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Gilberto Kassab, Tarcísio de Freitas e Felício Ramuth.
Kassab (à esq.) fechou aliança com Tarcísio de Freitas (centro) e indicou Felício Ramuth (à dir.) como vice na chapa| Foto: Reprodução/Facebook

A declaração de apoio do ex-ministro e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, ao pré-candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) deve fortalecer o palanque do presidente Jair Bolsonaro (PL) no maior colégio eleitoral do país. O movimento de Kassab representa um revés para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que buscava atrair o apoio do PSD para a chapa de Fernando Haddad (PT) no estado.

O palanque de Bolsonaro em São Paulo é tido como uma das prioridades pelo núcleo de campanha do presidente, que busca agora abrir uma vantagem sobre o ex-presidente Lula no estado. Levantamento da Quaest de julho mostrou que o petista tem 37% das intenções de votos no estado, ante 32% de Bolsonaro. No cenário espontâneo – quando não são apresentadas alternativas aos entrevistados – os dois aparecem empatados com 25% da preferência do eleitorado.

Com a entrada do PSD na coligação de Tarcísio, o ex-ministro vai poder contar com toda a estrutura de campanha oferecida pelo partido de Kassab. Tarcísio deve ter cerca de dois minutos do tempo de propaganda de rádio e TV. Pela divisão, o tempo será o mesmo da chapa de Fernando Haddad.

A expectativa do entorno de Bolsonaro é que, com maior exposição da candidatura de Tarcísio, o presidente amplie sua base no estado, principalmente entre os eleitores do interior, tidos como mais resistentes ao voto no PT. Pesquisa do Instituto Quaest aponta que o apoio de Bolsonaro a Tarcísio contribui para o crescimento da candidatura ao governo estadual. De acordo com a pesquisa, quando Freitas tem seu nome vinculado ao do presidente, as intenções de votos crescem 13 pontos percentuais, de 15% para 28%.

Aliança do PSD com Tarcísio vai influenciar no palanque de Bolsonaro

Com a entrada do PSD na chapa de Tarcísio, o partido de Kassab indicou como vice o ex-prefeito de São José dos Campos Felício Ramuth. Até então, Ramuth vinha testando seu nome como pré-candidato ao governo.

"Ao observar o cenário político, percebemos que era hora de avaliar o melhor caminho para isso e, nas conversas que tivemos com Tarcísio, lembrei das oportunidades que tive de trabalhar com ele e sua equipe no Ministério da Infraestrutura, quando passei a admirar ainda mais o seu trabalho", afirmou Ramuth.

Paralelamente, Kassab pretende influenciar na escolha do candidato ao Senado na coligação. Bolsonaro chegou a fechar um acordo com o apresentador José Luiz Datena (PSC), que acabou recuando da candidatura. Para indicar o novo nome, Kassab sugeriu que Bolsonaro e Tarcísio usem pesquisas eleitorais.

O levantamento, encomendado pelo PSD, deve ser apresentado na próxima semana ao presidente Bolsonaro. Até lá, nomes como do ex-ministro Marcos Pontes (PL) e dos deputados Marco Feliciano (PL-SP) e Carla Zambelli (PL-SP) buscam se viabilizar. "Temos partidos importantes conosco, e todos eles têm excelentes quadros", disse Kassab sem citar nomes.

Aliado do presidente Bolsonaro, o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), vice-líder do governo na Câmara, comemorou a aliança. "Kassab entrou na campanha, a vitória é certa. Ele não entra em barco furado. De acordo com o deputado, Bolsonaro também comemorou a aliança. "Tarcísio está saindo melhor do que a encomenda, porque ele já conseguiu ganhar até o Kassab", disse.

Campanha do PT tentou atrair Kassab em São Paulo 

Antes de Kassab fechar aliança com Tarcísio, a campanha do ex-presidente Lula tentou atrair o PSD para a chapa de Haddad em São Paulo. No acordo, Kassab seria primeiro suplente de Márcio França (PSB), que abriu mão de sua candidatura ao governo do estado e que vai se lançar na disputa pelo Senado.

Nos bastidores, França é cotado para assumir o comando de algum ministério em um eventual governo Lula. Com isso, Kassab assumiria o mandato de senador, caso França fosse eleito. Nos cálculos dos aliados do PT, a composição com o PSD ampliaria as chances de Haddad e França se elegerem.

Contudo, o diretório do PSD em São Paulo vinha pressionando Kassab por causa da proximidade com o governo Bolsonaro. "Não vou participar das eleições deste ano, tenho a missão partidária. [Ser suplente de senador] não é nenhuma motivação, nenhuma reivindicação. Meu nome está à disposição, mas não é meu projeto. Meu projeto é ajudar a eleição do Tarcísio e ajudar a consolidação do partido", disse Kassab.

"[A aliança com Tarcísio] representa uma contribuição muito grande ao estado de São Paulo. Vai oferecer o que há de melhor. Já temos encaminhamento em todos os estados. As questões regionais são desvinculadas da questão nacional", justificou Kassab.

Até o momento, o PSD fechou acordo com o PT em Minas Gerais, Bahia e Amazonas. Além disso, existe a possibilidade de aliança no Rio de Janeiro, onde o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz (PSD) é pré-candidato ao governo.

De acordo com Kassab, o PSD vai liberar os diretórios estaduais para apoiarem o candidato a presidente que preferirem. Contudo, Kassab já sinalizou que deve apoiar o ex-presidente Lula em um eventual segundo turno contra Bolsonaro.

Metodologia de pesquisa citada na reportagem

O levantamento da Quaest, encomendado pelo banco Genial, ouviu 1.640 eleitores de São Paulo, de forma presencial, entre 1º e 4 de julho. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais. O levantamento foi registrado junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob os protocolos SP-05318/2022 e BR- 03964/2022.

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