Com o fim da janela partidária e do prazo para desincompatibilizações de membros do Executivo, lideranças políticas de diversos estados já desenham o cenário para a disputa pelo governo estadual deste ano.
Na esteira dessas negociações, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL) acompanham atentamente esses movimentos de olho na formação de palanques favoráveis a suas candidaturas ao Planalto. Veja a seguir a situação pré-eleitoral nos dez estados mais populosos do país.
Esquerda se divide em São Paulo, enquanto Bolsonaro aposta em Tarcísio
Apesar do acordo fechado entre PT e PSB para a composição da chapa entre Lula e Geraldo Alckmin, as duas legendas ainda vivem um impasse sobre a disputa pelo governo do estado de São Paulo. Por um lado, o PT aposta na candidatura do ex-prefeito Fernando Haddad, enquanto o PSB resiste em abrir mão da candidatura do ex-governador Márcio França.
Lideranças de ambos os partidos admitem que já existe um acordo para apoio mútuo na campanha estadual ainda antes do primeiro turno. A previsão é de quem tiver mais bem colocado em pesquisas eleitorais, levando em conta também o potencial de votos, terá o apoio do outro entre o fim de maio e o começo de junho.
“Existe uma boa vontade enorme dos dois partidos em andar juntos. Eu e Márcio França estaremos juntos ou no primeiro ou no segundo turno", afirmou Haddad durante entrevista à Rádio Máxima FM, de Guaratinguetá.
Por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro aposta na candidatura do ex-ministro Tarcísio de Freitas no maior colégio eleitoral do país. Filiado ao Republicanos, Freitas começou a rodar o estado e nesta semana se reuniu com pastores para buscar o apoio do segmento evangélico no estado.
Tarcísio reforçou o discurso religioso, disse ter sido "criado na igreja", com pai católico praticante e mãe evangélica. Para ampliar sua viabilidade eleitoral, ele pretende atrair o voto conservador focado, principalmente, no interior do estado.
Paralelamente, Rodrigo Garcia (PSDB) assumiu o comando do Palácio dos Bandeirante no último dia 2 de abril e agora pretende usar a máquina do estado para ganhar musculatura. O tucano era vice-governador e quase teve sua candidatura implodida quando João Doria ameaçou abandonar a pré-candidatura à Presidência. Agora o PSDB espera que Garcia decole nas pesquisas para manter a hegemonia da sigla no comando de São Paulo.
Para garantir palanque para Ciro Gomes no estado, o PDT oficializou Elvis Cezar, ex-prefeito de Santana de Parnaíba, como pré-candidato ao governo. Além do PDT, o partido Novo aposta no deputado federal Vinícius Poit, e, pelo PSD, Felício Ramuth irá disputar o cargo.
No Rio, PT e PSB divergem sobre candidatura ao Senado na chapa de Freixo
Diferentemente de São Paulo, a disputa entre PT e PSB no Rio de Janeiro se dá pela indicação da candidatura ao Senado na chapa de Marcelo Freixo (PSB), pré-candidato ao governo fluminense. Com aval de Lula, o diretório do PT no Rio vai apoiar a candidatura de Freixo, mas pleiteia indicar o deputado estadual André Ceciliano (PT) para a vaga ao Senado. O PSB, no entanto, quer lançar o deputado Alessandro Molon a senador.
A expectativa no PT é que, ao longo dos próximos meses, a direção nacional do PSB convença Molon a abrir mão da disputa ao Senado. O PSB, no entanto, ainda não mostrou sinais que deve recuar da candidatura de Molon e a chapa de Freixo pode contar com dois nomes ao Senado no estado.
Filiado ao PL, o governador Claudio Castro vai disputar à reeleição no mesmo palanque que o presidente Jair Bolsonaro. O estado conta ainda com a pré-candidatura do ex-presidente da OAB Felipe Santa Cruz, que se filiou ao PSD e conta com apoio do prefeito do Rio, Eduardo Paes. O PDT lançou o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves, enquanto o Novo aposta na candidatura do deputado federal Paulo Ganime.
Zema busca reeleição, enquanto Kalil busca ampliar sua viabilidade em MG
Em Minas Gerais, o governador Romeu Zema (Novo) vai buscar sua reeleição em uma estratégia que pretende abrir espaço para outros partidos na coligação. O movimento é diferente do que o elegeu em 2018, quando o Novo concorreu com chapa pura, sem composição com outras legendas.
