 2021 será um momento de assentar e ver todos os gastos, ver como vamos poder gerir a cidade da melhor forma possível. Uma vez que vamos enxugar a máquina pública, acabando com cargos comissionados e valorizando o funcionário de carreira, retomando a questão do plano de cargos e salários, isso fará com que a gente dê um outro ânimo para a cidade. Estive conversando com proprietários das escolas particulares infantis e sugeri que a prefeitura poderia comprar essa vaga ociosa, pois são muitas escolas fechadas, para que a gente possa ofertar essa vaga da creche em vez de criar a creche. Quando você diminui gastos em obras, você consegue ter recursos para gerir a cidade de maneira mais inteligente. Também repactuaremos esse imposto que eles devem porque todos acabaram não tendo como pagar. A grande maioria da população e, principalmente, do empresariado, parcela o IPTU. Precisamos rever, pois estamos chegando em 2021, com um novo IPTU, que já está às portas, e ainda tem o IPTU atrasado. Não foi pago pelo ano de pandemia. Essa é a nossa preocupação: dar o respiro para que esses empresários possam permanecer com as portas abertas.
Recentemente chamou atenção o seu voto a favor do Novo Código de Trânsito (Lei federal 10.071, sancionada em outubro). O texto foi criticado por muitos, que o classificaram como mais brando com os infratores. Não pode soar contraditório para o eleitor esse seu posicionamento, já que a senhora sempre levantou a bandeira do trânsito seguro e é presidente do Instituto Paz no Trânsito?
Quando o PL 3.267 [de autoria do Executivo] chegou a Casa, colocaram o nome de “PL da Morte” nele. Eu apresentei 30 emendas. A maioria foi acolhida. Fora as dos outros deputados, que também compreenderam o que tinha sido levado e não era bom. Transformamos esse PL no “PL da Esperança”. Esperança na mudança de comportamento das pessoas. O projeto acabou tendo um fôlego diferente. A lei, inclusive, ficou mais dura para quem bebe, dirige e mata no trânsito. Eles não poderão mais pagar [a pena] com cestas básicas e nem com serviços à comunidade. Esse é um projeto meu que o senador [Fabiano] Contarato absorveu – o parlamentar da Rede teve emenda que versa sobre o assunto aceita – e graças a Deus está aprovado. Então, qualquer pessoa que beber e matar no trânsito não poderá pagar com cestas e serviço e ficará reclusa até o dia do julgamento. Também endurecemos a questão do uso das cadeirinhas, dos equipamentos para as crianças. É importante que as pessoas tenham conhecimento. O projeto está no portal da Câmara Federal. Ele realmente criou vida e nós aprovamos sabendo que mesmo com a questão dos pontos, que era um dos fatores que mais nos preocupava, acabamos modernizando [a legislação]. Queríamos retirar pontos inúteis. Você perde três pontos na carteira se estacionar o carro e esquecer de acionar o aplicativo do EstaR. Você perde cinco pontos se não transferir seu carro em 30 dias. Hoje a pessoa pode ter até 40 pontos na carteira, sendo que se ela tiver uma infração gravíssima, esses pontos caem para 30. Se ela tiver duas, caem para 20. Isso não significa que as pessoas não irão pagar as multas. As penas estão mais duras, mais altas. As multas estão muito mais elevadas. As pessoas precisam estar atentas, pois elas podem perder a habilitação, sim. Com 20 pontos ela já é direcionada à reciclagem. A lei ficou melhor do que o esperado. Estou tranquila quanto a isso.
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