O período de convenções partidárias terminou na última sexta-feira (5) com doze candidatos a presidente aprovados pelas legendas. Agora, os partidos têm até o dia 15 de agosto para registrar as candidaturas junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Entre os aprovados nas convenções, André Janones (Avante) acabou desistindo da candidatura para apoiar a chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Outra desistência foi a de Luciano Bivar, do União Brasil, mas a legenda acabou lançando Soraya Thronicke em seu lugar.
Já Roberto Jefferson (PTB) surpreendeu, lançando sua candidatura na última semana das convenções mesmo estando em prisão domiciliar.
Veja abaixo, em ordem alfabética, quem são os candidatos e os partidos que os apoiam:
Ciro Gomes (PDT)
Vice: Ana Paula Matos (PDT), vice-prefeita de Salvador (BA).
Ciro disputa a Presidência pela quarta vez. Anteriormente, tentou o cargo em 1998, 2002 e 2018, obtendo o terceiro lugar nas três ocasiões.
Formado em Direito pela Universidade Federal do Ceará, Ciro iniciou sua carreira na política em 1983, ano em que elegeu-se deputado estadual. Seu pai, José Euclides Ferreira Gomes Júnior, foi prefeito de Sobral (CE), cidade em que o candidato cresceu.
Após o mandato como deputado, Ciro também foi eleito para ser prefeito de Fortaleza, governador do Ceará e deputado federal. Além disso, foi ministro da Fazenda em 1994; e ministro da Integração Nacional no primeiro mandato de Lula como presidente.
Apesar de ter sido um aliado do PT, Ciro tem feito críticas frequentes a Lula. A postura acabou implodindo uma aliança de anos entre o PDT e o PT no Ceará.
Ciro vai pra disputa presidencial deste ano sem apoio de uma coligação em nível nacional.
Eymael (DC)
Vice: João Barbosa Bravo, economista e ex-prefeito de São Gonçalo.
José Maria Eymael disputa a Presidência pela sexta vez. Presidente nacional do DC (Democracia Cristã), o político também é advogado e empresário.
Eymael disputou uma eleição pela primeira vez em 1985, quando concorreu à prefeitura de São Paulo. Ele não foi eleito, mas, naquele pleito, usou pela primeira vez o jingle que é sua marca até hoje: “Ey, Ey, Eymael, um democrata cristão”.
O candidato foi eleito deputado federal por São Paulo em 1986. Naquele mandato, participou da Assembleia Nacional Constituinte. Em 1990 foi reeleito para o mesmo cargo. Depois, não ocupou mais cargos públicos. Eymael também não terá apoio de outros partidos em sua tentativa de chegar ao Palácio do Planalto.
Felipe D’Avila (Novo)
Vice: Tiago Mitraud (Novo)
Empresário, Felipe D’Avila é cientista político e fundador do CLP (Centro de Liderança Pública), uma organização sem fins lucrativos dedicada à formação de líderes políticos.
Neto do já falecido ex-deputado federal João Pacheco Chaves, D’Avila é irmão do deputado estadual Frederico D’Avila, de São Paulo. Frederico é um aliado de Jair Bolsonaro. Do outro lado, o candidato é primo da ex-deputada Manuela D’Avila (PCdoB), que foi vice da chapa de Fernando Haddad (PT) na disputa pela Presidência em 2018.
Felipe D’Avila é visto como um candidato que pode apaziguar divisões internas no Novo.
Ainda pré-candidato, ele afirmou que sua intenção era “romper com o populismo de direita e de esquerda”. Ele disputará a eleição presidencial sem alianças com outros partidos.
Jair Bolsonaro (PL)
Vice: General Walter Braga Netto (PL)
Partidos na coligação: PP e Republicanos
Atual presidente da República, Bolsonaro disputa a reeleição em 2022. Ele foi eleito em 2018 no segundo turno, vencendo Fernando Haddad (PT). Apesar de se apresentar, naquela ocasião, como um “outsider”, Bolsonaro já tinha longa carreira na vida pública. Ele já havia sido vereador pela cidade do Rio de Janeiro entre 1989 e 1991, além de ocupar uma vaga de deputado federal por sete mandatos.
