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O candidato ao Palácio do Planalto pelo PDT, Ciro Gomes.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O candidato ao Palácio do Planalto pelo PDT, Ciro Gomes, afirmou nesta quinta-feira (1º) que pretende "restaurar a autoridade" da Presidência da República, caso seja eleito. Em sabatina na CNN Brasil, o presidenciável também negou ter preconceito contra pobres. Para Ciro, sua declaração a empresários na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) nesta quarta (31) sofreu uma "manipulação" por seus adversários.

"Se a minha fala permitiu essa manipulação esperta dos meus adversários, eu tenho que me penitenciar por isso, porque isso daqui não é um ambiente de inocentes… [Eu] me penitencio, porque deixei o queixo para a oposição desonesta me bater”, disse o candidato. "Evidentemente, uma pessoa que dedicou a vida inteira aos pobres não pode ser confundida com alguém que tenha qualquer preconceito contra pobre, né?", continuou.

Durante o evento na Firjan, o empresário Luiz Césio Caetano, que já presidiu a entidade, classificou a palestra de Ciro como uma aula: "Candidato Ciro Gomes, parabéns pela sua aula. Isso foi uma aula, pelo menos para mim…", disse o empresário. Ciro o interrompeu e afirmou: "Na verdade, é um comício, né… Um comício para gente preparada, você imagina eu explicar isso na favela, né".

"Se eu jurista, professor de Direito, estou quase pedindo perdão porque gosto de estudar, no Brasil está desse jeito, os dois campeões nas pesquisas aí – vão ser derrotados, não tenho a menor dúvida – fazem apologia da ignorância e eu, quando procuro dar complexidade, estudo as questões, estou virando, vamos dizer assim, um elitista", disse Ciro à CNN Brasil, se referindo ao presidente Jair Bolsonaro (PT) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ciro critica ex-presidentes e Centrão

O candidato do PDT também afirmou que não pretende ser presidente "para ser preso ou cassado". Ciro criticou o "modelo de governança" adotado por chefes do Executivo anteriores e a articulação com o Centrão.

"Não quero ser presidente para ser preso ou cassado como todos foram. O [Fernando] Collor governou com essa gente, mentindo, foi cassado. Fernando Henrique [Cardoso] governou com essa gente e o PSDB nem sequer adquiriu condições de disputar a eleição neste ano. O Lula governou com essa gente, mentindo, como está fazendo de novo, e foi preso. Dilma [Rousseff] governou com essa gente e foi cassada. Não é brincadeira. O Michel Temer governou com essa gente e foi preso também. Agora o Bolsonaro governa com essa gente e está desmoralizado", disse.

Ativismo judicial e a Presidência da República

Ciro Gomes afirmou que pretende "restaurar a autoridade" do cargo de presidente da República no Brasil. Segundo o candidato, essa é uma das formas de evitar o ativismo judicial. "Ativismo judicial é uma coisa que só funciona quando o presidente da República tem filho ladrão, sabe? Com medo de ser julgado, tem vários inquéritos para responder. Eu não tenho filho ladrão, nunca respondi um inquérito na minha vida", disse.

"Eu vou restaurar a autoridade da Presidência da República”, completou. "O chefe de Estado no Brasil tem que ocupar a plenitude de sua autoridade para que os outros Poderes voltem ao seu leito institucional, sem o qual o sistema de freios e contrapesos não funciona", disse o presidenciável.

Ciro comentou sobre a operação autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes contra empresários que teriam defendido um golpe de estado, caso o ex-presidente Lula vença as eleições. "Na sentença que eu já li, eu não encontro fundamento [para a realização da operação]. Como professor de Direito, como advogado, eu não encontro fundamento", disse.

Relação com militares

Ciro afirmou que a relação com os militares em um eventual governo não o assusta, nem o preocupa. O candidato ressaltou que a formação militar brasileira "dos tempos da fundação da República" atribuiu e até hoje não se mudou uma "espécie de poder tutelar sobre a República" aos militares.

"Isso é lixo puro. Nós precisamos fazer duas coisas novas, a primeira é mudar o critério de promoção. Como um general absolutamente imbecil e estúpido como [Eduardo] Pazuello vira ministro? E ministro da Saúde mantendo a patente na atividade. Nenhum país do mundo permite que cargo político seja ocupado por militar da ativa. Isso não existe", criticou.

"No meu governo acaba no primeiro dia. Volta todo mundo para a caserna. Quem quiser participar da política larga a farda e é muito bem-vindo, porque são pessoas honradas, bem formadas, salvo essa minoria boçal que cerca o Bolsonaro e que são simplesmente inimigos da pátria e coniventes com todo tipo de ladroeira", afirmou Ciro. Ele ressaltou que será o presidente que mais respeitará as Forças Armadas e fará investimentos.

Ciro diz que Lula já negociou vaga ao STF, caso seja eleito

Durante a sabatina, Ciro também acusou o ex-presidente Lula de já ter negociado um nome para indicar ao Supremo Tribunal Federal (STF) caso vença as eleições. "Eu tenho 52 segundos na televisão. Porque aquilo que você chama que o Lula fez um grande acordo, um grande acordo, é um brutal conchavo. O Lula se se elege, vai eleger ali amarrado os quatro pés, quatro mãos, pescoço, a boca, nariz e tudo. Já está vendido tudo, até ministro do Supremo já se negociou em São Paulo. Isso é um desastre", disse o candidato do PDT.

A assessoria de Lula negou as declarações feitas por Ciro, em nota ao portal UOL. "Não procede e lamentamos que Ciro Gomes tenha se desviado por esse caminho. O ex-presidente não discute cargos ou indicações antes das eleições", afirmou a campanha do petista.

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