Deputado estadual mais votado das eleições de 2018, Fernando Francischini (PSL) vinha, desde então, preparando-se para ser candidato à prefeitura de Curitiba. Com passagem pela Câmara dos Deputados, pela Assembleia Legislativa e pela Secretaria de Estado da Segurança Pública, o ex-delegado da Polícia Federal diz estar maduro para esse novo passo em sua carreira política. Ao responder as três perguntas da Gazeta do Povo ele afirma que um dos fatos que mais manchou sua imagem foi o que mais lhe ensinou sobre política. Confira:
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Por que é o melhor candidato? O que o difere dos adversários?
Por conta do meu currículo. Um currículo que vai com uma experiência profissional de mais de 30 anos na administração pública. De oficial do exército, oficial da Polícia Militar, agente e delegado da Polícia Federal, secretário antidrogas da prefeitura de Curitiba, secretário de Segurança do Paraná, duas vezes deputado federal e, agora, deputado estadual e presidente da comissão mais importante da Assembleia Legislativa, a CCJ. São 30 anos ocupando chefias importantes, com o comando de um grande número de funcionários, gestão de orçamentos. Para mim, é importante Curitiba não ser cobaia. Curitiba tem que ter profissionais. É uma cidade de primeiro mundo e esse currículo e a história de vida, além da preparação que tive nos últimos meses, visitando os 75 bairros, pesquisando os problemas da cidade e montando uma equipe técnica para a elaboração do plano de governo com técnicos das administrações do Cássio, do Beto Richa, do Luciano Ducci e do Lerner. Estou preparado para ser prefeito
Pela sua origem, a área da segurança pública sempre lhe tomou maior atenção. Embora as atribuições do município sejam bastante limitadas neste tema, que é de responsabilidade estadual, o senhor propõe a transformação da Guarda Municipal em uma Polícia Municipal. Alguns prefeitos e ex-prefeitos de outras cidades brasileiras já tentaram fazer o mesmo, mas não conseguiram por questões jurídicas, porque a Constituição determina as atribuições da Guarda e veda que ela realize policiamento ostensivo ou operações policiais, por exemplo. Como sua proposta venceria esse obstáculo?
Provavelmente essas ações são anteriores à Lei 13022. É uma lei que estava há 10 anos em uma gaveta no Congresso Nacional e eu fui o relator dela: é o Estatuto das Guardas Municipais. Essa lei, de alguns anos, já teve até julgamento sobre ela, e trouxe entre as atribuições, o direito ao porte de arma para o Guarda Municipal, a possibilidade de que ele realize patrulhamento, funções de trânsito. Então, essa lei aumentou as atribuições da Guarda Municipal. E, aí, vem o carimbo que eu quero colocar na nossa Guarda Municipal. Não falei, em nenhum momento, na transformação jurídica do nome, e sim, o que eu quero é que essas atribuições efetivem que a Guarda Municipal se torne, de fato, uma polícia municipal, com abordagem, patrulhamento, operações e prisões, que ela já faz atualmente. Há muitos anos a Guarda deixou de só cuidar do patrimônio público. Mas podemos avançar no equipamento, no armamento, no aumento do efetivo. Com um sistema de câmeras integrado de verdade, não essa muralha digital virtual do Greca. Vale lembrar que a Defensoria Pública emitiu uma resolução há cerca de um ano, proibindo a Guarda Municipal de fazer patrulhamento e abordagens. E eu entrei com uma ação popular em meu nome, como deputado estadual, e já temos sentença judicial em nosso favor, anulando a resolução da Defensoria, com base na lei 13022.
Sua carreira política começa na secretária antidrogas do então prefeito Beto Richa. O senhor filia-se ao PSDB, elege-se deputado federal, mas assume a secretaria de Estado da Segurança Pública. Até o episódio do 29 de abril (o confronto da polícia com manifestantes no Centro Cívico da capital). Depois de um tempo, troca de partido até chegar ao PSL, onde coordenou a campanha de Jair Bolsonaro no Paraná. Neste ano, no entanto, é citado como “inimigo declarado” pelo presidente. Onde o senhor se posiciona politicamente no momento e qual a influência desses fatos e pessoas na sua carreira?
O vídeo do Bolsonaro não cita nome de ninguém. Em campanha, cada um coloca seu adversário. A chance é zero de eu ser o inimigo declarado. Felipe (Francischini, seu filho) é líder de 80 deputados federais, presidente da CCJ que aprovou a Reforma da Previdência. A gente esteve, inclusive, no Palácio do Planalto. Então, a chance é zero, é briga política, o que é normal. Por outro lado, o início da minha carreira foi muito importante, o ex-governador tem o direito de se defender daquilo que é acusado, como qualquer cidadão, mas o candidato a prefeito sou eu. Pauto-me muitas vezes mais pelo que aprendi com os erros e com os acertos do passado. O que aprendi foi a dialogar mais, respeitar mais as diferenças. A maturidade e a experiência vêm e a gente se sente preparado para ser candidato a prefeito. Um prefeito não pode dividir, tem que somar, inclusive com aqueles que não votaram nele, que pensavam diferente. Depois da eleição, quem ganha administra todos. Então tenho me aproximado mais dos consensos do que dos dissensos. E o 29 de abril me ensinou muito. Eu era uma peça no meio dessa engrenagem: não era o governador que tomou a decisão, nem o presidente da Assembleia que decidiu colocar em votação, ou o presidente do Tribunal que deu ordem para evitar a invasão. A gente cumpriu uma missão legal, jurídica, que era evitar confrontos. Hoje, eu agiria da mesma forma, tentando evitar o confronto, fiz reuniões com os sindicatos, conversei com o governador e os deputados, mas acho que faria um cerco maior de isolamento e seria mais insistente na conversa com o governador e o presidente da Assembleia para não votar o projeto aquele dia. Mas o que esse caso me ensinou foi a ter mais maturidade para lidar com as diferenças.
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