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PT viu número de prefeituras despencar entre 2012 e 2016
PT viu número de prefeituras despencar entre 2012 e 2016| Foto: Divulgação/PT

Celso Russomanno versus Bruno Covas; Eduardo Paes versus Marcelo Crivella; Bruno Reis versus Pastor Sargento Isidório. As pesquisas que desenham o cenário eleitoral em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, os três municípios mais populosos do Brasil, indicam disputas acirradas entre representantes de Republicanos, Democratas, PSDB e até de Psol e Avante, partidos de bancadas pequenas na política nacional. Já o PT, a maior legenda de esquerda do país, até o momento não figura como um competidor de destaque nestas cidades.

O partido, no entanto, tem candidaturas próprias nos três municípios. Em São Paulo, quem disputa pela legenda é o ex-deputado federal Jilmar Tatto, que tem 4% das intenções de voto na pesquisa Ibope divulgada na última quinta-feira (15).

A representante do PT no Rio é a deputada Benedita da Silva – que tem desempenho melhor do que Tatto, com 7% na pesquisa Ibope também do dia 15, mas está bem distante do líder Eduardo Paes (DEM), que tem 27%.

E, em Salvador, o nome da legenda é Major Denice, que disputa em 2020 sua primeira eleição e somou 6% em levantamento anunciado pelo Ibope no início de outubro. Bruno Reis (DEM), o líder, tem 42% das intenções de voto.

2016 foi ano de "dura derrota eleitoral" para o PT

As eleições de 2020 são encaradas pelo partido como uma oportunidade de "renascimento". Em 2016, a última eleição municipal, o PT registrou um expressivo declínio no número de cidades que comanda.

Na ocasião, o partido elegeu 254 prefeitos; em 2012, a disputa anterior, foram 638 vitórias de petistas candidatos a prefeito. Em entrevista ao Poder 360/SBT, a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, definiu o último pleito como uma "dura derrota eleitoral". "As eleições de 2016 foram as mais difíceis para nós. Foi um momento muito duro", afirmou.

A derrota não se deu apenas no número de municípios, mas também no porte das cidades administradas pela legenda. Isso porque o PT perdeu a cidade de São Paulo, a mais populosa do país, e venceu em apenas uma capital: Rio Branco (AC).

A eleição de 2016 foi disputada semanas após a conclusão do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. À época, o afastamento da petista foi citado como um dos argumentos para explicar o mau desempenho do partido. Como o governo Dilma era impopular e as mobilizações pelo impeachment alcançaram sucesso em todo o Brasil, a análise era de que o sentimento antipetista influenciou também a eleição municipal.

Outras candidaturas de esquerda também dificultam sucesso eleitoral da legenda

Neste ano, o PT também é afetado por questões nacionais. A legenda é a principal força de oposição ao governo de Jair Bolsonaro e tem visto o chefe do Executivo registrar crescimento em sua aprovação, em parte pelo pagamento do auxílio emergencial.

Mas Bolsonaro não é o único obstáculo do partido em 2020: o PT tem seus objetivos na eleição municipal dificultados, também, por candidaturas de esquerda. Em Salvador, o PCdoB, aliado histórico dos petistas, tem a candidatura de Olivia Santana, que somou os mesmos 6 pontos de Major Denice na pesquisa Ibope do dia 6.

No Rio, Benedita da Silva está empatada tecnicamente em terceiro lugar com outra representante de um partido da oposição a Bolsonaro, Martha Rocha (PDT). A coligação de Martha conta, ainda, com o PSB, sigla também contrária a Bolsonaro no plano nacional.

A capital fluminense, inclusive, foi um dos palcos das desavenças entre partidos da esquerda. O Rio viu um acirrado debate sobre a possibilidade de uma candidatura "única", que seria capitaneada pelo deputado federal Marcelo Freixo (Psol). O parlamentar desistiu de disputar o comando da cidade justamente por entender que havia uma dificuldade de se formar um programa de consenso.

Mas é em São Paulo que o PT passa mais dificuldades por conta de outra candidatura de esquerda. A presença de Guilherme Boulos (Psol) na disputa mobilizou lideranças de esquerda e até mesmo figuras historicamente ligadas ao PT, como o ex-ministro Celso Amorim e o cantor Chico Buarque.

A situação fez a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, anunciar que a legenda poderia punir petistas de São Paulo que não apoiassem a candidatura de Tatto. Membros do PT chegaram a discutir a possibilidade de realizar uma prévia entre Tatto, Boulos e o candidato do PCdoB, Orlando Silva, para que a esquerda tivesse um nome "único" em São Paulo, mas a ideia não prosperou.

Pandemia afeta mais o PT, alega deputado do partido

Mais um ingrediente vem sendo incluído por petistas à lista de dificuldades que a legenda enfrenta em 2020: a pandemia do novo coronavírus.

