Últimos programas da campanha de Bolsonaro e Lula na TV terminaram com apelos à emoção, ataques e defesa de legados.| Foto: montagem/YouTube
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A propaganda eleitoral na televisão terminou nesta quinta-feira (29) com um saldo de apelos à emoção, mais ataques do que propostas e muita defesa do legado das gestões de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ambos os candidatos usaram os programas das últimas duas semanas de campanha principalmente para criticar um ao outro, com alguns episódios mais propositivos.

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Neste último dia, em especial, as peças veiculadas pelas campanhas se diferenciaram pelo tom adotado ao pedir o voto do eleitor no próximo domingo (2).

A propaganda de Lula mencionou o desempenho do presidente em pesquisas eleitorais para dizer que a corrida ao Palácio do Planalto pode ser decidida ainda em primeiro turno. A peça mencionou problemas vividos pelo país nos últimos anos, como o aumento da fome e a pandemia de Covid-19. Foram exibidas imagens de artistas e outras celebridades, como Carlinhos Brown, Ivan Lins, Emicida, a escritora Djamilla Ribeiro e os ex-jogadores de futebol Juninho Pernambucano e Casagrande. Em sua fala, o ex-presidente disse que "o dia em que o Brasil vai voltar a sorrir está próximo".

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Já Bolsonaro usou pouco mais de um terço do tempo para dizer que “o outro lado” mente e faz promessas “absurdas” com o apoio da “grande mídia”. O atual presidente candidato à reeleição repetiu o discurso de seu legado, como a queda no preço dos combustíveis, o Auxílio Brasil “três vezes superior ao Bolsa Família”, entre outros, antes de efetivamente pedir para as pessoas votarem vestidas de verde-e-amarelo no domingo (2).

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Ataques cresceram junto das pesquisas eleitorais

O tom dos programas dos dias anteriores foi semelhante ao dos outros veiculados ao longo das últimas duas semanas. As narrativas foram ficando cada vez mais incisivas à medida que as pesquisas eleitorais ampliavam a distância entre Lula e Bolsonaro, como a do BTG/FSB divulgada na última segunda (26).

Enquanto Lula avançou quatro pontos porcentuais entre os dias 12 e 26 de setembro, chegando a 45% das intenções de voto, Bolsonaro se manteve estável nos 35%. (veja metodologias mais abaixo)

Em um dos programas daquela semana, a campanha de Lula o apresentou como injustiçado na condenação do então juiz Sergio Moro que o levou à prisão em 2017, como sendo uma “grande armação política” contra a sua candidatura à eleição presidencial. Impedido de concorrer com o ex-presidente, o PT lançou Fernando Haddad, que perdeu para Bolsonaro no segundo turno.

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Mas, o tom belicoso durou pouco no programa, e foi encerrado lembrando que o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou os julgamentos de Moro. Lula retomou o discurso otimista de seu legado e lembrou dos feitos nas políticas educacionais com a participação de Haddad – seu ex-ministro da educação.

Coincidência ou não, o programa de Bolsonaro neste dia foi inteiramente dedicado à anulação dos julgamentos do ex-presidente pelo STF. “Estão tentando fazer você acreditar em uma mentira”, disse o locutor sobre imagens de reportagens veiculadas em diversos canais de televisão, como Globo e Record, quando Lula foi condenado pelos casos de corrupção na Petrobras.

Também se utilizando de entrevistas de juristas veiculadas entre 2017 e este ano, a propaganda de Bolsonaro afirma que Lula não foi inocentado, e que os processos foram apenas anulados para serem “retomados em breve”.

Entre ataques e propostas

Desde então, o tom foi subindo com os gráficos das pesquisas. Enquanto Lula oscilou entre ataques ocupando um pequeno pedaço do programa com o restante reservado a propostas, Bolsonaro usou produções inteiras para lembrar das condenações do ex-presidente por corrupção na Petrobras.

Em uma delas, lembra de todos os aliados, ministros e dirigentes do PT presos em decorrência das investigações da operação Lava Jato – exceto Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Integração Nacional entre 2007 e 2010 que pertencia, e ainda pertence, ao MDB.

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É um tom semelhante ao usado por Lula em parte de seus programas, também mostrando aliados e ex-aliados de Bolsonaro envolvidos em casos como a suposta compra de 51 imóveis com dinheiro em espécie no valor de R$ 26 milhões, o "atraso" na compra de vacinas contra a Covid-19, o episódio em que o ex-ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, falou em “passar a boiada” em cima de políticas ambientais, entre outros.

Também citou o passado do então deputado federal Jair Bolsonaro, que, segundo a propaganda petista, foi “omisso” nos mandatos e que “só aprovou dois projetos em 26 anos de Congresso”.

No restante das peças veiculadas, Lula enalteceu o reconhecimento estrangeiro que o Brasil teve durante seu governo, fez propostas voltadas ao empreendedorismo e renegociação de dívidas dos brasileiros, entre outros.

Bolsonaro também usou partes de seus programas – daqueles que não dedicou inteiramente a ataques ao ex-presidente – para enaltecer seu legado e fazer novas propostas, como a construção de 20 mil quilômetros de ferrovias, a emissão de 400 mil títulos de propriedade aos produtores rurais brasileiros em assentamentos, o aumento salarial de 33% aos professores, entre outros.

Demais candidatos

Entre os outros postulantes à Presidência da República, o último programa do horário eleitoral foi destinado principalmente a agradecer a população e deixar um recado final sobre as plataformas políticas defendidas pelos candidatos.

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O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) disse que "continua apresentando propostas" para o país e disse esperar que o eleitor "não se renda ao medo". Ele falou que sua meta na campanha é derrotar "não só o Bolsonaro, mas o sistema que produziu Bolsonaro".

A senadora Simone Tebet (MDB), quarta colocada na pesquisa FSB-BTG, utilizou a propaganda para relembrar a sua trajetória política e novamente investir no mote de que seria a candidata "da união", em resposta à polarização liderada por Lula e Bolsonaro. Já Soraya Thronicke (União Brasil) disse que permanecerá na vida pública "fazendo o que é certo" e lutando contra o "risco que é perder a democracia" e "a liberdade para um governo autoritário". Felipe d'Ávila (Novo) declarou que a eleição é uma disputa entre bem e mal e Padre Kelmon (PTB) aproveitou o espaço para pedir apoio aos candidatos a deputado de seu partido.

Metodologias das pesquisas BTG/FSB

Pesquisa de 26 de setembro:
O Instituto FSB Pesquisa ouviu, por telefone, dois mil eleitores entre os dias 23 e 25 de setembro de 2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pelo banco BTG Pactual e está registrada no TSE com o protocolo BR-08123/2022.

Pesquisa de 12 de setembro:
O Instituto FSB Pesquisa ouviu, por telefone, dois mil eleitores entre os dias 9 e 11 de setembro de 2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pelo banco BTG Pactual e está registrada no TSE com o protocolo BR-06321/2022.