Simone Tebet, o jornalista Carlos Nascimento (mediador do debate) e o presiddente Bolsonaro.| Foto: Reprodução/campanha de Simone Tebet
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) foram os maiores alvos de críticas no debate realizado neste sábado (24) entre os concorrentes ao Palácio do Planalto promovido por um pool de veículos de imprensa (SBT, CNN Brasil, O Estado de S. Paulo, Nova Brasil, Eldorado, Veja e Terra).

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Ausente no evento, o petista foi alvo de quase todos os presentes: Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil), Felipe D’Ávila (Novo) e Padre Kelmon (PTB). Bolsonaro, presente, também foi o mais criticado durante o debate.

No caso de Lula, os candidatos chamaram a atenção para os escândalos de corrupção nos governos do PT e reprovaram a atitude do ex-presidente de não participar do debate. D’Ávila chamou Lula de “campeão dos escândalos”, lembrando do mensalão e do petrolão. Thronicke classificou como “covardia” a ausência de Lula, “coisa de quem não gosta de trabalhar”. “Lula acha que já ganhou”, disse em seguida.

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Bolsonaro também foi confrontado, principalmente em razão do chamado “orçamento secreto” – a liberação de verbas indicadas por parlamentares sem clareza sobre destino e autor dos pedidos. O presidente disse que vetou o mecanismo, mas que o Congresso o restabeleceu.

Primeira a questioná-lo, Simone Tebet lembrou que Bolsonaro teria cortado dinheiro para merenda e creche para manter as emendas. “O Orçamento é feito a quatro mãos, Executivo e Legislativo. O orçamento [de 2023] ainda não foi votado. A senhora terá uma chance de ouro. Votou para derrubar meu veto ao orçamento secreto. Agora terá a chance de pegar e redistribuir para todos os ministérios. A responsabilidade de governar é do Executivo e Legislativo, somos irmãos nesse processo”, respondeu Bolsonaro à candidata do MDB

Ela negou ter votado a favor do orçamento secreto (e posteriormente sua assessoria enviou à imprensa documentos para comprovar isso). Simone Tebet, na tréplica, disse ainda que o orçamento secreto é uma forma de comprar apoio do Congresso, e que isso também é corrupção.

Mais à frente, Ciro Gomes comparou a situação deixada pelo PT ao governo Bolsonaro. “Bolsonaro se elegeu porque o Brasil vivia a um só tempo a mais grave crise econômica, e a mais generalizada percepção de ladroeira promovida pelo PT. E ele agora está também com a percepção de 70% do povo que o governo se entregou à corrupção e a crise econômica deriva do mesmo modelo.”

Com um direito de resposta, Bolsonaro se defendeu. “Me acusam de corrupto, mas não dizem de onde foi tirado esse dinheiro para corrupção. Mentiras. [Há] Gente posando aqui como vestais da moralidade. Ciro me acusa de corrupto. Ciro, a PF já bateu na tua porta e do teu irmão, por desvios do estádio do Castelão”, afirmou – o candidato do PDT disse que foi alvo de uma busca e apreensão, mas não acusado.

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Bolsonaro também buscou se defender na questão social. Em vários momentos, falou do Auxílio Brasil de R$ 600, mas foi lembrado por Simone Tebet que o governo queria um valor menor e que o aumento no benefício foi fruto de pressão do Congresso.

Padre Kelmon foi o único a elogiar o presidente. “A minha opinião é que o senhor tem ajudado muito o país. O que vemos aqui é um massacre, cinco partidos que se juntaram para bater num presidente da República. O presidente aumentou o poder de compra desse povo.”

Questionado sobre atos de violência na campanha, por parte de seus eleitores contra apoiadores de Lula, Bolsonaro disse que não pode ser responsabilizado. “Peço à torcida do Palmeiras: não briguem, caso contrário vou ser responsabilizado. Querer me responsabilizar por essas ações não tem cabimento”.

