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Candidatos SP RJ
Campanhas dos candidatos ligados a Bolsonaro aos governos de SP e RJ oscilaram entre discursos mais efusivos e comedidos no 7 de Setembro.| Foto: Reprodução/Facebook

Os candidatos aos governos dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro mais alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) fizeram questão de participar dos atos de 7 de Setembro no meio das manifestações, mas com atuações um pouco diferentes entre eles. Tanto na Avenida Paulista como em Copacabana, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Claudio Castro (PL), respectivamente, puxaram coro a favor do candidato à reeleição junto de aliados locais.

Em São Paulo, Freitas foi mais efusivo em cima do caminhão de som, acenando para o público e discursando sobre os feitos do governo Bolsonaro, como o "resgate dos valores da família", o patriotismo, a recuperação econômica e alguns dos slogans de campanha. Depois, desceu para a avenida para cumprimentar e tirar fotos com os apoiadores.

Pelas redes sociais, o candidato classificou o evento como “gigante”. “Mostramos o quanto o Brasileiro e o Paulista amam essa pátria. Democraticamente, celebramos os 200 anos da nossa independência numa festa que tomou as ruas de todo o país”, completou.

Foi num tom mais intenso do que seu par carioca, Claudio Castro, que também participou da manifestação em Copacabana, mas foi mais contido nas declarações. Ele se limitou a comentar que o 7 de Setembro é dia de comemorar “a independência do Brasil e também de celebrar a independência que estamos conquistando em nosso estado”, sem citar os demais atos na cidade e em Brasília.

Por outro lado, alguns correligionários participaram e enalteceram a manifestação no Rio de Janeiro, como Thiago Gagliasso, candidato a deputado estadual pelo PL que aproveitou para tirar fotos com os participantes, e Douglas Gomes (PL), vereador em Niterói, que subiu no carro de som para discursar.

Desempenho nas pesquisas explica comportamento diverso

Essa diferença de atuação nas manifestações entre Tarcísio de Freitas e Claudio Castro se explica principalmente nas pesquisas, como nas mais recentes divulgadas pela Quaest e pelo Ipec nesta semana (veja metodologias mais abaixo).

Em São Paulo, Freitas tem uma diferença de 13 pontos nas intenções de voto para Fernando Haddad (PT), que lidera a corrida ao governo estadual segundo a Quaest. Já no Rio, Claudio Castro aparece na primeira posição do Ipec com 37%, à frente de Marcelo Freixo (PSB) com 22%.

“O Tarcísio precisou fazer esse esforço de subir no caminhão de som discursar para se movimentar frente a Haddad, enquanto que o Claudio não deu tanta amplitude ou divulgação por estar em uma situação mais confortável, com uma diferença mais razoável para o Freixo. Se aparecesse de modo mais explícito, poderia prejudicá-lo", analisa Caio Morau, professor de direito da Universidade Católica de Brasília (UCB), advogado, mestre e doutorando pela USP.

Os atos tanto de São Paulo como do Rio de Janeiro e, principalmente, de Brasília, refletiram diretamente nas campanhas dos principais concorrentes. Haddad e aliados publicaram nas redes sociais diversas mensagens criticando o tom adotado nos discursos, como “trágica conjunção de fatores que nos trouxe ao bicentenário da independência com um ser patético, autoritário e corrupto ocupando a presidência da República”, disse o candidato ao governo paulista.

Rodrigo Garcia (PSDB), terceiro colocado na corrida ao Palácio dos Bandeirantes com 15% das intenções de voto, segundo a Quaest, foi mais contido, mas não deixou de citar que “precisamos continuar vigilantes pra manter nossa liberdade e caminhar sempre pra frente”.

A correligionária Mara Gabrilli (PSDB), senadora do estado e vice na chapa de Simone Tebet (MDB), foi mais direta e disse à Gazeta do Povo que Bolsonaro “não saiu da sua bolha, não ganhou votos. E mostrou imenso desrespeito pelo Brasil e pelas mulheres”.

O mesmo tom de Garcia foi adotado por Freixo no Rio de Janeiro, que se limitou a dizer que o 7 de Setembro “é o dia de todos os brasileiros! A vida no RJ vai melhorar”. Aliados do PSB também não se pronunciaram sobre os atos.

Como atos do 7 de setembro devem impactar as pesquisas

Embora os discursos de Bolsonaro em Brasília e no Rio de Janeiro tenham sido criticados por alguns dos candidatos das disputas regionais e pelos presidenciáveis, Caio Morau acredita que os atos desta quarta (7) pouco devem impactar nas campanhas e, principalmente, nos votos.

“Os candidatos a governador já tem estabelecidos o eleitorado que pretendem nesta reta final. Os aliados de Bolsonaro que estão disputando os governos estaduais vão usar os atos pra si, vão tomar os discursos inflamados de ontem [quarta, 7] pra mostrar que suas ideias têm guarida em nível nacional, e os opositores nos estados, como Haddad em São Paulo e Freixo no Rio, vão bater forte no conteúdo dos atos, criticando da maneira que for mais conveniente”, acredita.

Esse pouco impacto, na opinião de Caio, se dá por conta, principalmente, da quantidade de eleitores que já se dizem convictos dos seus votos, tanto em nível nacional como nos estados. Já entre os indecisos, os atos podem tanto conquistar como repelir nas escolhas.

“As pessoas podem pensar que, diante do que aconteceu e do teor das manifestações, ‘agora eu sei que não voto’ ou ‘que eu votarei’. Pode ter um reflexo para os dois caminhos, é uma caixinha de surpresas. Precisamos acompanhar as próximas pesquisas”, completa.

Metodologias das pesquisas citadas

Genial/Quaest
A pesquisa encomendada pela Genial Investimentos a Quaest Pesquisa e Consultoria entrevistou presencialmente 2 mil pessoas, entre os dias 2 e 5 de setembro de agosto. A margem de erro do levantamento é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%, sob o registro na Justiça Eleitoral com os números SP-04685/2022 e BR-05452/2022.

Ipec
O Ipec entrevistou pessoalmente 1.504 mil eleitores entre os dias 3 a 6 de setembro de 2022. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e está registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com os protocolos RJ-01599/2022 e BR-02442/2022.

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