O Avante (antigo PTdoB) oficializou neste sábado (29) a candidatura do deputado federal André Janones (MG) à Presidência da República. Com um discurso contra ideologias, se posicionou como um presidenciável da terceira via que vai lutar pelos interesses do povo. O lançamento ocorreu em um evento do partido em Recife.
O pré-candidato fez diversas críticas às disputas ideológicas que, no entender dele, nunca colocaram o povo à frente das discussões políticas. Em um tom crítico ao presidente Jair Bolsonaro (PL), se disse decepcionado com a atual gestão do governo federal em um discurso que também alfinetou as gestões petistas.
"O país continuou refém das amarras ideológicas, apenas mudou de lado. Eram as amarras ideológicas da esquerda, depois passou a ser as amarras ideológicas da direita, mas o problema principal continuou. O povo continuou sendo coadjuvante em todas as discussões políticas, mas o povo não foi coadjuvante nos meus primeiros três anos de mandato de deputado", declarou Janones.
Em uma indireta às demais candidaturas da terceira via, Jaones disse que a sua será será diferente dos demais nomes postos no atual cenário eleitoral. "Nossa candidatura deveria ser apenas mais uma, mas não é, porque até aqui é a única candidatura que representa, de fato, os interesses do povo brasileiro", sustentou.
Quais as promessas de campanha de André Janones
O presidenciável do Avante colocou a diminuição das desigualdades sociais como o objetivo principal de sua candidatura. "Não dá para achar normal gente procurando comida no lixo e o meu compromisso é com essas pessoas que, hoje, procuram comida no lixo porque não tem o mínimo de dignidade", destacou.
André Janones deixou claro que não terá compromisso com as "cartilhas" da direita ou da esquerda. "Nenhuma ideologia, lembrem dessa frase, dá conta da realidade", alertou. "Na hora que os problemas são colocados frente a frente, você tem que deixar o ego de lado, a vaidade de lado, e entender que, naquele momento, talvez a solução vai estar na direita, talvez vai estar na esquerda", acrescentou.
O importante, no entendimento de Janones, é que a solução esteja sempre alinhada com os interesses do povo. "Meu compromisso não é com a cartilha da direita ou da esquerda, é com a cartilha do povo brasileiro, que quer comida na mesa, saúde, que quer educação. Então, a meta principal tem que ser diminuir a desigualdade social", comentou.
O presidenciável do Avante criticou os debates ideológicos no Congresso e manifestou defesa a pautas que possam reduzir os preços de alimentos e de combustíveis. "Estamos vendo a alta [do preço dos alimentos e do gás de cozinha] que vem sofrendo nos últimos tempos, mas a pessoa liga na TV Câmara e vê só discussão ideológica, sobre porte de armas, se vai liberar ou não, sobre ideologia de gênero, escola sem partido, e tantas outras coisas", declarou.
"O povo está preocupado em saber quando que nós vamos começar a ter uma redução no preço da gasolina, no valor do pacote de arroz, no valor do pacote de feijão, do gás de cozinha. O povo está preocupado em saber do pagamento do auxílio emergencial para saber se vai conseguir sobreviver à pandemia, que até agora não acabou. E as pessoas mais carentes deste país continuam sofrendo os efeitos nefastos que a pandemia provocou na economia", destacou Janones.
O que esperar da candidatura de André Janones
O Avante assegura que a pré-candidatura de André Janones não é um balão de ensaio eleitoral. Interlocutores do partido explicam à Gazeta do Povo que a cúpula fez os cálculos e acredita que seja possível disputar as eleições com uma chapa puro sangue.
Com Janones como cabo eleitoral, a legenda calcula que pode eleger pelo menos 11 deputados federais, número mínimo que os partidos terão de fazer nas eleições em outubro para não serem punidos pela cláusula de barreira.
Ou seja, diferentemente de outros partidos pequenos do Congresso, não existe a pretensão de o Avante compor alguma federação partidária com outros partidos. A legenda foi consultada pelo ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) sobre um apoio à sua candidatura, mas deixou clara sua intenção de manter a campanha de Janones.
A pré-candidatura de Janones é a sétima oficializada até o momento. As outras pré-candidaturas cravadas pelos partidos são as do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), do cientista político e empresário Felipe d'Ávila (Novo), do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), do ex-governador cearense Ciro Gomes (PDT), da senadora Simone Tebet (MDB-MS) e do presidente do partido Unidade Popular (UP), Leonardo Péricles.
Quem é André Janones e como ele está nas pesquisas eleitorais
André Janones é advogado e venceu sua primeira eleição em 2018, quando se elegeu deputado federal por Minas Gerais, com 178 mil votos. Foi o terceiro mais votado em seu estado, à frente de pesos-pesados locais como Patrus Ananias (PT), Newton Cardoso Júnior (MDB) e Aécio Neves (PSDB).
O triunfo em 2018 foi resultado de um trabalho nas redes sociais iniciado meses antes. Naquele ano, o Brasil registrou a greve nacional de caminhoneiros, que gerou impactos para a economia de todo o país e também promoveu lideranças que prestaram suporte aos profissionais do transporte de carga. Janones foi um deles. Com vídeos e publicações na internet em defesa dos caminhoneiros, ganhou projeção e se cacifou para a disputa eleitoral.
No Congresso, Janones também defendeu pautas de impacto popular. Esteve entre os parlamentares que apresentaram projetos de "corte na carne" no início da pandemia de coronavírus, para reduzir verbas destinadas à classe política e aplicá-las na rede pública de saúde. As iniciativas não saíram do papel.
Mais recentemente, o deputado se empenhou na aprovação da continuidade do pagamento do auxílio emergencial e na formulação do Auxílio Brasil, benefício que substituiu o Bolsa Família.
Janones foi a principal novidade da pesquisa sobre a eleição presidencial feita pelo Ipec e divulgada em dezembro. Ele apareceu com 2% das intenções de voto, o mesmo que Doria e à frente dos senadores e pré-candidatos Alessandro Vieira, Simone Tebet e Rodrigo Pacheco (PSD).
Metodologia da pesquisa do Ipec
A pesquisa eleitoral do Ipec, citada nesta reportagem, foi feita de 9 a 13 de dezembro e ouviu 2.002 pessoas em 144 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos para mais e para menos. O nível de confiança é de 95%.
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