O presidente Jair Bolsonaro indicou, na segunda-feira (21), que o ministro Braga Netto (Defesa) será o candidato a vice-presidente em sua chapa nas eleições de outubro. Em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro disse que seu vice nasceu em Belo Horizonte e estudou em colégio militar, duas características que se encaixam em Braga Netto. Em outro trecho da entrevista, afirmou que busca "ter um vice que não tenha ambições de ocupar a minha cadeira".
A segunda afirmação de Bolsonaro se relaciona com o perfil do ministro e com a trajetória que o levou a ser cotado como vice-presidenciável. Braga Netto é general do Exército com longa e bem-sucedida carreira militar. Mas, desde que passou a integrar o primeiro escalão do governo Bolsonaro, também foi eficiente como burocrata. Se mostrou um leal apoiador do presidente e ajudou a apagar incêndios – muitos deles provocados por apoiadores de Bolsonaro. "Para você também, não deixa de ser mais um desafio, você sai da parte bélica e vai para a burocracia”, disse Bolsonaro a Braga Netto durante discurso na cerimônia de posse do general como ministro da Casa Civil, em fevereiro de 2020.
A Casa Civil foi a porta de entrada de Braga Netto no governo. Ele assumiu a pasta em substituição a Onyx Lorenzoni, atual ministro do Trabalho, e até então um dos braços-direitos de Bolsonaro. Lorenzoni caiu após uma série de desgastes que envolveram seu ministério, como a viagem que seu assessor Vicente Santini fez em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).
Braga Netto assumiu a Casa Civil e a conduziu com discrição. Permaneceu na função até março de 2021, quando migrou para o Ministério da Defesa . Novamente, foi para o cargo na tentativa de conter uma crise. O problema instalado na pasta se deu após seu antecessor, Fernando Azevedo e Silva, se indispor com Bolsonaro por, segundo divulgado à época, se recusar a utilizar as Forças Armadas como instrumento político. Na ocasião, Bolsonaro vivia às turras com governadores e prefeitos por conta de medidas restritivas de circulação, motivadas pela pandemia de coronavírus.
Azevedo saiu, Braga Netto foi empossado e um de seus primeiros atos foi divulgar uma nota defendendo a celebração do golpe militar de 1964.
Com pouco tempo de função teve que lidar com o pedido coletivo de demissão dos comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica. Mais uma vez, a motivação para a disputa seria a discordância sobre o modo de atuação das Forças Armadas. A crise, que teve seu ápice em abril de 2021, foi citada como a maior ocorrida nas Forças Armadas desde o regime militar, mas acabou contida e não gerou muitos efeitos práticos depois disso.
Como ministro da Defesa, Braga Netto foi um pouco menos discreto do que havia sido na Casa Civil – mas ganhou pontos com Bolsonaro por se mostrar sempre leal ao presidente. Um episódio que simboliza a afinidade entre os dois ocorreu em julho do ano passado, quando ele teria se encontrado com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para pressioná-lo a pautar o projeto que instituía o voto impresso no Brasil. O questionamento do sistema atual de urnas eletrônicas é uma prática corriqueira de Bolsonaro e seus apoiadores.
A afinidade de Bolsonaro com Braga Netto teve como consequência negativa ao ministro sua inclusão na extensa lista de indiciados da CPI da Covid. O ministro foi citado no texto da comissão pelo suposto crime de epidemia com resultado de morte. Segundo a CPI, a responsabilidade de Braga Netto se deu pelo fato de ele ser o titular da Casa Civil durante a aquisição de vacinas contra a Covid-19 e a tentativa de modificação da bula da cloroquina, para incluir no texto a informação de que o medicamento seria eficaz contra a doença.
Interventor no Rio, chefe da defesa na Polônia
Quando Braga Netto foi anunciado como ministro da Casa Civil, recebeu um inusitado elogio do deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), opositor do governo federal. O parlamentar disse que o general era "um sujeito de diálogo, que possui muito mais sensatez que 90% dos ministros de Bolsonaro.”
O elogio de Freixo ocorreu em função da relação que ele teve com Braga Netto quando o atual ministro exerceu a função que lhe deu a maior notoriedade até a chegada ao Palácio do Planalto. Braga Netto foi, em 2018, o interventor na segurança pública do estado do Rio de Janeiro. O cargo foi uma novidade. Embora previstas na Constituição, as intervenções em estados não haviam ocorrido no Brasil desde a redemocratização do país.
Braga Netto foi escolhido pelo então presidente Michel Temer (MDB) para o posto e, no comando da segurança do Rio, registrou resultados positivos e também controvérsias. Crimes como latrocínios e homicídios tiveram seus índices reduzidos ao longo daquele ano. Por outro lado, foi durante o período de Braga Netto que a vereadora Marielle Franco (Psol) foi assassinada, caso que permanece sem solução plena até os dias atuais. O general também foi contestado por empreender poucas medidas de combate às milícias.
A experiência como interventor não foi a primeira de importância que Braga Netto exerceu no Rio de Janeiro. Ele havia sido, entre 2013 e 2015, o coordenador-geral da assessoria especial para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio, em 2016.
Antes, também desempenhou cargos como adido de defesa e Exército nas embaixadas brasileiras na Polônia e nos EUA, e serviu em uma missão da Organização das Nações Unidas (ONU) em Timor Leste, na Ásia. Quando foi chamado para a Casa Civil, ocupava o posto de chefe do Estado‐Maior do Exército.
Braga Netto é ainda formado pela Academia Militar das Agulhas Negras, na turma de 1978 – um ano antes de Jair Bolsonaro concluir seu curso.
Justiça do Trabalho desafia STF e manda aplicativos contratarem trabalhadores
Parlamento da Coreia do Sul tem tumulto após votação contra lei marcial decretada pelo presidente
Correios adotam “medidas urgentes” para evitar “insolvência” após prejuízo recorde
Milei divulga ranking que mostra peso argentino como “melhor moeda do mundo” e real como a pior
De político estudantil a prefeito: Sebastião Melo é pré-candidato à reeleição em Porto Alegre
De passagem por SC, Bolsonaro dá “bênção” a pré-candidatos e se encontra com evangélicos
Pesquisa aponta que 47% dos eleitores preferem candidato que não seja apoiado por Lula ou Bolsonaro
Confira as principais datas das eleições 2024
Deixe sua opinião