O lançamento de pré-candidaturas da chamada terceira via ao Palácio do Planalto não inibe que apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) que estão nesses partidos continuem declarando apoio ao atual presidente. Políticos de MDB (que lançou a senadora Simone Tebet), União Brasil (que tem o deputado Luciano Bivar como pré-candidato) e PSDB (que deve apoiar a emedebista) permaneceram em suas agremiações mesmo não concordando com as candidaturas próprias ao Executivo nacional. Eles dizem estar "fechados" com Bolsonaro e devem contrariar qualquer orientação oficial dos seus partidos.
A relação dos defensores de Bolsonaro que não pertencem a partidos da base formal aliada é ampla, com nomes de Norte a Sul do Brasil e também concorrentes a diferentes cargos nas eleições de outubro. Para governos estaduais, alguns exemplos são os atuais gestores Wilson Lima (AM) e Marcos Rocha (RO), ambos do União Brasil e pré-candidatos à reeleição. Também está nesta mesma situação Eduardo Riedel, ex-secretário de Infraestrutura do Mato Grosso do Sul e pré-candidato ao governo local pelo PSDB.
No Congresso, um exemplo é o deputado federal Alan Rick (União Brasil), que é pré-candidato ao Senado pelo Acre. A deputada estadual Janaína Riva (MT), vice-presidente do MDB do seu estado, também declarou voto em Bolsonaro e justificou que a pré-candidatura de Simone Tebet "surgiu de última hora".
Justificativas para apoiar Bolsonaro variam
Os defensores de Bolsonaro que estão em partidos com outros presidenciáveis apresentam como motivos para seus posicionamentos fatores que incluem a identificação com a linha de trabalho do presidente, a rejeição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e também a adequação a quadros políticos locais.
Essa última justificativa é citada pelo tucano Eduardo Riedel. Ele terá como parceira de chapa a deputada Tereza Cristina (PP), que é pré-candidata ao Senado e que foi ministra da Agricultura de Bolsonaro. Além de manter o que chama de "parceria histórica" com Tereza Cristina, Riedel terá como adversário ao governo local o ex-governador André Puccinelli, do MDB de Simone Tebet. O quadro, naturalmente, inibe a aproximação entre MDB e PSDB no estado – e tem sido um dos motivos que pode levar os tucanos a não apoiar a candidatura de Tebet.
Riedel já apoiava Bolsonaro quando o ex-governador João Doria (SP) ainda era pré-candidato pelo PSDB, e declarou que a desistência do paulista indicou que "a melhor decisão é liberar o partido" para que seus filiados escolham como se posicionar na disputa presidencial. "Devemos priorizar o que pode nos tornar, de novo, um partido nacional com peso e voz: seus governadores, suas bancadas, sua presença decisiva no Congresso Nacional", declarou.
Já a deputada Janaína Riva, de Mato Grosso, não vê uma candidatura presidencial como prioridade no MDB. Ela afirmou que não sente desconforto em permanecer no partido. A parlamentar declarou que também não tratará a corrida presidencial como foco maior ao longo do ano. "Tenho muitos apoiadores que não compartilham da mesma ideia do que eu. Muitos defendem Lula, outros estão com a própria Simone", disse.
Para Janaína, o quadro eleitoral de 2022 caminha para a polarização entre Lula e Bolsonaro e, com isso, as lideranças políticas são "obrigadas pelo eleitor" a optar por um dos favoritos na disputa.
O vínculo entre Bolsonaro e o agronegócio, segundo ela, é um dos elementos que a motiva a votar no presidente. "Várias demandas do setor são compatíveis com as bandeiras do presidente, como o combate a invasões de propriedade privada, o favorecimento ao armamento dos produtores rurais e a regularização fundiária", justificou a deputada estadual de Mato Grosso.
Os apoiadores de Bolsonaro que estão em partidos com outros presidenciáveis também explicam por que não aproveitaram a janela partidária para migrar, sem risco de perda de mandato, para uma agremiação que compõe a base do presidente – como PTB, PP, Republicanos ou PL.
Janaína Riva disse que se sente à vontade no MDB, partido que, segundo ela, "dá a possibilidade de escolher o que defender com liberdade". A deputada ressaltou que outros expoentes do partido defendem a candidatura de Lula, como o senador Renan Calheiros (AL) e o ex-senador Eunício Oliveira (CE). Ela contou que pensou em mudar de partido, mas por questões locais, não por aproximação com os projetos presidenciais.
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