A aprovação do PEC dos Benefícios no Congresso deve reforçar uma tendência de alta do presidente Jair Bolsonaro (PL) detectada nas últimas pesquisas de intenção de voto. Levantamento da Genial/Quaest e do PoderData mostram uma reação de Bolsonaro em diversos segmentos, inclusive entre os eleitores do Nordeste e beneficiários do Auxílio Brasil. O programa social, que é a principal aposta do governo, vai ganhar um bônus de R$ 200 por mês até dezembro, caso a PEC seja aprovada.
Atenta a esse movimento, a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já mensura os efeitos do pacote de bondades do governo na disputa eleitoral. Na avaliação do núcleo petista, a promulgação da PEC pode reduzir a distância de Bolsonaro para Lula e levar a eleição para o segundo turno. No entanto, o PT acredita que as medidas não serão suficientes para reeleger o presidente.
O levantamento do instituto Quaest mostrou que a vantagem de Lula no Nordeste caiu 16 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior. De acordo com a pesquisa, o ex-presidente tem 59% das intenções de voto na região contra 22% de Bolsonaro. No mês passado, a diferença era de 68% a 15%.
Já o PoderData apontou que a intenção de voto no presidente no Nordeste subiu de 22% no começo de junho para 30% no levantamento deste mês. O instituto, entretanto, não registrou mudanças relevantes na intenção de voto do Lula. Um mês atrás ele tinha 57% e agora tem 56%.
Além disso, a avaliação do governo Bolsonaro também melhorou entre os nordestinos, segundo a Quaest. Os que acham a gestão negativa oscilaram dentro da margem de erro de dois pontos percentuais de 57% para 55%, enquanto o percentual de quem diz que a condução do presidente é positiva foi de 17% para 20%.
A melhora do desempenho do governo no Nordeste ocorre depois da ofensiva que o presidente fez na região. Nas últimas semanas, Bolsonaro visitou os municípios pernambucanos de Caruaru e Recife, os paraibanos João Pessoa e Campina Grande e o cearense Quixadá, marcando presença em tradicionais festas de São João. Na sequência passou ainda por Alagoas e pela Bahia.
O líder do PT na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (MG), não poupou críticas às manobras do governo para aprovação da PEC dos Benefícios a menos de 100 dias das eleições de outubro. "[A PEC] é uma tentativa de compra de votos, um desrespeito ao povo brasileiro. Evidente que o que governo está fazendo um estelionato eleitoral, porque é um programa provisório. É como se a fome, miséria, carestia, inflação, desemprego tivesse data para terminar", afirmou.
Mesmo com as críticas, a bancada petista na Câmara fechou questão para votar junto com o governo pela aprovação da PEC.
Campanha acredita que favoritismo de Lula será mantido na disputa
Mesmo com as primeiras reações de Bolsonaro nas pesquisas, o núcleo de campanha do PT acredita que Lula tem "gordura" para manter o favoritismo na disputa. No cálculo de partidos aliados, os efeitos dos novos benefícios sociais não serão suficientes para que Bolsonaro ultrapasse o ex-presidente nas pesquisas.
"O objetivo do Bolsonaro é tentar mudar um pouco a previsão eleitoral para outubro [de derrota já no primeiro turno]. Pode ser que ele tenha algum ganho, mas não reverte o resultado da eleição. Não acredito que em dois meses as pessoas vão mudar a avaliação sobre esse governo", argumentou a líder do Psol na Câmara, Sâmia Bonfim (SP).
Na mesma linha, o ex-governador do Piauí e coordenador da campanha do PT Wellington Dias afirmou que Lula mantém uma estabilidade nas pesquisas, mas que não existe "salto alto" na campanha. "Lula tem se sustentado em todas as pesquisas num patamar entre 40% e 45% das intenções de votos. Nada de sapato alto, nada de já ganhou, é seguir trabalhando", disse.
Publicamente, o ex-presidente tem minimizado os possíveis efeitos do pacote de benefícios do governo junto ao eleitorado. "Bolsonaro aprova suas leis, porque vamos pegar todo o dinheiro que você mandar, mas não vamos votar em você, vamos votar em outras pessoas. É como se fosse um sorvete, chupou, acabou, fica com o palito na mão", ironizou Lula durante discurso na Bahia.
O levantamento da Quaest mostrou que 21% dos entrevistados no país apontaram que a chance de votar em Bolsonaro cresce com o aumento do Auxílio Brasil. Além disso, 8% dos que declararam voto em Lula inicialmente disseram que a chance de mudar a escolha para Bolsonaro sobe com o reajuste no programa social.