Militar da reserva formado na Academia Militar das Agulhas Negras, Bolsonaro ganhou notoridade por defender pautas conservadoras. O presidente já fez elogios à ditadura militar, defende o porte de armas e é contra o aborto.
Durante sua gestão, Bolsonaro promoveu a Reforma da Previdência e Lei da Liberdade Econômica e criou o programa Verde e Amarelo, de estímulo ao emprego. Outras reformas prometidas por ele, como a administrativa e a tributária, porém, não avançaram no Congresso.
Seu mandato também foi marcado pela pandemia de Covid-19. Nesse período, o presidente defendeu a autonomia médica e o uso de medicamentos para tratamento precoce da doença sem eficácia comprovada. Bolsonaro se colocou contra as quarentenas e confinamentos, decretados por prefeitos e governadores em praticamente todo o país em períodos de alta dos casos da doença, entre 2020 e 2021, em tentativa de frear a propagação da Covid-19.
Para minimizar o impacto dos fechamentos na economia, o governo distribuiu auxílio emergencial de R$ 600 em 2020 e de R$ 300 em 2021. Mais recentemente, o auxílio emergencial e o Bolsa Família foram substituídos pelo Auxílio Brasil, de R$ 400 mensais – que temporariamente (agosto a dezembro) será de R$ 600.
A conduta do governo durante a pandemia motivou a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso. No relatório final, a comissão atribuiu nove crimes a Bolsonaro. A PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu o arquivamento das apurações, afirmando não haver indícios de tais crimes.
Ao longo de seu mandato, Bolsonaro também teve vários conflitos com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial Alexandre de Moraes, que ordenou as prisões de aliados do presidente, como o deputado Daniel Silveira (PTB), e incluiu Bolsonaro em um inquérito do STF que investiga disseminação de notícias falsas sobre a vacinação contra Covid-19. Mais recentemente, a votação eletrônica se tornou ponto de distensão entre o Executivo e o Tribunal Superior Eleitoral.
Bolsonaro vai tentar a reeleição com o apoio de uma coligação batizada de "Pelo bem do Brasil", integrada por PL, PP e Republicanos, o que deve dar ao candidato à reeleição o segundo maior tempo de propaganda eleitoral gratuita em rádio e TV.
Leonardo Péricles (UP)
Vice: Samara Martins (UP)
Técnico em mecatrônica, Péricles já atuou em movimentos estudantis e no MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) de Belo Horizonte (MG).
Na capital mineira, já foi candidato a vereador em 2008, mas não foi eleito. Em 2020, foi vice de Áurea Carolina (Psol) na disputa pela prefeitura de BH.
Entre as propostas defendidas pelo candidato para a Presidência estão a suspensão do pagamento da dívida pública, a taxação de grandes fortunas, a revogação das reformas trabalhista e da Previdência e a desmilitarização das polícias. Péricles não terá apoio de outros partidos.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Vice: Geraldo Alckmin (PSB)
Partidos na coligação: PSB, PCdoB, PV, Psol, Solidariedade, Rede, Agir e Avante
Principal nome do PT, Lula já foi presidente do Brasil por dois mandatos, entre 2003 e 2010. Metalúrgico, ele iniciou sua militância no movimento sindical em São Bernardo do Campo (SP). Tentou eleger-se presidente em outras três eleições anteriores (1989, 1994 e 1998), sem sucesso.
Durante seus dois mandatos, houve a implementação de políticas sociais importantes, como o programa Bolsa Família. De outro lado, também ocorreram escândalos de corrupção, como o Mensalão (compra de votos de deputados) e os desvios de dinheiro público revelados anos depois pela operação Lava Jato.
