Apesar de não ser oficialmente o lançamento da pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto, os atos convocados pelas centrais sindicais para 1º de maio, Dia do Trabalho, devem marcar o início da pré-campanha do petista. A avaliação é feita por integrantes de movimentos de esquerda que estão organizando os atos pelo país.
"Este ano, 2022, é um ano histórico em que teremos as eleições das nossas vidas. Defendemos a candidatura de Lula como a solução para salvar o Brasil e também a eleição de um Congresso Nacional que ajude na aprovação das pautas de interesse da classe trabalhadora", defende Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
O principal ato está marcado para o estado de São Paulo e será realizado na Praça Charles Muller (Pacaembu), a partir das 10 horas. Além da CUT, o evento conta com a adesão de outros movimentos, como a Força Sindical e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
"A união da classe trabalhadora em torno da luta por um Brasil melhor, mais justo, é o que o mundo precisa ver e o que vamos mostrar nesse 1º de Maio”, diz Nobre.
As presenças de Lula e do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), indicado como vice na chapa petista, já estão confirmadas para o evento. Apesar da conotação política, líderes petistas afirmam que a manifestação não será um ato sobre a candidatura de Lula, mas de defesa das pautas trabalhistas.
Lula e Alckmin vão fazer aceno para militância de esquerda
De acordo com integrantes do PT, o ato do dia 1º de maio terá como objetivo amarrar o apoio da militância de esquerda ao projeto Lula–Alckmin. Por isso, é esperado que o ex-presidente e o ex-governador façam discursos voltados para base no intuito de diminuir eventuais resistências à aliança.
"Como sabemos que vai ser uma eleição pesada, precisamos primeiro amarrar o apoio da nossa base. Por isso, os acenos para a militância nesse momento é tão importante. Acreditamos que será fundamental que o eleitor de esquerda defenda a chapa Lula–Alckmin quando a campanha começar de verdade", afirma um integrante da cúpula petista.
O movimento para diminuir as resistências dos partidos de oposição em relação à composição da chapa com Alckmin foi intensificada nos últimos dias. Na terça-feira (26), por exemplo, o Psol aprovou o apoio à chapa depois de um acordo para que Lula defenda a revogação da reforma trabalhista e do teto de gastos.
No discurso do Dia do Trabalho, Lula e Alckmin devem revisitar o tema da reforma trabalhista. Uma proposta sobre o tema vem sendo fechada pelo PT e o PSB e a expectativa é de que o primeiro esboço seja apresentado para as centrais sindicais durante o evento.
"Eu sempre briguei com empresários para que não tivesse uma reforma trabalhista que destrói tudo aquilo que a classe trabalhadora acumulou de conquista desde 1943, com a introdução da CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas]. Lamentavelmente, o que eles fizeram foi a destruição dos direitos conquistados, oferecendo ao trabalhador um nada", disse Lula em entrevista à rádio Conexão 98 FM.
Segundo Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Lula já deu algumas sinalizações sobre o que pretende fazer. "Por exemplo, a volta das homologações, o fim dos acordos individuais sem a presença dos sindicatos e a regra no trabalho intermitente. Ele confirmou que não volta o imposto sindical", afirmou.
Evento do Dia do Trabalho terá apresentação de artistas que apoiam Lula
Além da reforma trabalhista, o evento do dia do trabalhador irá abordar outros temas de interesse das centrais sindicais. De acordo com a pauta do evento, serão tratados temas como emprego e renda; aumentos de preços de alimentos e combustíveis; valorização do salário mínimo, dos serviços e dos servidores públicos entre outros.
A manifestação terá ainda a apresentação de artistas que apoiam ao ex-presidente Lula nas eleições deste ano, como as cantoras Daniela Mercury e Leci Brandão.
Ciro Gomes fica de fora dos atos das centrais sindicais
Com o apoio declarado da centrais sindicais a Lula, o PDT, partido do pré-candidato Ciro Gomes, vai ficar de fora dos atos do 1º de maio. Ciro pretende ir a Brasília para as comemorações do centenário do fundador de seu partido, Leonel Brizola, que morreu em 2004.
Ligada ao PDT, a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) rompeu com as demais entidades de trabalhadores. Na avaliação de Antonio Neto, presidente municipal do PDT-SP, falta "solidariedade e de igualdade" na relação por parte das demais centrais sindicais e que os fatos recentes geraram desgastes na unidade entre elas.
"A busca pelo protagonismo faz com que projetos comuns sejam deixados de lado e antecipados de forma desordenada, além de que, muitas vezes, induz militantes a posturas agressivas de hostilidades, como ocorridas recentemente, que podem chegar a via de fato contra companheiros de outras centrais, o que gera ainda mais tensão no ambiente unitário tão desejado", explicou Neto.
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