O candidato à presidência da República Ciro Gomes (PDT) participou, na noite desta segunda-feira (15), de sabatina no programa Roda Viva, da TV Cultura. O pedetista foi o segundo postulante ao Palácio do Planalto a participar da série de entrevistas com presidenciáveis no programa – na última segunda-feira (8), a candidata Simone Tebet (MDB) foi a sabatinada da vez.
Ao longo de duas horas de transmissão ao vivo, Ciro Gomes falou sobre aspectos do seu plano de governo e respondeu a perguntas dos entrevistadores. Durante suas falas, o candidato fez críticas a Jair Bolsonaro (PL) e, principalmente, a Luiz Inácio Lula da Silva (PT); em dado momento chegou a dizer que ambos são “corruptos e corruptores”.
Isolamento de outros partidos
O candidato afirmou que um dos motivos para seu isolamento – o PDT, partido de Ciro, não conta com apoio de nenhuma outra legenda em sua chapa – se deve a ele representar um projeto de país que “antagoniza com o sistema econômico e com o sistema de governança política que estão liquidando o Brasil. (...) A desgraça do Brasil é que os hábeis da política se venderam a esse sistema”, disse, citando Lula e Bolsonaro.
Polarização
O presidenciável avalia que a maior parte da população é contra a polarização entre Lula e Bolsonaro. “Há um universo de eleitores para ser buscado que, claro, é difícil, penoso, complicado, mas é perfeitamente praticável”. Ao falar sobre corrupção, disse que “Bolsonaro e Lula são dois corruptos, dois corruptores e nós estamos fazendo de conta que não estamos vendo isso”.
Auxílio Brasil
Disse que proporá um programa de renda mínima com status constitucional que integrará um novo modelo previdenciário a ser proposto. “Vai ser parte do orçamento da seguridade social”, afirmou. Segundo o candidato, o Auxílio Brasil, assim como outros mecanismos de transferências de renda, seriam substituídos e concentrados nesse novo programa.
Lula e PT
“O Lula é candidato desde 1989, por si ou quando botou alguém e alguém foi com a máscara dele. Desde 1989, é uma coisa pitoresca de a gente imaginar que o mundo progressista brasileiro só tem um líder”.
Ao explicar porque não apoiou a candidatura de Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições de 2018, disse: “Ir ao palanque de gente que eu considero organicamente responsável pelo desastre econômico, social e de corrupção generalizada que aconteceu lá e que está acontecendo agora... O Lula não aprendeu nada”.
“Lamentavelmente eu vi o Lula se corrompendo. E a direção do PT virou uma organização criminosa”.
Meio ambiente
“Comigo o Brasil vai buscar ser o líder mundial na questão ambiental, pela descarbonização da economia, pelas providências todas que permitam prevenir desastres das mudanças climáticas”.
Negociações com o Congresso
Questionado sobre a governabilidade diante do isolamento durante a campanha eleitoral, Ciro Gomes disse que resolveria eventuais dificuldades de diálogo com o gesto de abrir mão publicamente de sua reeleição em troca de uma “reforma do país”. Disse, também, que transformaria sua eleição num “plebiscito programático” e usaria habilidades de negociação para dialogar com o parlamento.
Sobre a negociação com parlamentares, disse que daria participação a partidos políticos na governança do país, prestigiaria deputados e liberaria sem qualquer tipo de condicionamento ou discriminação emendas individuais e emendas de bancada.
Para aproximar-se de governadores e prefeitos, declarou que “libertaria os estados”, reestruturando suas dívidas em troca de um “grande e generoso novo pacto nacional em que governadores e prefeitos estarão envolvidos na mediação do novo entendimento do país”. Disse, por fim, que impasses em assuntos complexos serão resolvidos por plebiscito.
Militares
“Militar da ativa não participará mais de cargo comissionado político. Todos estarão proibidos disso porque haverá uma norma nos primeiros dias do meu governo. Na sequência vou fazer um esforço imenso de restaurar os critérios de promoção. Quando eu vejo um general como o Pazuello chegar ao generalato [é porque] alguma coisa profundamente está errada, e quem promoveu foi o PT”. Disse, por fim, que, se eleito, “colocaria os militares em seus devidos lugares”.
Política sobre armas
Quanto à política de maior flexibilização do acesso a armas e munições no governo Bolsonaro, disse que em seu eventual governo o assunto seria tratado de forma oposta. “Vou revogar tudo [em referência aos decretos de flexibilização editados por Bolsonaro]. Arma na rua vai ser só exclusividade da polícia”.
Por outro lado, afirmou que na área rural, dentro do domicílio, considera razoável o exercício da autodefesa “porque ali não tem o 190 para ligar”.
Democracia
“Eu vejo a democracia em risco, mas é muito menos pelo Bolsonaro, que tem um delírio golpista na cabeça dele e a gente tem que vigiar, mas mais é pelo fracasso da democracia na vida do povo. A democracia hoje é uma abstração absolutamente marciana para a esmagadora maioria do povo brasileiro que está vivendo o pão que o diabo amassou”.
Sobre risco à democracia com eventual candidatura de Lula, Ciro Gomes disse: “O Lula é um corrupto, é um demagogo, é um populista, mas é do campo da democracia”.
Outros presidenciáveis
Outros candidatos ao Palácio do Planalto podem participar do Roda Viva nas próximas semanas. Bolsonaro e Lula foram convidados, mas até o momento não retornaram à produção do programa.
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