A segunda parte do debate entre os candidatos a prefeito de Curitiba promovido pela Band Paraná reuniu quatro candidatos sem direito a tempo de TV na propaganda política obrigatória e outros quatro que, juntos, somam dois minutos de aparições no horário eleitoral. Pelo sorteio realizado pela emissora, os três candidatos com mais tempo de TV foram colados no primeiro dia do debate, realizado em 1º de outubro. Assim, Carol Arns (Podemos) Christiane Yared (PL), Diogo Furtado (PCO), Eloy Casagrande (Rede), Goura (PDT), Letícia Lanz (Psol), Professora Samara (PSTU) e Zé Boni (PTC) aproveitaram o único debate em TV aberta do primeiro turno das eleições municipais para se apresentarem e citarem suas principais propostas. A troca de farpas e, até mesmo, as críticas ao atual prefeito e candidato a reeleição, Rafael Greca (DEM), ficaram em segundo plano.
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Carol Arns, por exemplo, destacou sua proposta de reduzir em 50% a tarifa do transporte coletivo da capital (hoje em R$ 4,50); comprometeu-se em destravar o plano de carreira dos professores municipais; e prometeu tirar os ônibus das canaletas aos domingos para que elas se tornem parques lineares para lazer e atividade física, com o transporte público funcionando com veículos menores nas vias marginais. A candidata criticou diretamente Greca ao falar que sua postura na gestão do transporte público não é correta, “investindo fortemente nas empresas e não na redução do valor da tarifa” e repreendeu a política da prefeitura para a população de rua. “Está totalmente equivocada. É uma política de pernoite, de pensão. A pessoa dorme um dia no albergue e volta para a rua. Não é um programa social”.
Christiane Yared, que tabelou com Arns em diversos momentos do debate, prometeu o passe livre estudantil no transporte público; fazer parceria com as escolas particulares de educação infantil para solucionar o problema da falta de vagas em creches; anunciou sua intenção de criar um hospital veterinário municipal gratuito e, ainda, um Banco de Fomento Municipal para socorrer pequenas empresas atingidas pela crise econômica ocasionada pela pandemia de Covid-19. A candidata teve uma discussão com Zé Boni, que a questionou por conta do uso do fundo partidário. “Eu uso sim. É um dispositivo legal e uso de forma transparente. Muito melhor que termos a cidade presa a gestões financiadas por seus grandes empresários”, disse.
Eloy Casagrande apresentou seu projeto de moradias populares modulares como proposta para a redução do déficit habitacional na cidade. “São casas mais baratas e mais confortáveis que as oferecidas pela a Cohab. Num projeto já bem sucedido que desenvolvemos na universidade”. O candidato também apresentou sua proposta de volta às aulas em uma situação de pandemia. “Não podemos deixar as crianças trancadas em casa por muito tempo. Precisamos buscar alternativa. Nós temos o conceito de escola saudável, com menos alunos, espaços mais ventilados. Vamos absorver mais de 6 mil crianças que saíram do ensino privado para o público. Vamos montar centros de educação ambiental nos parques de Curitiba e levar as crianças para aulas ao ar livre”.
A postura mais crítica a Rafael Greca foi a de Goura. O candidato do PDT criticou a ausência de uma política de gestão de resíduos por parte da prefeitura, afirmando que Curitiba gasta R$ 200 milhões para enterrar lixo em Fazenda Rio Grande, quando prometeu um programa de “lixo zero” para a cidade; denunciou o investimento de apenas 0,1% do orçamento municipal em programas habitacionais; e, ao discutir propostas para a retomada econômica da cidade, afirmou que, durante a pandemia, “o prefeito deu R$ 200 milhões para as grandes empresas do transporte público e nada para os micro e pequenos empresários”. O deputado estadual voltou a tocar no tema ao debater com professora Samara sobre a função social do transporte público. “A gestão do prefeito não é para os usuários é para os empresários”.
Quem esquentou o clima entre os candidatos foi Letícia Lanz, que, já na sua saudação inicial criticou a ausência de Greca dos debates e, nas suas três perguntas, alfinetou os adversários. Ela questionou Eloy Casagrande sobre sua posição em relação à comunidade LGBTI, lembrando que a maior liderança da Rede, Marina Silva, por pressão da bancada evangélica, retirou a temática de seu plano de governo. À Carol Arns, Lanz perguntou como ela criticava a atual política da prefeitura de atenção à população de rua sendo que já havia trabalhado na Fundação de Ação Social e não resolveu a questão. A candidata do Psol ainda citou que Goura, como deputado, votou contra o projeto das escolas cívico militares, enquanto os demais deputados do PDT votaram a favor do projeto e questionou o candidato se ele governaria de acordo com suas convicções ou com as orientações do partido.
Professora Samara usou suas três perguntas para tentar arrancar compromissos dos demais candidatos. Ao debater o enxugamento da máquina pública com Christiane Yared, disse que, se prefeita, reduziria os salários de prefeito, secretários e vereadores ao valor dos vencimentos de um professor e perguntou se a candidata do PL estava disposta a fazer o mesmo. “Vamos cortar cargos, repactuar o tamanho da administração”, respondeu Yared. Lembrando que o PDT esteve na prefeitura com Gustavo Fruet (2013-2016), ela ainda perguntou se Goura se compromete a romper os atuais contratos com as empresas de transporte público da cidade, ouvindo do candidato que ele se compromete a conduzir uma nova licitação com lisura e transparência. Ao discutir segurança pública com Eloy Casagrande, a candidata anunciou que, se eleita, acabará com a Guarda Municipal, criando conselhos comunitários de segurança para que as comunidades discutam mecanismo de autodefesa.
Diogo Furtado e Zé Boni travaram o embate “fora, Bolsonaro” x “fica, Bolsonaro”. Enquanto o candidato do PCO disse que o grande objetivo de sua candidatura é denunciar “o golpe de 2016”, em referência ao impeachment de Dilma Rousseff (PT) e posicionar-se contra o atual presidente da República, o candidato do PTC defendeu o governo federal. Boni anunciou sua intenção de criar a Secretaria Municipal Cristã, para promover atendimento social a pessoas em situação de vulnerabilidade, e deu seu número de telefone no ar, ao afirmar que o 156, serviço de atendimento ao cidadão da prefeitura, em sua gestão, será o número de seu celular.
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