Os presidenciáveis Sergio Moro, Ciro Gomes e João Doria.| Foto:
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O Supremo Tribunal Federal (STF) chancelou no início de março o fundo eleitoral de R$ 4,9 bilhões aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para as eleições deste ano. Com o resultado definido no STF, líderes de diversos partidos já sabem qual é a fatia que terão para financiar suas campanhas. Mas, internamente nas siglas, já há disputas pela verba eleitoral entre deputados e presidenciáveis – o que ameaça enfraquecer principalmente as candidaturas ao Planalto da chamada terceira via, tais como as de Sergio Moro (Podemos), Ciro Gomes (PDT) e João Doria (PSDB).

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Com 11 deputados federais eleitos em 2018, o Podemos deve receber quase R$ 200 milhões para a disputa eleitoral deste ano. De olho nesse montante, os parlamentares têm pressionado a cúpula do partido para priorizar a destinação de recursos para a reeleição da bancada em detrimento da campanha presidencial do ex-juiz Sergio Moro.

Parlamentares da legenda afirmam que, sem recursos, podem ser derrotados nas urnas e a sigla corre o risco de não sobreviver. Em 2022, a chamada cláusula de barreira, estabelecida por lei, determina que os partidos devem obter um mínimo de 2% dos votos válidos para a Câmara, ou eleger ao menos 11 deputados em nove estados para que continuem com acesso aos fundos partidário e eleitoral.

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Para o deputado Igor Timo (Podemos-MG), não adianta o partido focar na disputa presidencial em detrimento das eleições para o Congresso. "Não adianta custear integralmente uma campanha presidencial e o partido deixar de existir", argumenta.

A pressão da bancada é para que apenas cerca de R$ 20 milhões do fundo eleitoral sejam empregados na campanha presidencial. Além disso, o grupo defende que o ex-juiz apele para as doações individuais para sua campanha. Desde 2015, as doações de empresas são proibidas, mas as transferências de pessoas físicas estão liberadas.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Bancada do PDT defende que Ciro Gomes desista

Parte dos deputados do PDT tem se mobilizado para que o partido abra mão da candidatura do ex-governador Ciro Gomes (CE) à Presidência. Assim como no partido de Sergio Moro, os parlamentares defendem que a sigla priorize a destinação de recursos do fundão para as eleições para o Congresso Nacional.

Atualmente, o partido tem 25 deputados e deve receber cerca de R$ 250 milhões do fundo eleitoral para este ano. Para integrantes da bancada do PDT, Ciro Gomes não terá margem de crescimento diante entre p ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Por isso, seria mais estratégia direcionar a verba eleitoral para o fortalecimento da legenda no Congresso.

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De acordo com pesquisa eleitoral do instituto PoderData divulgada no começo do mês, Lula lidera a corrida presidencial com 40% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro, com 32%. Ciro Gomes aparece em terceiro, com 7%, e está tecnicamente empatado com Sergio Moro, que somou 6%.

O presidente do PDT, Carlos Lupi, no entanto, resiste em abrir mão do nome de Ciro Gomes e tem afirmado que a candidatura é "irremovível".

Diante disso, o PDT deve perder cerca de 8 deputados durante a janela partidária deste mês de março – quando os parlamentares podem trocar de legenda sem risco de perder o mandato.

Ala do PSDB quer que Doria use recursos próprios na eleição

No PSDB, integrantes do partido defendem que o governador João Doria financie com recursos próprios a sua campanha a presidente – o que liberaria mais verba do fundão para outras candidaturas da legenda.

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Doria já usou autofinanciou suas candidaturas à prefeitura de São Paulo, em 2016, e ao governo paulista, em 2018. Pagou, do próprio bolso, R$ 3,4 milhões para cada campanha. Neste ano, a legislação eleitoral prevê que a doação de recursos próprios não ultrapasse 10% do teto de gastos da campanha que, em 2018, foi de R$ 70 milhões para a eleição presidencial.

Para o grupo de tucanos que defende o autofinanciamento de Doria, o PSDB também deve priorizar a destinação do fundo eleitoral para a eleição de deputados e senadores. A sigla deve receber pouco mais de R$ 330 milhões, e nomes como do deputado Aécio Neves (MG) argumentam que a campanha presidencial tem custos milionários.

Ainda de acordo com esses integrantes do PSDB, Doria patina nas pesquisas e não conseguiu cacifar sua candidatura mesmo governando o maior estado do país. No levantamento PoderData, o governador paulista somou 2% das intenções de voto.

"É essencial que também estejamos dispostos a apoiar outra candidatura [a presidente] que eventualmente se apresente em melhores condições que a nossa", disse recentemente o deputado Aécio Neves. O mineiro integra o grupo que faz oposição ao nome de João Doria no partido e tem pressionado pela retirada da candidatura.

"Riqueza" do União Brasil vira trunfo nas negociações eleitorais

Fruto da fusão do DEM com o PSL, o União Brasil terá a maior fatia do fundo eleitoral. A nova sigla deve receber mais de R$ 700 milhões. O valor leva em consideração o número de deputados eleitos por cada sigla na última eleição.

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Até o momento, o União Brasil vem sendo cortejado por diversos pré-candidatos à presidência da República, no intuito de financiar parte dessas candidaturas. É o caso do ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro (Podemos), do governador João Doria (PSDB-SP) e da senadora Simone Tebet (MDB). Os três veem no apoio da sigla a forma para darem musculatura para suas campanhas na chamada terceira via.

A sigla, no entanto, vive uma indefinição sobre os rumos que pretende tomar na disputa deste ano. Na semana passada, o partido lançou o deputado Luciano Bivar como pré-candidato a presidente, embora admita que ainda pode negociar alianças com outros partidos. Mas há caciques do União Brasil que defendem uma neutralidade na campanha presidencial. É o caso do ex-prefeito de Salvador ACM Neto, que é pré-candidato ao governo da Bahia e tem sinalizado que a melhor alternativa para a sigla é focar nas disputas estaduais e na eleição de deputados para a Câmara, e não na campanha presidencial.

Ao todo, o União Brasil deve lançar 12 candidatos aos governos estaduais. Além disso, a sigla quer atrair diversos deputados de outras siglas durante a janela partidária – entre eles Capitão Wagner (Pros), Vaidon Oliveira (Pros), Chiquinho Brazão (Avante), Clarissa Garotinho (Pros) e Daniela do Waguinho (MDB).

A "riqueza" do União Brasil na divisão do bolo do fundão eleitoral tem sido um dos atrativos da nova sigla.

Metodologia de pesquisa citada na reportagem

A pesquisa do instituto PoderData, que contratou o próprio levantamento, ouviu 3 mil eleitores entre os dias 27 de fevereiro e 1º de março de 2022. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-01570/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

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