Encerrado o período da janela partidária, em que os deputados podem trocar de legenda sem o risco de perda de mandato, as campanhas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fazem os cálculos dos efeitos das novas composições no Congresso. As mudanças podem impactar nas alianças regionais dos candidatos da disputa presidencial deste ano.
O Partido Liberal, de Bolsonaro, foi o maior beneficiado pelas trocas e passou de uma bancada de 33 deputados para 73. Com um saldo de 40 novos parlamentares, a legenda agora detém a maior bancada da Câmara dos Deputados.
O principal movimento ocorreu de deputados que integravam o União Brasil, sigla resultado da fusão do PSL com o DEM. A nova sigla do presidente também atraiu deputados de partidos como PTB, Solidariedade, Patriota, Podemos e Pros.
"Eu fico pensando na sorte que nós tivemos de poder recebê-lo [Bolsonaro] no nosso partido. Eu nunca pensei que íamos chegar aonde nós estamos chegando, independentemente de qualquer coisa, porque o eleitor do Bolsonaro é fiel. E, aconteça o que acontecer, o resultado vai vir. É por isso que nós temos que ser fiéis ao Bolsonaro, fazer tudo o que ele pede, tudo o que ele precisa, para podermos retribuir o que ele fez por nós", disse o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto.
Além do PL, outros partidos do Centrão que integram a base do governo no Congresso saíram com saldo positivo da janela partidária. O Progressistas (PP), ampliou a sua bancada de 38 para 50 deputados. Já o Republicanos cresceu de 30 para 45 parlamentares.
Para os aliados do governo, essa nova composição vai fortalecer a candidatura à reeleição de Bolsonaro em diversos estados do país. A expectativa é de que esses parlamentares atuem como cabos eleitorais do presidente em seus redutos eleitorais.
"Muito bacana a gente poder ver o partido crescendo fortemente em todos os estados. O projeto do nosso presidente Bolsonaro está com força. Recebemos pessoas experientes, que tratam de diversos temas como suas prioridades. Isso engradece e fortalece o partido", defendeu o líder do PL na Câmara, deputado Altineu Cortês (RJ).
Esquerda encolhe e janela partidária acende alerta na cúpula do PT
Se por um lado a janela partidária ampliou a base do presidente Bolsonaro, a movimentação dos deputados acendeu um alerta na cúpula do PT. Reservadamente, líderes petistas admitem que a liderança do ex-presidente Lula nas pesquisas eleitorais não foi suficiente para atrair uma nova leva de deputados para a sigla.
Ao todo, o PT filiou apenas dois novos deputados, saltando de 54 para 56 parlamentares. Com isso, a sigla de Lula terá a segunda maior bancada da Câmara. Além disso, outros partidos que negociam apoio à candidatura petista para o Palácio do Planalto terminaram o período de trocas com saldo negativo em suas bancadas.
O PSB, por exemplo, perdeu sete parlamentares e encolheu sua bancada de 32 para 25 integrantes. A sigla filiou o ex-governador Geraldo Alckmin, mas o ex-tucano não conseguiu levar políticos de peso com ele. Apesar disso, o PSB comemorou a filiação do vice-governador Carlos Brandão, que estava no PSDB e disputará o governo do Maranhão, e do senador Dario Berger, que deixou o MDB e vai concorrer ao governo de Santa Catarina.
"Ele [Alckmin] vai agregar muito pelas relações e pelo respeito que ele tem de diversas alas da sociedade. Alckmin traz um peso muito grande para o partido", defendeu o ex-deputado Jonas Donizette, presidente estadual do PSB em São Paulo.
Já o Partido Verde (PV), que está em processo de federação com o PT, praticamente renovou a sua bancada de deputados. A sigla tinha quatro parlamentares, mas acabou perdendo três integrantes. Apesar disso, conseguiu filiar outros cinco deputados. Já o PCdoB, que também vai se federar com o partido de Lula, perdeu um deputado e agora tem uma bancada com apenas sete nomes.
Vice-líder da minoria na Câmara, o deputado Afonso Florence (PT-BA) sinaliza que o crescimento da base de Bolsonaro deve ser levado em conta, mas o foco está na candidatura de Lula. "É só um jogo de entra e sai dos partidos da base de Bolsonaro. Para nós, do PT, o que está em questão é se a candidatura do ex-presidente Lula cresce", afirmou.
Lula cobra mobilização de centrais sindicais para renovar o Congresso
Na esteira das trocas partidárias, Lula cobra mobilização por parte das centrais sindicais para ampliar o espaço da esquerda no Congresso.
“O PT, que era o maior partido no Congresso, tem 56 deputados, de 513. A esquerda toda tem 100 e poucos. Só o Valdemar da Costa Neto [presidente do PL] tem agora 73 deputados. Ou seja, os partidos deixaram de ser partidos e viraram cooperativas de deputados. O que vale é a repartição do fundo eleitoral”, disse o ex-presidente durante evento da Central Única dos Trabalhadores (CUT) nesta segunda-feira (4).
De acordo com Lula, a recomposição do Congresso será necessária para um eventual governo petista. “O que quisermos fazer terá de passar pelo Congresso. Se a gente não mudar o Congresso não dá para fazer as reformas que precisamos. Se não tivermos número [maioria], não faz” disse Lula ressaltando que a eleição de deputados e senadores será ainda "mais importante" neste ano.
"Farei na campanha a construção da ideia de que o povo não pode votar nos mesmos. E o movimento sindical pode dar uma contribuição extraordinária para dizermos o que queremos", completou Lula.
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