Pesquisa divulgada pelo Datafolha nesta quinta-feira (22) apontou que o percentual de intenções de voto de Celso Russomanno (Republicanos) derreteu desde o início da campanha eleitoral.
Em 8 de outubro, levantamento divulgado pelo instituto apontava que o atual deputado federal tinha 27% da preferência dos eleitores – o que o deixava numericamente à frente de Bruno Covas (PSDB), que tinha 21%. Na pesquisa desta quinta-feira (22), por outro lado, Russomanno aparece com 7 pontos a menos nas intenções de voto, com 20%, enquanto Covas oscilou para 23%.
O tombo é ainda maior se considerarmos que, em pesquisa Datafolha divulgada no dia 24 de setembro, Russomanno tinha 29% da preferência dos eleitores. As informações da metodologia das três pesquisas está ao final do texto.
Veja 5 pontos das pesquisas do Datafolha que nos ajudam a entender por que Russomanno caiu nos levantamentos de intenção de voto em São Paulo:
1. Com Bolsonaro, rejeição a Russomanno aumenta
Os dois levantamentos de outubro do Datafolha apontam que a rejeição a Russomanno cresceu 9 pontos na capital paulista, de 29% para 38%. A explicação pode estar na presença do padrinho político de Russomanno, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em suas peças de campanha.
Bolsonaro, que declarou apoio ao deputado federal, não goza de boa avaliação entre os eleitores paulistanos. Segundo o próprio Datafolha, 63% dos eleitores dizem que não votariam de jeito nenhum em um candidato apoiado pelo presidente. Já os que afirmaram que o apoio de Bolsonaro os levaria a votar com certeza em um concorrente somaram, apenas, 16%.
Por outro lado, o principal adversário de Russomanno, o atual prefeito Bruno Covas (PSDB) teve queda de 6 pontos na rejeição entre a primeira e a segunda rodadas do Datafolha (de 31% para 25%). O tucano ainda não exibiu com destaque o seu padrinho, o governador João Doria (PSDB). Doria tampouco é um bom puxador de votos: segundo o Datafolha, 60% dos eleitores de São Paulo afirmam que não votariam de jeito nenhum em um candidato apoiado por ele.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o marqueteiro de Russomanno, Elsinho Mouco, afirmou que a campanha "assumiu o risco da rejeição" ao apresentar Bolsonaro endossando o candidato. Já Covas disse, em conversa com o jornal O Globo, que Doria vai aparecer em seu horário eleitoral "no momento adequado".
2. Entre os mais jovens, Russomanno caiu 15 pontos
Os dados das pesquisas do Datafolha por segmento, por sua vez, apontam que a queda mais drástica nas intenções de voto para Russomanno ocorreu entre os jovens, que têm entre 16 e 24 anos. Na pesquisa de 8 de outubro, ele tinha 35% das intenções de voto nessa faixa de eleitores. No último levantamento, o percentual caiu para 20%.
Segundo os dados, a queda na preferência pelo candidato diminui à medida em que eleitores mais velhos são considerados – mas volta a subir entre os idosos. Entre os que têm de 25 a 34 anos, as intenções de voto para Russomanno caíram 9 pontos, de 26% para 17%. Já na faixa de 35 a 44 anos, a preferência foi de 27% a 19% (-8 pontos).
Entre os que têm 45 e 59 anos, por sua vez, a redução foi de apenas 3 pontos (25% para 22%). No grupo dos que têm 60 anos ou mais, por fim, a queda foi de 9 pontos percentuais (28% para 19%).
3. Intenções de voto para Russomanno diminuíram entre católicos
O segundo segmento em que houve maior queda nas intenções de voto para Russomanno foi o de eleitores católicos. Na primeira pesquisa, 27% dos eleitores afirmavam que votariam nele. Já no segundo, o índice foi de 14% – uma queda de 13 pontos.
A preferência pelo candidato caiu, ainda, 8 pontos entre os evangélicos. Mesmo assim, o candidato ainda tem 31% das intenções de voto nesse segmento (eram 39% em 8 de outubro). Entre os espíritas e kardecistas, por sua vez, a redução foi de 6 pontos (de 16% para 10%).
4. Votação entre pretos, menos escolarizados e os que ganham entre 2 e 5 salários também diminuiu
Os dados do Datafolha mostraram, ainda, que a preferência por Russomanno caiu 11 pontos tanto entre os que ganham entre 2 e 5 salários mínimos (de 28% para 17%) quanto entre os que se identificaram como pretos (de 27% para 16%). O mesmo ocorreu entre pardos (queda de 10 pontos, de 32% para 22%) e os que concluíram somente o Ensino Fundamental (de 36% para 26%).
Entre os mais pobres, que ganham até 2 salários mínimos, Russomanno registrou menos 9 pontos entre uma pesquisa e outra (de 34% para 25%) – redução que também ocorreu entre os eleitores do sexo masculino (de 29% para 20%).
5. Se Russomanno caiu, quem subiu?
Os dados do Datafolha também permitem observar quais dos candidatos mais competitivos ganharam votos nos segmentos em que Russomanno teve redução na preferência dos eleitores.
Entre os mais jovens, o maior ganho de votos foi de Guilherme Boulos (Psol), que teve crescimento de 10 pontos entre os eleitores de 16 a 24 anos (de 17% para 27%). Márcio França (PSB) também cresceu na mesma faixa etária, de 4% para 9%; enquanto Covas caiu, de 14% para 12%. Já considerando os que têm entre 25 e 34 anos, Covas foi o que mais se beneficiou, com aumento de 7 pontos entre uma pesquisa e outra (de 16% para 23%).
Considerando a religião, o atual prefeito teve ganhos em duas categorias, com aumento de 6 pontos entre católicos e espíritas (de 24% para 30% e de 19% para 25%). O candidato do PSDB também cresceu entre os que têm Ensino Fundamental (aumento de 23% para 28%), os brancos (de 20% para 25%) e os que ganham até 2 salários mínimos (18% para 22%).
Entre os eleitores pretos, por sua vez, Boulos (18% na pesquisa mais recente) e França (10%) ganharam espaço, com aumento de 5 e 4 pontos, respectivamente. França, além disso, cresceu outros 5 pontos entre os que ganham entre 2 e 5 salários mínimos (de 7% para 12%).
Metodologia da pesquisa do Datafolha em São Paulo
Pesquisa Datafolha de 24 de setembro de 2020 em São Paulo
- O Instituto Datafolha ouviu 1.092 eleitores de São Paulo, presencialmente, entre os dias 21 e 22 de setembro. A pesquisa foi encomendada pelo jornal Folha de S. Paulo. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. O número de registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é SP-06594/2020.
Pesquisa Datafolha de 8 de outubro de 2020 em São Paulo
- O Datafolha ouviu 1092 pessoas em São Paulo, sob encomenda da TV Globo e da Folha de S. Paulo, entre os dias 5 e 7 de outubro de 2020. O levantamento tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a identificação SP-08428/2020.
Pesquisa Datafolha de 22 de outubro de 2020 em São Paulo
- Sob encomenda do jornal Folha de S. Paulo e da TV Globo, o Datafolha ouviu 1.204 eleitores em São Paulo entre os dias 20 e 21 de outubro de 2020. O levantamento tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a identificação SP-02125/2020.
Auxílio Brasil: PT quer pagar benefícios sociais somente para quem se vacinar
Gestão da pandemia e retomada econômica: os desafios de Bruno Covas em São Paulo
DEM e PSDB esboçam 3ª via contra Bolsonaro e a esquerda em 2022
Eduardo Paes vai assumir o Rio com menos dinheiro e mais problemas. Veja os desafios