De passagem por Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu na noite segunda-feira (11) com parte da bancada de senadores do MDB em um jantar na casa do ex-senador Eunício Oliveira (CE). O encontro foi considerado mais um movimento do petista para tentar atrair lideranças de centro e de rifar a candidatura ao Planalto da senadora Simone Tebet (MDB).
Além de antigas lideranças do MDB como o anfitrião, o jantar reuniu ao menos seis integrantes da bancada de 12 senadores do MDB, como Renan Calheiros (AL), Eduardo Braga (AM), Jader Barbalho (PA), Marcelo Castro (PI), Nilda Gondim (PB) e Vital do Rego (PB). O senador Jarbas Vasconcelos (PE) chegou a ser convidado, mas declinou alegando problemas de saúde. Além da pré-candidata Simone Tebet, apenas os senadores Fernando Bezerra (PE), ex-líder do governo no Senado, Confúcio Moura (RO), aliado do presidente Jair Bolsonaro, Alexandre Luiz Giordano (SP) e Rose de Freitas (ES) não estiveram presentes.
No encontro, Lula recebeu a sinalização dos emedebistas de que ao menos 14 diretórios estaduais do MDB irão apoiar sua candidatura à Presidência da República independentemente da candidatura de Tebet. Do total, nove diretórios são em estados do Nordeste. "Na Paraíba, meu filho e senador Veneziano (Vital do Rego) é pré-candidato ao governo do estado. Lá nós já fechamos uma aliança com o PT", afirmou a senadora Nilda Gondim.
Completaram a lista de convidados senadores de outros partidos, como Dário Berger (SC), que recentemente trocou o MDB pelo PSB, Otto Alencar (PSD-BA), Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Acir Gurgacz (PDT-TO). "Foi um jantar com antigos aliados do PT e que estamos buscando uma composição para garantir a vitória do [ex]-presidente Lula e sua governabilidade", afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE).
Apoio de caciques do MDB ao nome de Lula amplia pressão sobre Tebet
Publicamente, senadores do MDB descartam que o jantar em Brasília foi um movimento para "rifar" a candidatura de Simone Tebet. De acordo com Eunício Oliveira, o encontro foi de "debates" e não de "adesão". O cacique emedebista, no entanto, avalia que a eleição deste ano se dará entre Lula e Bolsonaro.
Já o senador Renan Calheiros defendeu que o MDB não deve cometer o mesmo "erro" de 2018, quando concorreu à Presidência com Henrique Meirelles e que somou pouco mais de 1% dos votos. "Quando lançaram o Meirelles o MDB pagou um preço muito alto e a bancada do partido acabou encolhendo. Respeito a senadora Simone Tebet, mas se não houver mudança na fotografia das pesquisas acho que ela própria vai tomar a iniciativa de levar ao partido para não ter candidato", defendeu Renan.
De acordo com o último levantamento do instituto Quaest, de abril, Tebet tem 1% das intenções de voto. A pesquisa trouxe o ex-presidente Lula na liderança, com 44%, seguido pelo presidente Bolsonaro, com 29%.
Durante o jantar, Lula afirmou que precisa de uma grande união para derrotar o presidente Bolsonaro nestas eleições e citou a necessidade de eleger uma bancada forte de deputados e senadores para conseguir governar caso seja eleito. Antes do jantar com a bancada de senadores, Lula já havia se reunido em separado com o ex-presidente José Sarney, que também mantém grande influência dentro do MDB.
Cúpula do MDB se reúne para respaldar candidatura Tebet
Apesar do movimento da bancada de senadores e de caciques do MDB, a cúpula do partido se reuniu para respaldar a candidatura de Tebet ao Planalto. A senadora esteve presente com o presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), e com o ex-presidente Michel Temer em São Paulo.
No encontro, o trio reforçou o compromisso de viabilizar uma candidatura alternativa na chamada terceira via contra a polarização de Lula e Bolsonaro. “Os líderes emedebistas discutem os fatos que mostram o fortalecimento da pré-candidatura de Tebet à Presidência da República pelo partido”, informou, em nota, a assessoria da senadora.
Junto com o União Brasil, PSDB e Cidadania, o MDB pretende construir um acordo para viabilizar um único nome entre os pré-candidatos da terceira via. A escolha do candidato passará por análise de pesquisas de intenção de voto e qualitativas e deve ser anunciada em 18 de maio.
"Eu me sinto preparada para liderar essa legião que existe por trás de nós que não quer nem o atual governo nem voltar ao passado”, afirmou Simone Tebet em sabatina da Brazil Conference, em Boston (EUA). "Terceira via não sobe em pesquisas porque não definiu nome", completou a emedebista.
Após o encontro da bancada de senadores com Lula, Baleia Rossi foi às redes sociais para afirmar que o "MDB é um partido democrático". "Toma as decisões por maioria, e respeita as minorias. Há meses, mesmo com diferenças regionais, há uma ampla maioria formada a favor da candidatura própria", escreveu.
Metodologia de pesquisa citada na reportagem
O levantamento do instituto Quaest, encomendado pelo banco Genial, ouviu 2 mil eleitores entre os dias 1º e 3 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral, sob o protocolo BR-00372/2022.
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