Lula tenta se fortalecer em São Paulo com palanque de Haddad
Além da PEC dos Benefícios, o desempenho de Lula no estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, acendeu o alerta na campanha do PT. Levantamento da Quaest mostrou o petista com 37% das intenções de voto, ante 32% de Bolsonaro na pesquisa estimulada. Em maio, o petista tinha 39% e Bolsonaro aparecia com 28%.
No cenário espontâneo – quando não são apresentadas alternativas aos entrevistados – há um empate. Lula e Bolsonaro aparecem com 25% da preferência do eleitorado de São Paulo.
Para a campanha do PT, no entanto, o ex-presidente deve se consolidar na disputa com o palanque de Fernando Haddad (PT) no estado. Nesta semana, o ex-presidente conseguiu um acordo com o PSB para que o ex-governador Márcio França abra mão de sua candidatura ao governo de SP. A expectativa é de que o anúncio ocorra neste sábado (9), durante ato da chapa na cidade de Diadema (SP).
Desempenho de aliados em Minas e na Bahia acende alerta na campanha de Lula
Apesar do otimismo do entorno de Lula, integrantes do partido admitem reservadamente que a disputa em estados como Minas Gerais e Bahia ainda são alvo de incertezas dentro da campanha. Segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais é considerado o estado mais estratégico para os aliados de Lula até o momento.
Em Minas, o PT fechou uma aliança para que Lula suba no palanque de Alexandre Kalil (PSD). No entanto, o pré-candidato ao governo mineiro tem enfrentado dificuldades para crescer nas pesquisas na disputa contra à reeleição do governador Romeu Zema (Novo).
De acordo com a pesquisa do instituto Ideia, Zema chega a 46% das intenções de voto contra 25% de Kalil. O instituto também mostrou que Lula lidera com 41%, ante 31% de Bolsonaro na região. Entre os eleitores de Lula, 38% dizem que não votariam de jeito nenhum em Kalil, contra 30% de rejeição a Zema.
Até o momento, o partido de Bolsonaro tem como pré-candidato ao governo mineiro o senador Carlos Viana (PL), contudo, o chefe do Palácio do Planalto ainda busca uma composição para subir no palanque de Zema. Na avaliação do PT, uma aliança de Bolsonaro com Zema no estado poderia alavancar a candidatura do presidente na região.
Na Bahia, quarto maior colégio eleitoral do país, Lula enfrenta dificuldades em seu palanque. Governando o estado há 16 anos, o PT tem como pré-candidato desta vez o ex-secretário Jerônimo Rodrigues, mas a candidatura dele não decola.
Levantamento do instituto Paraná Pesquisas mostrou Rodrigues na segunda colocação com 15,8% das intenções de voto. De acordo com a pesquisa, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) lidera com 58% e tem chances de vitória já no primeiro turno. Já na disputa presidencial, Lula tem 49,8% e Bolsonaro aparece com 26,5%.
Diante deste cenário, o entorno de Lula avalia que o ex-presidente não está disposto a antagonizar com ACM Neto. Nesta semana, o ex-prefeito de Salvador acenou ao petista afirmando que o eleitor terá liberdade para casar "LuNeto".
"O eleitor vai tomar a sua decisão e ninguém vai impedir que o eleitor case ninguém com ninguém. O eleitor vai ter liberdade para casar quem ele quiser", afirmou o pré-candidato ao governo baiano.
Metodologia de pesquisas citadas na reportagem
A pesquisa do instituto Quaest, encomendada pelo banco Genial, ouviu 2 mil eleitores entre os dias 29 de junho e 2 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-01763/2022.
O levantamento do PoderData, que contratou a própria pesquisa, ouviu 3 mil eleitores por telefone em 317 municípios das 27 unidades da federação entre os dias 3 e 5 de julho de 2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. Foi registrado no TSE sob o número BR-06550/2022.
Em São Paulo, a pesquisa Quaest ouviu 1.640 pessoas entre 1º e 4 de julho. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento está registrado no TSE sob o número BR- 03964/2022.
A pesquisa Ideia, encomendada pela revista Exame, ouviu 1 mil eleitores do estado de Minas Gerais entre os dias 1º e 6 de julho. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no TSE com os números BR-00040/2022 e MG-08645/2022.
O Paraná Pesquisas entrevistou 1.640 eleitores na Bahia, entre os dias 30 de junho e 4 de julho. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada na Justiça Eleitoral com o protocolo BR-00774/2022.
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