O movimento de Zema é uma tentativa de frear as candidaturas de outros adversários, com a de Alexandre Kalil (PSD), que deixou o comando da prefeitura de Belo Horizonte para concorrer ao governo estadual. A expectativa é de que Kalil construa uma aliança com o PT e abra palanque para o ex-presidente Lula no estado.
Já o PL, do presidente Bolsonaro, oficializou o senador Carlos Viana na disputa estadual. O anúncio foi feito por Viana nas redes sociais com uma foto em que aparecem Bolsonaro, o senador e o deputado federal Marcelo Álvaro Antonio (PL-MG), apontado no comunicado como pré-candidato ao Senado na chapa.
No PR, Ratinho Jr. sinaliza apoio a Bolsonaro; Requião é a aposta de Lula
Apesar da ofensiva do presidente do PSD, Gilberto Kassab, em construir uma candidatura própria do partido para a disputa ao Planalto, o governador do Paraná, Ratinho Junior, sinalizou que pretende abrir palanque para o presidente Bolsonaro no estado. Em evento em Londrina, na última sexta-feira (8), ele disse que vai esperar a posição nacional do partido, "por uma questão de ética e respeito ao presidente Kassab", mas frisou que o seu relacionamento com Bolsonaro é bom.
Caso o apoio de Ratinho Jr. a Bolsonaro não se concretize, o deputado federal Filipe Barros (PL) pretende disputar o governo do estado para abrir palanque para o presidente. Outro que não descarta a possibilidade de concorrer ao Palácio Iguaçu é o senador Alvaro Dias (Podemos). Isso pode ocorrer se Ratinho não o incluir na chapa de reeleição como candidato ao Senado.
O principal nome de oposição à tentativa de reeleição de Ratinho Jr é o ex-governador Roberto Requião. O veterano vinha negociando filiação com vários partidos, como o PSB, mas se filiou ao PT e vai sair candidato com o apoio do ex-presidente Lula no estado. Além do petista, o ex-deputado estadual César Silvestri Filho se filiou ao PSDB e pretende abrir palanque para João Doria no estado.
Rio Grande do Sul tem pulverização de candidaturas
No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) renunciou ao governo estadual e pretende se viabilizar como candidato ao Planalto. Com isso, o tucano indicou o vice-governador Ranolfo Vieira, também do PSDB, para a sua sucessão.
Já o presidente Bolsonaro conta, até o momento, com ao menos dois palanques no estado: o do ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) e do senador Luis Carlos Heinze (PP). Aliados de Lorenzoni, no entanto, tem atuado nos bastidores para convencer Heinze a abrir mão de sua pré-candidatura para que não haja uma divisão entre apoiadores do presidente no estado. Os dois ainda disputam o apoio do vice-presidente Hamilton Mourão, que se filiou ao Republicanos e vai disputar o Senado.
Por outro lado, o ex-presidente Lula ainda não conseguiu definir seu palanque no estado. O PT lançou a pré-candidatura de Edegar Pretto, mas a manutenção do nome ainda é vista com incertezas no núcleo do partido, pois Lula pode fechar um acordo com o PSB para apoiar o pré-candidato Beto Albuquerque.
O estado conta ainda com a pré-candidatura do deputado Marcelo Van Hattem (Novo), Marco Della Nina (Patriota), Roberto Argenta (PSC) e Romildo Bolzan Jr. (PDT).
Bolsonaro é cortejado por ao menos três nomes em Santa Catarina
O partido do presidente Jair Bolsonaro (PL) lançou o senador Jorginho Mello para disputar o governo catarinense e o ex-secretário de Aquicultura e Pesca Jorge Seif para disputa ao Senado.
O estado terá ainda a candidatura à reeleição de Carlos Moisés, que se filiou ao Republicanos e também busca o apoio de Bolsonaro no estado. Pelo Progressistas (PP), o pré-candidato é o senador Esperidião Amin. Apesar da composição entre PL, Republicanos e PP para apoiar a candidatura de Bolsonaro, o presidente tem sinalizado que não vai interferir nas disputas estaduais. "Eu não entro em campanha de estado nenhum, fico maluco se eu começar a apoiar um aqui e outro ali”, afirmou.
