Com críticas ao atual prefeito, Rafael Greca (DEM), os candidatos Goura (PDT) e João Arruda (MDB) abriram, nesta terça-feira, a série de debates da Gazeta do Povo entre os candidatos a prefeito de Curitiba. No formato de duelo um contra um, os oito candidatos com melhor pontuação na última pesquisa Ibope / RPC se enfrentam até a próxima sexta-feira, na sede da Gazeta do Povo, em um debate em que cada participante tem uma hora de tempo livre para expor suas ideias e responder aos questionamentos do adversário, administrando seu tempo da forma que preferir.
Ausente do debate (sua campanha declinou o convite alegando motivos de agenda), o prefeito Rafael Greca (DEM), candidato à reeleição, não foi poupado pelos dois participantes desta terça-feira. Ao abrir o debate, Goura já questionou sobre o papel do prefeito e de cada candidato na defesa da democracia, criticou a indisponibilidade de Greca para o debate e a ausência de prestação de contas por parte do prefeito nesta campanha. “Mas a gestão dele já é marcada pela falta de democracia, de participação popular. Na Câmara, vivenciamos o pacotaço, em regime de urgência, retirando direito dos servidores públicos municipais. Situação deplorável, com a transferência do parlamento municipal para a Ópera de Arame e aprovação com o uso da ampla bancada de apoio, sem nenhum debate”, lembrou.
“É muito sério o que está acontecendo em Curitiba. Um prefeito que não quer participar de debates e sabatinas é um fenômeno. O que aconteceu foi uma tentativa de nomeação do prefeito. Tentativa por parte do governador, que retirou candidatos, pavimentou coligações e acordos políticos para que o prefeito não tivesse adversários. A sua candidatura e a minha aconteceram nos últimos dias do prazo, porque nós não concordamos com isso”, respondeu Arruda.
Sem se confrontarem durante as duas horas de debate, os candidatos Goura e João Arruda criticaram a atual gestão e apresentaram suas propostas para solucionar pontos que consideram falhos na administração municipal. “Vou acabar com esses contratados de terceirização da saúde. É óbvio que o custo diminui, porque as empresas terceirizadas que prestam esse serviço gastam menos mesmo, pois querem fazer economia. Gastam menos com pessoal, não valorizam o profissional. Vou quebrar imediatamente esses contratos e agir firmemente na revisão dos contratos como o com o Instituto Curitiba de Informática e o do lixo. E ainda precisamos rever o transporte coletivo”, afirmou Arruda.
“É fundamental a transparência em todos os atos da administração pública, faremos Curitiba referência em transparência. E começaremos por esses contratos: do lixo, do ICI, da merenda escolar. E o transporte coletivo merece toda a transparência que o prefeito tem que dar. A atual gestão priorizou o lucro das empresas ante a função social do transporte. Logo no início da gestão, acabou com a domingueira e subiu o valor da passagem. Se vangloria da renovação da frota, mas isso está previsto em contrato. Queremos uma gestão do transporte coletivo que sirva aos interesses da cidade, que, ao contrário do que vem acontecendo, não perca passageiros a cada ano. Que a gente reveja o modelo do transporte coletivo em Curitiba”, disse Goura. Na questão do transporte, Arruda ainda prometeu frota pública e desapropriação de todas as garagens de ônibus da cidade, “porque as empresas atuais sempre ganham as licitações por dominarem isso, já terem os ônibus e as garagens”.
Goura e João Arruda, por diversas vezes, mostraram-se alinhados em relação às críticas ao prefeito Rafael Greca e Arruda chegou a dizer que gostaria de enfrentar o próprio Goura no segundo Turno. Goura pautou a conversa sobre a sustentabilidade da cidade, e a compatibilidade entre modais de transporte para a mobilidade urbana, destacando suas propostas de consolidar a bicicleta como meio de transporte, investindo em ciclovias e ciclofaixas e na integração com o transporte coletivo. Ele lembrou, ainda da necessidade de recuperar as calçadas da cidade e promover acessibilidade nos espaços públicos. Arruda aproveitou para criticar a prioridade da atual prefeitura à recuperação asfáltica das ruas. “Eu conheço as calçadas e ciclovias de Curitiba porque corro pelas ruas da cidade. Você gosta de bicicleta, eu de corrida. O atual prefeito, não corre, nem anda, por isso que gosta tanto de asfalto”, ironizou.
Goura também trouxe a questão ambiental para o debate citando a questão do lixo, “pagamos R$ 200 milhões para enterrar lixo em Fazenda Rio Grande. O lixo viaja por toda a cidade, contaminando por onde passa, sem um política séria de reciclagem e de compostagem”, e a crise hídrica. “Vimos acontecer em São Paulo e ignoramos que pudesse acontecer aqui. As mudanças climáticas são um problema muito mais próximo do que se imagina e essa falta d’água está nos mostrando isso”. Ao abordar a crise hídrica, o candidato do PDT tratou da integração com a Região Metropolitana. “E nossa água vem da região metropolitana. É mais uma das nossas dependências da Região Metropolitana. Por isso a cidade tem que ser vista como uma metrópole cosmopolita, integrando a região metropolitana. Sem Curitiba se preocupar com a Região Metropolitana, com a produção de alimentos saudáveis, com os mananciais, estaremos levando adiante o problema sem solução. A Linha Verde deveria ser a avenida de integração da cidade, e não uma cicatriz, um ruptura na cidade”, concluiu.
O candidato do MDB prometeu criar a universidade do trabalhador para qualificar a mão de obra. “Entender as demandas dos empresários e qualificar os trabalhadores para ocupar essas vagas”. Arruda também afirmou que “faria tudo diferente” no enfrentamento da pandemia de Covid-19. “O vai e volta deixou toda a cidade insegura. Não sei se ele decidiu ouvindo os médicos ou as pesquisas eleitorais. Agora, tudo voltou ao normal, está tudo funcionando como antes da pandemia. Mas a pandemia acabou? Que mudanças ocorreram nos últimos meses? Já temos uma vacina? E depois da eleição, como vai ser?”, questionou.
- A Pesquisa Ibope, contratada pela RPC ouviu 805 eleitores entre os dias 20 e 22 de outubro, com grau de confiança de 95% e margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o número 01535/2020.
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