O ex-ministro Ciro Gomes foi confirmado nesta quarta-feira (20) como candidato do PDT à Presidência da República. A candidatura foi lançada em meio à convenção nacional da legenda, em Brasília. O presidenciável foi aclamado pelos 280 delegados da sigla, que enfatizou o slogan da campanha: "Prefiro Ciro" . Em seu discurso, o ex-ministro disparou críticas aos principais adversários, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual, Jair Bolsonaro (PL).
Ciro e o PDT não anunciaram quem será o vice na chapa do partido. O ex-ministro disse esperar que uma mulher seja indicada para o posto. "Se depender de mim, será uma mulher", disse. A senadora Leila Barros (PDT-DF) foi especulada para a função; durante a convenção, porém, ela foi saudada como pré-candidata ao governo do Distrito Federal, o que inviabiliza o nome dela em uma chapa nacional.
Outra indefinição da convenção foi a da presença de mais partidos na chapa de Ciro. O PDT tem enfrentado dificuldades para reunir agremiações em torno do nome do ex-ministro. Não houve menções positivas a nenhum outro partido político durante a fala do agora candidato do PDT. Em 2018, o PDT lançou chapa pura ao Palácio do Planalto, com Ciro e a senadora Kátia Abreu (TO) como vice. Atualmente, a parlamentar integra o PP.
O ex-ministro vai para a sua quarta candidatura presidencial. Tentou o Palácio do Planalto em 1998, 2002 e 2018, ficando com a terceira colocação em 1998 e 2018 e com o quarto lugar na outra ocasião. Na disputa atual, aparece em terceiro lugar, segundo levantamentos BTG/FSB, Paraná Pesquisas e PoderData divulgados entre os dias 6 e esta quarta-feira. Lula e Bolsonaro ocupam a primeira e a segunda colocação, nos três levantamentos.
Bolsonaro, Lula e outros são "serviçais dos mesmos patrões", diz Ciro Gomes
Em seu discurso, Ciro disse que é o candidato que se opõe a um sistema "neoliberal" que estaria em vigor no Brasil desde o governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992). Ele chamou Collor e os demais ex-presidentes que o sucederam, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff e Bolsonaro de "serviçais dos mesmos patrões", que seriam os especuladores do mercado fianceiro. O candidato do PDT poupou de críticas o ex-presidente Itamar Franco (1992-1994), de quem foi ministro da Fazenda.
Como exemplos desse "sistema neoliberal", Ciro citou a atual política de preços da Petrobras e o teto nos gastos públicos. O candidato disse que extinguirá ambos nos momentos iniciais de um eventual governo. Ele também disse que se empenhará para o fim da reeleição.
A equiparação entre Lula e Bolsonaro apareceu em outros momentos do discurso de Ciro. Segundo o candidato do PDT, o ex-presidente e o atual estão preocupados em se chamar de "fascista" e "comunista", e não em apresentar propostas para a recuperação econômica do país. Ciro disse não identificar, nas falas de Lula e Bolsonaro até o momento, sugestões concretas para temas como saúde e educação. O candidato declarou que Bolsonaro utiliza o Palácio do Planalto como "pocilga".
O ex-ministro repetiu um argumento usado por ele em outras ocasiões, o de que a ascensão de Bolsonaro à Presidência da República seria um resultado de equívocos cometidos pelo PT. "Em 14 anos no poder, o PT conseguiu parir Bolsonaro", declarou. Segundo Ciro, Lula e Bolsonaro querem transformar a eleição de 2022 na "mais vazia de debates e de confronto de ideias de todos os tempos".
Candidato do PDT saúda palanques estaduais
Antes de fazer seu discurso, Ciro saudou os pré-candidatos do PDT aos governos estaduais que estavam na convenção. Ele destacou nomes como Rodrigo Neves, do Rio de Janeiro; Roberto Cláudio, do Ceará; Elvis Cezar, de São Paulo; e Carol Braz, do Amazonas, além de Leila Barros. Em relação à senadora pelo Distrito Federal, chegou a brincar que ela administrará a cidade onde ele "vai morar no ano que vem", em referência ao Palácio da Alvorada.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse que os pré-candidatos representam "palanques" para que Ciro alavanque suas candidaturas nos estados.
O terceiro lugar e a dificuldade de crescimento nas pesquisas inibe alguns militantes do PDT em declarar apoio a Ciro Gomes, e parte do partido deseja a retirada da candidatura, para apoio a Lula já no primeiro turno.
A postura dos "lulistas do PDT" foi atacada pela presidente da Ação da Mulher Trabalhista (AMT), o segmento feminino do partido, Miguelina Vecchio. Ela disse ficar incomodada com pedetistas que "fazem o L", sinal que é referência a Lula, e pediu que todos "façam o C".
Metodologia das pesquisas citadas
BTG/FSB
O Instituto FSB Pesquisa ouviu, por telefone, 2 mil eleitores entre os dias 8 e 10 de julho de 2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pelo banco BTG Pactual e está registrada no TSE com o protocolo BR-09292/2022.
Paraná Pesquisas
O Paraná Pesquisas entrevistou pessoalmente 2.020 pessoas com 16 anos ou mais entre os dias 30 de junho e 5 de julho de 2022 em 162 municípios brasileiros, em 26 estados e no Distrito Federal. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais e o nível de confiança atinge 95%. O levantamento foi contratado pela corretora BGC Liquidez e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-09408/2022.
PoderData
O levantamento do PoderData, que contratou a própria pesquisa, ouviu 3 mil eleitores em 309 municípios das 27 unidades da federação entre os dias 17 e 19 de julho de 2022. As entrevistas foram feitas por telefone, para fixos e celulares. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. Foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-07122/2022.
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