Em 2018, Lula foi preso em um desdobramento da Lava Jato. Ele foi condenado a oito anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá; e a mais doze anos de prisão no caso do Sítio de Atibaia. O petista ficou 580 dias preso em Curitiba.
Em novembro de 2019, decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) pelo fim da prisão após condenação em segunda instância fez com que o ex-presidente fosse solto. Em 2021, o Supremo anulou as sentenças contra Lula, considerando que os processos não poderiam ter sido julgados na 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba. Com isso, Lula recuperou seus direitos políticos.
Lula tentará voltar ao Palácio do Planalto com o apoio de uma coligação que reúne PSB, Solidariedade, Avante, Agir e as federações “Brasil da Esperança” ( PT/PC do B/PV) e PSOL/Rede. Essa aliança dará a Lula o maior tempo de propaganda eleitoral gratuita em rádio e TV durante a campanha.
Pablo Marçal (Pros)
Vice: Fátima Pérola Neggra (Pros)
O candidato do Pros à Presidência é conhecido por cursos que oferece como coach. No Instagram, Marçal tem 2,3 milhões de seguidores. Seus cursos são focados em “destravar códigos da prosperidade e do governo da alma”, e podem custar até R$ 3 mil.
O influencer se define como "cristão, filantropo, empreendedor imobiliário e digital, mentor, estrategista de negócios, especialista em branding e jurista por formação”. Ele afirma ser a “única via” na disputa pela Presidência.
"Os dois lados acham que estão certos e essa polarização começa a crescer e você, que não faz parte de nenhum dos lados, parece um idiota para eles. Mas posso dizer que essa prática é a fórmula certa para destruir o Brasil. Não existe mais possibilidade de terceira via, ela já naufragou, já perderam o tempo e a credibilidade. Sou a única via", disse em uma entrevista.
A candidatura de Pablo foi aprovada em convenção do partido em 31 de julho, mas reviravoltas judiciais fizeram que com a presidência do partido voltasse para as mãos de uma ala favorável a uma aliança com o PT. O candidato reiterou que sua candidatura foi registrada no TSE e que vai recorrer da decisão do ministro Ricardo Lewandowski, que devolveu o comando do Pros a Eurípedes Júnior, nesta sexta-feira. O partido, porém, pode retirar a candidatura.
Roberto Jefferson (PTB)
Vice: Kelmon Luís da Silva Souza
O ex-deputado federal Roberto Jefferson teve sua candidatura aprovada pelo PTB na última segunda-feira (1º). Jefferson está em prisão domiciliar desde janeiro de 2022 no âmbito de um inquérito do STF a respeito de uma milícia digital que promoveria ataques contra a democracia.
Ele já foi condenado pelo próprio STF no julgamento do Mensalão – esquema de corrupção em que o petebista foi o principal delator e que consistia no pagamento de propina a parlamentares para que as votações no Congresso Nacional seguissem os rumos desejados pelo Governo Federal, na época presidido por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Jefferson recebeu indulto do ministro do STF Luis Roberto Barroso, mas a Lei da Ficha Limpa estabelece um período de oito anos de inelegibilidade aos políticos condenados. Para o ex-deputado esse impedimento se encerra apenas em 2024, embora o candidato possa realizar campanha eleitoral normalmente nesse espaço de tempo. Por esse motivo, existe a possibilidade de que a candidatura dele seja barrada pelo TSE.
Em vídeo enviado à convenção do PTB que aprovou a sua candidatura, Jefferson afirma que é “fã” das ideias de Bolsonaro. Participar da disputa, segundo ele, é uma forma de estimular eleitores “inibidos” a não se absterem do voto.
Advogado, Jefferson atuou em um programa popular de televisão nos anos 1980. A partir da fama adquiria na televisão foi eleito deputado pela primeira vez, em 1983, pelo Rio de Janeiro. Uma de suas filhas, Cristiane Brasil, foi vereadora e deputada federal.