Outras críticas a Lula

No tema corrupção, as maiores críticas a Lula vieram de Felipe D’Ávila. Em certo momento, ele disse “está na hora de enquadrar o Supremo Tribunal Federal”. “O Supremo foi responsável por soltar Lula da Silva e deixar que um criminoso possa ser candidato a presidente da República, um criminoso que não respeita o povo brasileiro, não só pelos crimes de corrupção que cometeu, mas por não comparecer ao debate e defender suas ideias. Chega de Lula, chega desse Barrabás que vem assaltando a nação brasileira”, afirmou.

Simone Tebet criticou Lula por defender o “voto útil” para que seja eleito no primeiro turno. “Não pode ser votação pelo medo, mas pela esperança. Como vamos votar num candidato que não tem a coragem de vir a um debate apresentar as suas propostas num momento de maior complexidade da história? Vamos dar um cheque em branco, um tiro no escuro? Quem é este candidato que está vindo aí, que se recusa a debater com vocês de forma democrática?”

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Soraya Thronicke criticou Lula ao defender o agronegócio. Disse que o PT quer regulamentar a atividade e que um dos projetos é limitar exportação de carne. “Quem fez isso foi Argentina e Venezuela, foi desastroso.”

Ciro concordou. “Toda e qualquer perseguição ao agronegócio é um tiro no pé”, acrescentando que os governos petistas também desindustrializaram o país. “Lamento que o presidente Lula não esteja aqui. PT e governo Lula devastaram a indústria brasileira”.

Bolsonaro criticou Lula pela ligação com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega. “Na ONU, falei sobre a perseguição de religiosos, especificamente na Nicarágua, onde padres são presos, freiras são expulsas e rádios e TVs são fechadas. E o Ortega, o ditador, é amigo íntimo de Lula e Lula diz que essas questões, não devemos nos meter”, disse a Padre Kelmon. O candidato do PTB respondeu que o Brasil corre o mesmo risco. “O ditador da Nicarágua é amigo do grupo do Foro de São Paulo. E esse pessoal, não vi em nenhum momento esse pessoal da esquerda brasileira reclamar, falar, criticar. Todos em silêncio. Ou seja, são amigos, mais do mesmo.”

Bolsonaro critica ativismo do STF no debate

Questionado por um jornalista sobre sua relação com o Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro disse que “a judicialização contra o Executivo é uma coisa clara”. Sem citar os nomes dos ministros, lembrou da liminar de Alexandre de Moraes que derrubou a redução de IPI para milhares de produtos e a de Edson Fachin que suspendeu decretos que flexibilizaram o acesso a armas de fogo. “Em vez de propor ao Congresso, [opositores] recorrem diretamente ao Supremo. E lá, em questão de horas, derruba-se de forma monocrática. Essa questão é grave, atrapalha o Executivo. O STF tem que se preocupar com questões de constitucionalidade e deixar o governo ir para frente”.

Depois, disse que, se reeleito, o STF mudará. “O Supremo não é um poder que está imune a críticas. Eles fazem muita coisa errada, não é pouca não. Ciro [Gomes], se coloca no meu lugar: governar o país com um ativismo judicial como existe no STF... Tenham certeza, caso reeleito, indicarei mais dois para o Supremo, com quatro pessoas lá dentro pensando em prol do Brasil, o Supremo mudará a forma de agir, não mais intervirá tanto na vida de todos nós.”

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Ciro Gomes respondeu que o Brasil vive uma “baderna institucional” por “falta de autoridade”, com “intrusão do STF aqui e ali”. “Como é que se descobriu que o Lula não era para ser julgado em Curitiba cinco anos depois? Isso ninguém entende, mas a gente tem que respeitar. O problema é que as pessoas que estão ocupando a Presidência da República nos últimos anos têm contas com a Justiça e perdem completamente a autoridade para enfrentar. O filho do Lula foi acusado, o filho do Bolsonaro acusado. Ambos dependem da boa vontade de juízes que não julgam nunca.”

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]