A coligação do candidato ao governo da Bahia, Antônio Carlos Magalhães Neto (União Brasil), enviou na quinta-feira (29) uma petição ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, pedindo que a Polícia Federal assuma as investigações sobre a morte do subtenente Alberto Alves dos Santos, que fazia a segurança de ACM Neto, durante uma operação da Polícia Militar realizada na madrugada de quarta-feira (28) em uma pousada de Itajuípe, na Bahia.
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia, estado governado por Rui Costa (PT), afirma que os policiais envolvidos na ação perseguiam um criminoso foragido e que houve confronto dentro do estabelecimento, informação refutada pelo outro policial que estava hospedado no local e que também foi baleado, mas sobreviveu.
No documento, a coligação afirma que os dois veículos que integram a estrutura de campanha de ACM Neto, e que eram ocupados por quatro policiais militares, foram permanentemente monitorados no trajeto de 424 quilômetros entre Salvador e Itajuípe. A coligação diz ainda que órgãos que integram a Secretaria de Segurança Pública da Bahia teriam divulgado informações equivocadas para induzir os policiais envolvidos na operação ao erro. Para justificar o pedido, foram anexadas cópias de conversas do WhatsApp que mostrariam os policiais trocando informações sobre a operação, horas antes da invasão que culminou na morte do agente de segurança.
“Ao que tudo indica, quem soltou a informação equivocada, tomando quatro polícias sérios e honestos como se fosse um traficante em fuga, foi SEAP/CMASP/GSI. Segundo a PORTARIA Nº 77, DE 14 DE ABRIL DE 2022, publicada no DOE de 15/04/2022, da Secretaria de Administração Penitenciária, as referidas siglas indicam órgãos do sistema de inteligência penitenciária diretamente subordinados ao Secretário da pasta”, aponta a petição.
Placas dos carros teriam sido consultadas
Com base nas mensagens, a coligação alega ainda que as placas dos veículos de campanha foram verificadas, o que permitira saber que o comboio não era formado por criminosos. “Uma simples consulta pelas placas dos veículos permitiu que a PM soubesse que se tratava de veículos de aluguel, sendo que um tinha sido locado pelo Soldado Akeo dos Santos Ribeiro. Mesmo podendo adotar as cautelas necessárias, sem qualquer indicativo de que dentro dos quartos estaria ocorrendo algum crime permanente, mesmo sabendo que um dos veículos tinha sido alugado por um Policial Militar sem qualquer vinculação com organização criminosa, invade a Pousada em ação extremamente violenta e, segundo declaração dos Policiais sobreviventes, executaram o Subtenente Alves e atentaram contra a vida do Sargento D’Almeida”, descreve o documento.
A coligação reforça que causa enorme estranheza como os dois veículos que nunca possuíram qualquer vinculação com atividade ilícita, que servem à campanha eleitoral de ACM Neto, sem qualquer restrição nos órgãos de controle, foram inseridos nesse contexto e passaram a ser perseguidos como se fossem bandidos de alta periculosidade.
“Nenhuma atividade desempenhada com aqueles dois veículos no dia 27 de setembro autorizaria a absurda suposição de que um traficante pudesse fazer uso de tais carros para empreender fuga, o que reforça a suspeita de que se tratou de uma ação orquestrada para monitorar as atividades de campanha do candidato ACM Neto, inclusive com nítido cunho intimidatório, a poucos dias das eleições”, diz a coligação, afirmando ainda que é preciso saber quem foi o responsável por apontar os dois veículos que servem à campanha como aqueles que deveriam ser alvo da caçada empreendida pela polícia.
Monitoramento dos veículos
A coligação de ACM Neto pede também que seja investigado se a operação que terminou na morte do policial se insere no contexto das eleições e se a PM teria sido usada para monitorar as atividades do candidato. “Urge que o Ministério da Justiça, sempre vigilante e zeloso pela lisura do processo eleitoral e democrático, tenha ciência do fato e determine a devida apuração pela Polícia Federal a fim de avaliar se o episódio se insere no contexto das eleições e se a Polícia Militar Bahia tem sido utilizada como instrumento de monitoramento de candidato de oposição ao Governo Estadual”, diz o documento, reforçando o pedido de apoio ao governo federal nas investigações.
Policial diz que estava dormindo e não houve confronto
O sargento Adeilton Rodrigues D'Almeida, que estava na mesma pousada do subtenente Alberto Alves dos Santos, morto na ação, gravou um vídeo do hospital onde está internado refutando a informação de que houve confronto. Segundo ele, que também foi baleado e se recupera, os dois estavam dormindo no momento em que o quarto foi invadido por outros policiais. Ele diz que foi baleado mais três vezes pelos agentes mesmo depois de avisar que também era policial militar.
“Narra o Sargento PM D’Almeida que os policiais autores da ação violenta, após o episódio, fizeram disparos no quarto com a arma da própria vítima, como uma forma de simular uma agressão de sua parte e, com isso, legitimar a conduta adotada. Tal fato sugere a possibilidade de manipulação do cenário probatório por integrantes da própria Polícia Militar baiana, o que reforça a necessidade de atuação do Ministério da Justiça e da Segurança Pública”, diz a petição.
Secretaria de Segurança rebate coligação
Em nota encaminhada para a Gazeta do Povo, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia afirma que é falsa a informação de que houve monitoramento do veículo pertencente à campanha de ACM Neto, que age dentro das normas legais e pede que as informações sejam tratadas com responsabilidade e não sejam motivadas por interesses eleitorais, deixando-se de lado a verdade dos fatos. “Por fim, a Secretaria da Segurança Pública se coloca à disposição para qualquer esclarecimento e tem cobrado da Corregedoria da Policia Militar a responsável celeridade para que todos os fatos sejam devidamente esclarecidos. Todos os envolvidos serão ouvidos”, diz o órgão.
Sobre as trocas de mensagens no WhatsApp, anexadas na petição da coligação de ACM Neto, a pasta afirma que o grupo foi criado por policiais militares e que todo o seu conteúdo será encaminhado aos responsáveis pela investigação. “O grupo da rede social foi criado por policiais militares - envolvidos na captura de um bandido que rompeu uma tornozeleira eletrônica quando gozava do benefício judicial da saída temporária - e também contou com a participação de um membro da Policia Rodoviária Federal. Todo o conteúdo das conversas do referido grupo será enviado aos responsáveis pelo inquérito em curso, assim como todos os envolvidos serão identificados e ouvidos”, informa a pasta.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou logo depois da ação em Itajuípe que determinou a apuração dos fatos. O petista também lamentou a morte do agente de segurança e prestou solidariedade aos familiares dos policiais. "Lamento a morte do subtenente Alves, ontem, em Itajuípe, após confronto no qual outros PMs ficaram feridos. Tão logo tomei conhecimento, determinei às autoridades competentes a imediata apuração e esclarecimento do fato. Manifesto total solidariedade aos familiares das vítimas”, disse o governador da Bahia.
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