Eduardo Paes é candidato a prefeito no Rio de Janeiro pelo DEM| Foto: Divulgação
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Na véspera das eleições municipais, candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro continuam empacados nas principais cidades, mas o DEM saiu da sombra e hoje lidera a corrida em Salvador, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis e Macapá. A perspectiva de vitória em cinco capitais após um longo período de declínio em disputas passadas só é comparável ao quadro de 1988, quando o DEM ainda se chamava PFL.

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Naquele ano, o então PFL elegeu 1.058 prefeitos no país, sendo cinco em capitais. Na arena municipal, só perdeu para o PMDB, hoje MDB. Na última eleição, porém, conquistou apenas 268 prefeituras.

As eleições para prefeitos e vereadores são, na prática, o primeiro passo para o projeto de poder do partido de centro-direita, que comanda a Câmara dos Deputados e o Senado, rumo à sucessão presidencial de 2022. Com três governadores (Goiás, Mato Grosso e Tocantins), 28 deputados federais e cinco senadores, o DEM lançou 33.270 concorrentes na campanha de 2020. Desse total, 1.158 são candidatos a prefeito.

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Apoiado pelo prefeito de Salvador ACM Neto, que preside o DEM, Bruno Reis está em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto na capital baiana. Além dele, Eduardo Paes (Rio de Janeiro), Rafael Greca (Curitiba), Gean Loureiro (Florianópolis) e Josiel Alcolumbre (Macapá) continuam na liderança. Somente em Macapá a eleição não será neste domingo (15) e terá de ser realizada em 13 e 27 de dezembro.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu adiar a disputa na capital do Amapá, acatando o argumento de que o apagão de energia elétrica está provocando ali uma onda de violência. Irmão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), Josiel está na frente, mas caiu e seus adversários estranharam o fato de o adiamento da eleição valer apenas para Macapá, uma vez que 13 dos 16 municípios do estado estão às escuras.

Depois de encolher durante o período em que foi oposição aos governos do PT e amargar reveses até as eleições de 2016, o partido se aproximou de outros atores políticos. Desde a campanha de 2018, quando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), queria apoiar a candidatura de Ciro Gomes (PDT) ao Palácio do Planalto, o DEM tenta se reposicionar no jogo com uma fisionomia que alia o liberalismo na economia a uma agenda social.

Na disputa de 2018, porém, o grupo de Maia foi vencido. Nos bastidores, havia comentários de que não seria possível sustentar internamente uma guinada tão forte, porque Ciro descia "quadrado" no partido. Diante das divergências, a legenda acabou avalizando o tucano Geraldo Alckmin, que ficou em quarto lugar e teve o pior desempenho da história do PSDB em confrontos presidenciais.

DEM quer trilhar um caminho entre a esquerda e a direita

Agora, no entanto, o DEM procura construir com antecedência o caminho para furar a polarização entre a esquerda e a extrema-direita, daqui a dois anos, adotando um estilo de contraponto a Bolsonaro, mesmo ocupando dois ministérios (Cidadania e Agricultura) e cargos no governo. A estratégia tem irritado o presidente, para quem a vida no Planalto é "uma desgraça", cheia de problemas.

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O apresentador de TV Luciano Huck foi convidado para se filiar ao DEM, mas ainda não definiu seu futuro político. Maia disse recentemente que a maioria do partido, hoje, prefere a candidatura de Huck à do governador João Doria (PSDB) ao Planalto, em 2022.

A declaração provocou um terremoto político, mesmo porque o DEM divide o governo com Doria em São Paulo e tem um acordo alinhavado para apoiar o tucano à sucessão de Bolsonaro. No arranjo que prevê a saída de Doria, o atual vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), será candidato ao Palácio dos Bandeirantes, daqui a dois anos, com respaldo do PSDB.

Além disso, os tucanos e o DEM são aliados em várias cidades. A principal parceria é em São Paulo, na campanha pela reeleição do prefeito Bruno Covas (PSDB), que está disparado na frente em todas as pesquisas. O deputado Celso Russomanno (Republicanos), candidato de Bolsonaro, corre risco de não ir para o segundo turno.

A definição da aliança de centro-direita rumo ao Planalto ainda depende, porém, do que vai ocorrer na segunda metade do mandato presidencial, a partir de 2021. "Os próximos seis meses do governo Bolsonaro serão decisivos para seu fortalecimento ou enfraquecimento", disse Maia. "O centro precisa procurar um caminho, porque tem convergência em relação à economia, mas muitas divergências nas outras pautas."

Na lista de nomes que têm participado das conversas sobre a construção de um novo polo político para fazer frente ao bolsonarismo estão, além de Huck, o ex-juiz Sérgio Moro, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, filiado ao DEM, e o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB.

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ACM Neto se recusa a traçar cenários para 2022. "A gente está se reinventando no Brasil todo e vem num processo de crescimento consistente. Se vamos ter ou não projeto presidencial próprio é outra história".