Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) se organizam para realizar neste sábado (29), véspera do segundo turno, atos em apoio à reeleição dele e para pedir "eleições limpas". Parte dos apoiadores estão organizando motocarreatas em todo o país para defender a reeleição do presidente – do mesmo modo que foi feito em 1.º de outubro, véspera do primeiro turno. Outra parcela busca mobilizar manifestações em defesa de "eleições limpas", após a denúncia da campanha de Bolsonaro de que o presidente teria sido prejudicado na inserção de propaganda eleitoral em rádios.
Até a quinta-feira (27), a mobilização ainda estava mais nos bastidores e fechada em grupos de WhatsApp e Telegram. Os detalhes das manifestações só devem ser divulgados nesta sexta (28). Os coordenadores dos movimentos de rua estão divididos sobre a melhor forma de apoiar a reeleição de Bolsonaro no sábado.
A divisão dos movimentos de rua que apoiam Bolsonaro sobre a melhor forma de se manifestar já ocorria antes mesmo do episódio das inserções em rádios. Alguns grupos chegaram a convoca atos para o domingo passado (23). Mas as manifestações não ocorreram nas principais cidades. Prevaleceu o entendimento de que os atos iriam reunir quem já apoia o presidente e de que, naquele momento, a melhor estratégia era usar a militância para convencer indecisos e eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a votar em Bolsonaro.
Para este sábado (29), uma das discussões entre os apoiadores de Bolsonaro é se o foco das manifestações será a demonstração de apoio à reeleição ou a reivindicação de "eleições limpas".
Outra questão é se haverá manifestações de rua, em pontos específicos, ou motocarreatas, que circulam pelas cidades. As manifestações localizadas foram convocadas por alguns grupos conservadores, mas os principais movimentos de rua que apoiam Bolsonaro preferem as motocarreatas.
A ideia é que atos com carros e motos permitem mostrar o apoio a Bolsonaro em mais pontos de uma mesma cidade do que manifestação pontos específicos, além de serem logisticamente mais fáceis de organizar. Os defensores das motocarreatas acreditam que elas também podem estimular o comparecimento da população às urnas e até conquistar votos.
Já os que defendem as manifestações acreditam que a concentração popular seja uma demonstração de força mais impactante.
Integrante de movimento diz que ideia é focar na reeleição
O empresário Paulo Generoso, criador e coadministrador da página da internet República de Curitiba, afirma que foi iniciado um movimento de desmobilização das manifestações de rua e para incentivar seus organizadores a convocarem motocarreatas.
"Brasília, por exemplo, está cancelando [a manifestação de rua]. Não sei se em algum lugar será feito, mas é possível. Muitas cidades e movimentos querem fazer de forma espontânea, como sempre. Mas uma organização nacional [para atos de rua], como sempre teve, não está acontecendo", diz. "A orientação que passei para todos os grupos e os principais movimentos é focar nas motocarreatas."
O empresário reforça a intenção de convencer outros grupos a não concentrar as pessoas em manifestações. Ele entende que o objetivo de todos é somar esforços pela reeleição de Bolsonaro. "Queremos conversar para que algumas ajudas não acabem atrapalhando a campanha, mas entendo que mesmo os movimentos que querem manifestar querem somar. Está todo mundo imbuído nesse espírito de cooperar e ajudar de alguma forma."
"Não estamos preocupados em fazer uma manifestação para impressionar ninguém, mas em virar votos. Estamos trabalhando em adesivaços e de porta em porta no sentido de conseguir mais votos, e as motocarreatas se somam a esse esforço", diz Generoso. "Nossa orientação é focar nas eleições, e deixar a questão das urnas para as Forças Armadas e a questão das inserções nas rádios e o TSE para o jurídico da campanha."
A campanha de Bolsonaro apoia as motocarreatas e tem o mesmo entendimento que Generoso. Para a coordenação eleitoral do presidente, o momento é de ampliar os esforços pelas cidades em uma demonstração de força mais espaçada, não concentrada em um único ponto.
Agenda das motocarreatas deve ser definida nesta sexta
Segundo Paulo Generoso, os principais movimentos divulgarão as convocações para as motocarreatas nesta sexta-feira (28). Ainda que às vésperas de sábado, ele entende que isso não é um problema para engajar a população e levar os brasileiros às ruas.
"Vamos fazer divulgações à medida em que as confirmações forem chegando. Tem várias cidades organizando, inclusive em um grupo que queria fazer manifestação no Rio de Janeiro no sábado, mas aí alguns alertaram para a mobilização de motocarretas e que não teria como fazer protesto nenhum. Então, com certeza estaremos divulgando e nos empenhando para ter o máximo de pessoas", diz.
Apesar das articulações conduzidas por apoiadores de Bolsonaro como Paulo Generoso, a mobilização para os atos no sábado (29) não tem sido tão ampla como em outras ocasiões. Até a noite de quinta-feira (27) não havia a divulgação nas redes sociais dos movimentos sobre cidades, horários e pontos de concentração para motocarreatas ou manifestações – a programação para os atos da véspera do primeiro turno, por exemplo, já estava disponível a dois dias da manifestação.
O empresário Tomé Abduch, fundador e coordenador do movimento Nas Ruas, disse que há muita movimentação orgânica de apoiadores de Bolsonaro para se manifestar. Mas ele diz que seu movimento não está coordenando nenhum ato. "Mas havendo movimentações orgânicas, vamos participar", diz.
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), fundadora do Nas Ruas, disse não ter informação sobre nenhuma mobilização para o sábado. Líder do mesmo movimento no Rio de Janeiro, o ativista Anderson Bourner reforçou que, em seu estado, não está organizando nada.
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