A Covid-19 fez com que as eleições municipais fossem transferidas de outubro para novembro e está alterando a dinâmica da corrida pelos votos. Grande parte das atividades de campanha está sendo realizada de forma virtual, assim como foram feitas as convenções que confirmaram as candidaturas.

A situação prejudica todas as forças políticas. Mas, na avaliação do deputado federal Pedro Uczai (PT), afeta o PT de modo mais intenso. "A campanha agora está muito de rede social, sem rua. E nós somos um partido muito de 'corpo a corpo'", afirmou o parlamentar.

Uczai também acredita que o quadro de pandemia tende a beneficiar os candidatos à reeleição ou apoiados pelos grupos no poder, por causa da visibilidade de que dispõem os prefeitos em mandato e pela dificuldade de apresentação de forças novas. E, como o PT não está no comando nem em São Paulo, nem no Rio de Janeiro e nem em Salvador, acaba largando atrás.

Na opinião do deputado, o partido ainda pode reverter o panorama desfavorável. Ele vê peso na propaganda de rádio e TV e, principalmente, na participação de figurões do partido nas disputas. "Em São Paulo, há uma grande parte da população que seguiria uma indicação do ex-presidente Lula. Em Salvador, o governador Rui Costa tem uma grande avaliação. Na hora em que eles entrarem em campo, podem fazer a diferença", apontou.

Outras capitais também não animam o PT

Em outras capitais, o desempenho dos candidatos da legenda tampouco é animador para o PT. Em Curitiba, onde o prefeito Rafael Greca (DEM) lidera com vantagem a disputa, com 47% das intenções de voto segundo pesquisa Ibope divulgada na terça-feira (6), o petista Paulo Opuszka soma apenas 1%.

Desempenho fraco do PT ocorre também em Belo Horizonte, em que o representante do partido, Nilmário Miranda, tem 1% das intenções de voto. A cidade tem grande favoritismo do atual prefeito Alexandre Kalil (PSD), que soma 59%. Os dados são de pesquisa Ibope divulgada nesta quinta (15).

No Nordeste, por outro lado, algumas cidades têm desempenho mais relevante dos candidatos do PT – mas, ainda assim, eles não aparecem na liderança (ao menos por enquanto).

No quarto município mais populoso do Brasil, Fortaleza, a candidata do partido, a deputada e ex-prefeita Luizianne Lins, é a segunda colocada, com 23%, atrás de Capitão Wagner (Pros), que tem 28%. Sarto (PDT) está em terceiro lugar, com 16%. Os números são do Ibope.

Em Recife, o nome do PT, a deputada Marília Arraes, ficou em terceiro lugar na última pesquisa do Ibope, com 14% das intenções de voto. Ela está tecnicamente empatada com Mendonça Filho (DEM), que registrou 18%. O líder é João Campos (PSB), com 33%.

E em duas capitais da Região Sul, Porto Alegre e Florianópolis, o PT não registrou candidatura própria. Na capital gaúcha, o PT apoia Manuela D'Ávila (PCdoB). E, na catarinense, o partido está coligado com o Psol, que tem Professor Elson como candidato.

Metodologia das pesquisas citadas nesta reportagem

São Paulo

  • Sob encomenda da TV Globo, o Ibope ouviu 1.001 eleitores em São Paulo entre os dias 13 e 15 de outubro. O levantamento tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob a identificação SP-01432/2020

Rio de Janeiro

  • Sob encomenda da TV Globo, o Ibope ouviu 1.001 eleitores do Rio de Janeiro entre os dias 13 e 15 de outubro. O levantamento tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob a identificação RJ-09221/2020.

Salvador

  • Sob encomenda da TV Bahia, o Ibope ouviu 602 eleitores em Salvador nos dias 3 e 4 de outubro de 2020. O nível de confiança do levantamento é de 95%, e a margem de erro é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob a identificação BA-03105/2020.

Curitiba

  • A pesquisa do Ibope, encomendada pela RPC TV, ouviu 602 eleitores de Curitiba entre os dias 4 e 5 de outubro de 2020. O nível de confiança do levantamento é de 95%, e a margem de erro é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob a identificação PR - 08260/2020.

Belo Horizonte

  • Sob encomenda da TV Globo, o Ibope ouviu 1.001 eleitores de Belo Horizonte entre os dias 13 e 15 de outubro. O levantamento tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob a identificação MG-00100/2020.

Fortaleza

  • Sob encomenda da TV Verdes Mares, o Ibope ouviu 602 eleitores em Fortaleza entre os dias 12 e 14 de outubro. O levantamento tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 4 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob a identificação CE-05307/2020.

Recife

  • Sob encomenda da TV Globo, o Ibope ouviu 1.001 eleitores do Recife entre os dias 9 e 15 de outubro. O levantamento tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob a identificação PE-08776/2020.
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