Já o ex-presidente Lula deve subir no palanque do senador Dário Berger, que deixou o MDB e se filiou ao PSB junto com Geraldo Alckmin. O senador, no entanto, está no último ano de mandato e pode disputar uma reeleição, caso não viabilize sua candidatura ao governo. Neste caso, o PT buscaria emplacar o nome do ex-prefeito de Blumenau Décio Lima.
ACM Neto tenta acabar com a hegemonia do PT na Bahia
Depois de consolidar a fusão entre DEM e PSL para criação do União Brasil, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto busca agora viabilizar sua candidatura ao governo da Bahia. A estratégia de Neto é ampliar seu grupo político, no intuito de acabar com a hegemonia do PT que já governa o estado há mais de 10 anos.
Recentemente, por exemplo, o pré-candidato do União Brasil atraiu o apoio do PP no estado, que até então estava na base do governador Rui Costa (PT). Paralelamente, o PT tenta alavancar a pré-candidatura de Jerônimo Rodrigues, secretário escolhido por Rui Costa para entrar na disputa pela sua sucessão ao governo.
Já o presidente Jair Bolsonaro terá espaço no palanque do ex-ministro João Roma, que deixou o Republicanos e se filiou ao PL. “Quero uma Bahia de mãos dadas com o Brasil, retirando obras do papel e transformando a vida das pessoas com educação, segurança e emprego", afirmou Roma ao oficializar sua pré-candidatura.
Em Pernambuco, PT perde aliada de Lula e Bolsonaro lança nome do PL para o governo
Em meio às disputas entre PT e PSB, o partido do ex-presidente Lula perdeu a deputada Marília Arraes, que se filiou ao Solidariedade para disputar o governo de Pernambuco. O movimento ocorreu depois que o PT sinalizou apoio ao nome de Danilo Cabral (PSB) para a disputa estadual.
“Faremos um debate civilizado, e vamos mudar profundamente a política em Pernambuco. Marília, Lula, Alckmin e quem mais vier nessa nova pegada”, declarou a pré-candidata.
De acordo com integrantes do PT, Lula não pretende subir no palanque de Marília no estado. Durante um encontro com a pré-candidata em São Paulo, o petista sinalizou que já tinha um acordo com a pré-candidatura do PSB.
Já Bolsonaro vai subir no palanque de Anderson Ferreira, ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes. Ferreira é filiado ao PL que também promoveu a pré-candidatura ao Senado do ex-ministro do Turismo Gilson Machado.
Reduto de Ciro, Ceará tem aliança entre PDT e PT para disputa ao governo
Reduto eleitoral do pré-candidato pelo PDT, Ciro Gomes, o Ceará pode ter uma aliança que abarque a candidatura do pedetista e do ex-presidente Lula. O estado era governado pelo petista Camilo Santana, que deixou o governo no começo deste mês para entrar na disputa por uma vaga ao Senado.
Com a renúncia de Camilo Santana, que governava o estado com apoio do PDT, o partido de Ciro pretende indicar um nome próprio para a disputa estadual. Até o momento, pleiteiam a vaga nomes como a vice-governadora Izolda Cela, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, o deputado federal Mauro Filho e o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão. O apoio do PT é dado como certo ao nome escolhido pelo PDT.
Já o presidente Bolsonaro deve estar no palanque do deputado Capitão Wagner, que se filiou ao União Brasil para disputar o governo estadual. Recentemente os dois estiveram juntos em agendas pelo interior do estado.
Além disso, o Psol apresentou como pré-candidata para o governo Adelita Monteiro, atual secretária do partido e uma das fundadoras da legenda no Ceará.
Candidato à reeleição, Helder Barbalho vai abrir palanque para Lula no Pará
O atual governador do Pará, Helder Barbalho, é pré-candidato à reeleição. Filiado ao MDB, foi ministro-chefe da Secretaria Nacional dos Portos no governo Dilma Rousseff e neste ano pretende abrir palanque para o ex-presidente Lula.
Já o presidente Bolsonaro deve subir no palanque do senador Zequinha Marinho (PL), que tenta viabilizar sua pré-candidatura na disputa ao governo do estado. Existe ainda a possibilidade do chefe do Planalto ter o apoio de Márcio Miranda, pré-candidato pelo União Brasil e que em 2018 acabou sendo derrotado por Barbalho.
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