Cesare Battisti, ex-terrorista preso na Itália| Foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil
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O ex-terrorista italiano Cesare Battisti (67) criticou o pré-candidato e ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em cartas enviadas ao repórter Lucas Ferraz, da Folha de São Paulo. Battisti, que recebeu asilo político no Brasil quando o PT governava o país, escreveu que "há muita coisa para esclarecer, outras a desmentir. Inclusive algumas declarações falsas do Lula".

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Ele continuou: "Todos sabemos que Lula é capaz de tudo para colocar de novo a faixa de presidente. O animal político que nunca se contradiz. Aconteceu também comigo de admirar seu cinismo político (no sentido vulgar do termo) e o extraordinário jogo de cintura".

Battisti está preso na Corigliano Rossano, penitenciária localizada na região da Calábria, na Itália, condenado por quatro homicídios entre as décadas de 1960 e 1980. Membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo, Battisti foi apontado como autor dos disparos que mataram o agente penitenciário Antonio Santoro e o motorista de uma divisão da polícia de combate ao terrorismo Andrea Campagna. O ex-terrorista ainda foi condenado por dar cobertura durante o assassinato do açougueiro Lino Sabbadin e por coidealizar a morte do joalheiro Pierluigi Torregiani.

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Mesmo condenado pelo judiciário italiano, Battisti conseguiu escapar por 14 anos da extradição no Brasil, muito pelo esforço de Lula e do PT para mantê-lo no país.

Em 2018, quando Jair Bolsonaro (PL) foi eleito presidente do Brasil, Battisti decidiu fugir do país e se refugiar em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, onde o ex-terrorista foi preso e extraditado para a Itália. Em 2019, Battisti confessou os crimes.

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A carta de Battisti demonstra desgastes na relação com o petista, em especial, após Lula ter pedido desculpas por não ter extraditado o ex-terrorista. 'Desde o momento que ele confessou, é óbvio que devo admitir que errei", afirmou Lula em entrevista à RAI, emissora de televisão italiana, em 2020.

Battisti ainda afirmou que Lula abandonou outros aliados ligados à esquerda, com objetivo de acenar à direita. "Aconselharam Lula a fazer isso se quisesse recuperar parte dos setores que votaram em Bolsonaro, ele não hesitou. Fui recebido não porque fosse declarado inocente, mas exatamente para deixar ser exibido como troféu de guerrilheiro às forças de esquerda do Brasil. Para eles, não interessava um inocente perseguido, mas o combatente da liberdade", prosseguiu o ex-terrorista.

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Por fim, Battisti ainda relacionou a eleição de Bolsonaro com erros da esquerda no Brasil, em especial do ex-presidente Lula e do PT.

"Se Lula e o PT não tivessem comido tudo, se não tivessem feito acordo com todo o lixo do centrão, o povo brasileiro não teria desistido para correr atrás de Bolsonaro. No desespero, o povo torna-se manipulável e cego. Temo que para colocar fora do jogo esse canalha ocorrerá uma desgraça", completou Battista.

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Em nota, a assessoria do ex-presidente Lula reafirmou que a partir da confissão dos crimes, o entendimento sobre seu refúgio passa a ser outro.