Em propaganda eleitoral veiculada na tarde e noite desta segunda-feira (10), a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, de já ter defendido o aborto de um dos seus filhos em uma entrevista.
A entrevista em questão é de fevereiro de 2000, e foi regatada pela campanha petista. Nela, Bolsonaro declarou que o aborto seria uma "decisão do casal"; ao ser indagado pela repórter se já tinha passado por alguma situação relacionada a essa decisão, disse que sim, no caso do seu quarto filho, Jair Renan Bolsonaro, que na época da entrevista tinha dois anos. "Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi de manter”, respondeu. A companheira do atual presidente na época era Ana Cristina Valle.
Bolsonaro tem como uma de suas bandeiras ser contrário à legalização do aborto, e durante a campanha eleitoral tem enfatizado esse posicionamento, assim como acusado Lula de ser favorável à ampliação das permissões à prática abortiva no país.
Em sabatinas e debates, Bolsonaro tem repetido que é contrário ao aborto, à legalização das drogas e à ideologia de gênero. Na última quinta-feira (6), o candidato à reeleição publicou em suas redes sociais que “Aborto é, sobretudo, a destruição do futuro, pois não existe futuro quando não se tem o direito de existir”. “A vida começa na concepção. Neste momento já somos quem sempre seremos: únicos e com alma. Essa é uma verdade permanente, independente de ser ano eleitoral ou não!”, prosseguiu.
Já Lula, na tentativa de conquistar apoio do eleitorado cristão, predominantemente contrário ao aborto, tem focado na pauta de costumes, acenado a evangélicos e católicos e, principalmente, mudado seu discurso em relação ao aborto. Na última sexta-feira (7), primeiro dia da propaganda eleitoral na TV e no rádio neste segundo turno, Lula disse que é contrário à realização do procedimento.
Entretanto, em outras ocasiões o petista já deu diversas declarações a favor do aborto. A campanha de Bolsonaro inclusive, já deu destaque a falas do ex-presidente sobre o assunto. Em um dos programas eleitorais de Bolsonaro, veiculado no início de setembro, o vídeo resgatou uma declaração de Lula feita em abril deste ano em que o petista se manifestou favoravelmente à liberação da prática no Brasil:
“E a madame, ela pode fazer um aborto em Paris. Aqui no Brasil ela não faz porque é proibido, quando na verdade deveria ser transformado numa questão de saúde pública, e todo mundo ter direito”, afirma o ex-presidente. A fala de Lula ocorreu durante o debate "Brasil-Alemanha – União Europeia: desafios progressistas – parcerias estratégicas", realizado pela Fundação Perseu Abramo, ligada do Partido dos Trabalhadores (PT), e a Fundação Friedrich Ebert, uma entidade alemã.
Nessa mesma inserção, a campanha de Bolsonaro mostrou outra declaração de Lula no mesmo evento a respeito de temas caros a conservadores. “Essa pauta da família, a pauta dos valores, é uma coisa muito atrasada”.
Programa de Bolsonaro foca na região Nordeste
Já a propaganda veiculada pela campanha de Bolsonaro nesta segunda foi, assim como o programa de sábado (8), direcionada à região nordestina.
Na inserção, a campanha apresenta feitos da gestão de Bolsonaro como a criação do Auxílio Brasil de R$ 600; o auxílio gás que “paga 100% do valor do botijão”; a conclusão das obras de transposição do Rio São Francisco, que “ficaram paradas por mais de uma década nos governos do PT de Lula e Dilma” por conta da corrupção, segundo o programa; e a entrega de mais de 420 mil títulos de posse de terra a assentados, lembrando dos episódios de invasão do MST, entre outros.
O vídeo cita, ainda, propostas de campanha para a região, como a construção de usinas de energia limpa em alto mar, que, segundo a propaganda, gerariam dois milhões de novos empregos. “O Nordeste tem um potencial enorme, um povo maravilhoso. Benfeitorias continuarão aparecendo para vocês no nosso governo. Somos o Brasil de uma só cor, de uma só raça e de um só povo”, diz Bolsonaro no vídeo.
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