Simone Tebet (MDB)
Vice: Mara Gabrilli (PSDB)
Partidos na coligação: PSDB, Cidadania e Podemos
Simone Tebet é senadora e líder da bancada feminina na Casa. Advogada e professora universitária, ela foi eleita pela primeira vez em 2002, para o cargo de deputada estadual no Mato Grosso do Sul.
Dois anos depois, elegeu-se prefeita em Três Lagoas (MS), sua cidade natal. Foi reeleita em 2008, mas deixou o cargo após dois anos para ser vice-governadora na chapa de André Puccinelli. Em 2014 candidatou-se a senadora, sendo eleita com 52% dos votos válidos.
Entre 2019 e 2020, foi a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Além disso, foi a primeira parlamentar do sexo feminino a disputar a presidência da Casa. Também foi atuante na CPI da Covid, a respeito da conduta do governo federal durante a pandemia.
Sofia Manzano (PCB)
Vice: Antonio Alves (PCB)
Sofia Manzano é militante do PCB desde 1989. No início de sua atuação política, a candidata foi presidente da UJC (União da Juventude Comunista). Já candidatou-se pelo PCB em 2014, compondo a chapa de Mauro Iasi para a Presidência.
Manzano é economista e fez carreira como professora universitária. Atualmente ela faz parte do quadro de docentes da UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia), desenvolvendo pesquisas sobre mercado de trabalho e desigualdade social. Como professora, participou de sindicatos e comandou greves.
Segundo o PCB, o programa de governo da candidata é “anticapitalista” e “anti-imperialista”. Entre as propostas estão a revogação de reformas e a taxação de lucros, dividendos e grandes fortunas.
Soraya Thronicke (União Brasil)
Vice: Marcos Cintra (União Brasil)
Senadora, Thronicke foi lançada na disputa pela Presidência após a desistência de Luciano Bivar, presidente da legenda. Atualmente, a candidata é vice-líder do governo no Congresso Nacional. Ela foi eleita pela primeira vez em 2018, na mesma "onda conservadora" que levou Bolsonaro ao Planalto.
Ao longo de seu mandato, porém, Thronicke foi se distanciando de Bolsonaro. Durante a CPI da Covid, a senadora se juntou aos críticos do governo, questionando, por exemplo, o uso de medicamentos sem eficácia para o tratamento da doença, além da demora para a compra de vacinas.
Advogada e empresária, Thronicke é natural de Dourados (MS). A candidata se descreve como "conservadora nos costumes e liberal na economia". Ela e a família têm uma rede de motéis no Mato Grosso do Sul.
Soraya disputará as eleições sem apoio oficial de outros partidos. Ainda assim, pelo tamanho da legenda, ela terá o quarto maior tempo de propaganda eleitoral gratuita em rádio e TV.
Vera Lúcia (PSTU)
Vice: Kunã Yporã (PSTU)
A candidata do PSTU tenta chegar à Presidência pela segunda vez em 2022. Em 2018, ela também disputou a vaga, obtendo 0,05% dos votos. Em outras eleições, Vera já concorreu ao governo do Sergipe, às prefeituras de Aracaju e de São Paulo e ao cargo de deputada federal, mas não foi eleita.
Nascida em Inajá, Pernambuco, a candidata trabalhou como datilógrafa, faxineira e garçonete. Mais tarde, envolveu-se com o movimento sindical quando começou a trabalhar em uma fábrica de calçados. Vera foi filiada ao PT, mas rompeu com o partido no início dos anos 1990. Depois, participou da fundação do PSTU.
Sua campanha promete ser uma “alternativa socialista e revolucionária” para o Brasil. A candidata já defendeu a comercialização de armas de fogo a preços acessíveis. "Só quem não tem isso é a classe trabalhadora mais empobrecida”, disse, em entrevista ao Correio Braziliense.
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