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lula e bolsonaro
Lula (PT) e Bolsonaro (PL): campanhas buscam entidades no intuito de angariar apoio para a disputa presidencial.| Foto: Juan Ignacio Roncoroni/EFE; Joédson Alves/EFE

As campanhas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm promovido uma série de encontros com representantes das principais entidades do setor produtivo no intuito de angariar apoio para a disputa presidencial deste ano. Até o momento, entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estão entre as mais cortejadas pelos dois pré-candidatos.

No núcleo de campanha de Bolsonaro, por exemplo, a avaliação é de que o presidente vai conseguir manter o apoio que recebeu em 2018 das principais lideranças do empresariado e do mercado financeiro. Em contrapartida, a campanha de Lula sinaliza que já conseguiu reduzir as resistências em boa parte do meio empresarial.

As entidades, no entanto, não devem declarar apoio formal para nenhuma candidatura. Mas, na avaliação de políticos envolvidos nas conversas, os encontros servem para mensurar a adesão por parte dos integrantes dos setores econômicos.

Recentemente, por exemplo, Bolsonaro aproveitou a ausência de Lula na sabatina promovida pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) para criticar o petista diante de empresários do setor. No encontro, Bolsonaro foi aplaudido diversas vezes ao falar sobre temas como como titulação de terras a membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e ideologia de gênero.

Ainda durante sua participação no evento da CNI, Bolsonaro prometeu recriar o Ministério da Indústria e do Comércio, que em 2019 foi incorporada ao Ministério da Economia, chefiado por Paulo Guedes. "Pretendemos, em havendo uma reeleição, recriar o Ministério Indústria e Comércio, cujo ministro seria indicado pelos senhores, com o perfil dos senhores, para exatamente ter liberdade para trabalhar", prometeu Bolsonaro.

Apesar da recusa de Lula em participar da sabatina da CNI, integrantes do núcleo de campanha do PT admitem que o ex-presidente tem promovido encontros privados com representantes da entidade. Reservadamente, líderes petistas avaliam que o setor da indústria será determinante para a retomada econômica e, por isso, o diálogo com o setor é uma das prioridades da campanha de Lula. Assim como Bolsonaro, Lula também já indicou que pretende recriar uma pasta própria para atender o segmento.

Lula tenta diminuir apoio de Bolsonaro dentro da Fiesp 

Em outra frente, a campanha do ex-presidente Lula lançou uma ofensiva para tentar diminuir o apoio do presidente Bolsonaro junto aos integrantes da Fiesp – a maior federação empresarial do país. Na semana passada, o petista almoçou com banqueiros e empresários na sede da entidade em São Paulo.

O encontro, pedido pela própria campanha de Lula, foi intermediado pelo presidente da Fiesp, o empresário Josué Gomes, dono da Coteminas e filho de José de Alencar, vice-presidente de Lula entre 2003 e 2009. Aliados de Lula indicam que Gomes é uma peça-chave na articulação para a reaproximação com o empresariado ligado à Fiesp.

No encontro, Lula tentou amenizar as resistências do setor sobre algumas propostas encampadas pelo PT, como o fim teto de gastos e a revisão da reforma trabalhista. Lula também sugeriu a criação de outras "âncoras fiscais" que substituam o teto de gastos implantado no governo do presidente Michel Temer (MDB). Sobre a questão fiscal, o ex-presidente reforçou que haveria total comprometimento com as contas públicas, mas que a régua do teto é inviável. O ex-presidente teria argumentado que o próprio Bolsonaro percebeu que o teto é insustentável no médio prazo e que atualmente está tomando medidas contrárias a ele.

O encontro de Lula na Fiesp foi considerado informal, já que está prevista para agosto uma rodada de conversas formais com todos os presidenciáveis. Apesar disso, a campanha do PT avalia que essa primeira reunião serviu para Lula tenta diminuir a influência de Bolsonaro junto aos empresários ligados a entidade. Antes de Gomes assumir a presidência, a Fiesp era comandada por Paulo Skaff, empresário próximo do presidente Bolsonaro.

Líderes petistas afirmam que Lula busca recompor a relação desgastada durante o governo de Dilma Rousseff. Em 2015, a a Fiesp patrocinou uma campanha contra medidas adotadas no governo da petista. À época, o "pato da Fiesp", mascote de uma ação da entidade para dizer que a sociedade estava "pagando o pato" das medidas da petista, tornou-se um símbolo dos protestos que pediram o impeachment de Dilma.

Dividida entre Lula e Bolsonaro, CNC é cortejada pelas duas campanhas  

Na terça-feira (12), o ex-presidente Lula se reuniu em Brasília com membros Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) para ouvir as demandas do setor. Reservadamente, integrantes da entidade afirmaram que existe uma divisão dos membros do setor sobre o apoio a Lula e a Bolsonaro.

Os dois receberam da entidade a cópia de um documento, formulado por cerca de duas mil pessoas, pedindo respeito ao "livre-mercado" e a função social das empresas. O mesmo documento também já foi entregue para a senadora Simone Tebet, pré-candidata pelo MDB.

De acordo com o presidente da Confederação, José Roberto Tadros, o documento relaciona temas de interesse nacional, que ultrapassam os setoriais, buscando o desenvolvimento empresarial, econômico e social. "Por estarmos presentes em todo o Brasil, entendemos as prioridades para o desenvolvimento econômico e social, tendo como pilares os princípios de livre mercado e do respeito à função social das empresas”, disse Tadros.

No encontro em Brasília, Lula sinalizou que, se eleito, vai voltar a sentar com empresários, empreendedores e governo para encontrar a melhor solução para a relação capital e trabalho.

Ao lado de Geraldo Alckmin (PSB), indicado como vice na chapa do PT, Lula reforçou a participação do ex-governador no diálogo com as entidades. "A gente precisa ter coragem de juntar as pessoas diferentes para a gente vencer as pessoas antagônicas. Esse moço [Alckmin] foi o governador de São Paulo por 16 anos. Eu tenho sorte com vice. A maior demonstração de que é possível constituir uma aliança é na diversidade. Ele será um vice de verdade, para ajudar que os empresários voltem a ganhar dinheiro e que os trabalhadores voltem a ter empregos e a ganhar salários", disse Lula.

Já no encontro com Bolsonaro, que ocorreu há três semanas, a CNC divulgou uma nota em que informou que "o presidente reforçou um olhar mais aguçado para o setor". Além disso, o presidente defendeu que o país alcançou um patamar de relevância mundial, apesar da crise sanitária provocada pela Covid-19. "Todo mundo hoje reconhece a importância do Brasil. Nosso país é um porto-seguro, tem segurança jurídica, é um governo que cumpre seus contratos. Conseguimos avançar, mas a pandemia serve como uma experiência dolorosa para todos nós", disse Bolsonaro.

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