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palanques Bolsonaro
Bolsonaro desfila em Rio Verde (GO) ao lado do deputado federal Vitor Hugo (PL), pré-candidato ao governo de Goiás com o apoio do presidente.| Foto: Isac Nobrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PL) vai tentar a reeleição com palanques montados em quase todos os estados e no Distrito Federal. De norte a sul do país, o PL é o partido dominante na maioria dos arranjos locais atualmente negociados entre aliados de Bolsonaro. O PP e o Republicanos vêm logo atrás. Os três partidos formam a espinha dorsal do projeto político de Bolsonaro.

Os palanques também são costurados com quadros políticos do PSC e do PTB, partidos que devem apoiar a reeleição do presidente, e do União Brasil, PSD e MDB, que não estão na base e ensaiam o lançamento ou apoio a uma candidatura da chamada "terceira via" eleitoral.

União, PSD e MDB são os três partidos mais cobiçados pela coordenação eleitoral do presidente da República. Integrantes do núcleo político de Bolsonaro dialogam com caciques dessas legendas a fim de inseri-los na coligação presidencial e construir uma aliança poderosa pela reeleição.

Embora os arranjos estaduais construídos com nomes do União Brasil, PSD e MDB sejam insuficientes para assegurar os partidos em uma coligação formal de Bolsonaro à reeleição, os mais entusiasmados no governo acreditam que a montagem dos palanques ajuda a tornar possível a construção de uma ampla aliança.

Dos 26 estados e o Distrito Federal, o único onde a construção de palanque segue incerta é o Amapá. A costura traçada nos bastidores apontava para o lançamento de Damares Alves, ex-ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, ao Senado. Porém, o núcleo político de Bolsonaro tem outros planos para ela. Entenda mais sobre isso e os demais arranjos abaixo:

Como estão os palanques de Bolsonaro no Sudeste, o maior colégio eleitoral

Na região com o maior colégio eleitoral do país, a formação de palanques de Bolsonaro está bem desenhada. Em São Paulo, o engenheiro Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura, é o pré-candidato ao governo estadual. O nome para vice ainda está em construção, mas o da deputada federal Rosana Valle (PL) foi sondado.

O nome ao Senado na chapa com Tarcísio ainda não está fechado. O jornalista e apresentador José Luiz Datena (PSC) lidera as pesquisas e até acompanhou o ex-ministro em um evento recente, mas as vaias de eleitores de Bolsonaro contra Datena acenderam o sinal de alerta na coordenação eleitoral.

Por esse motivo, outros nomes são sondados pela base do governo, como os do empresário Paulo Skaf (Republicanos) e da deputada federal Carla Zambelli (PL). A deputada estadual Janaína Paschoal (PRTB) também é cotada, mas interlocutores apontam que Bolsonaro tem resistências à parlamentar.

Em Minas Gerais, o quadro eleitoral é mais claro. O palanque é formado pelo líder do governo no Senado, Carlos Viana (PL), pré-candidato ao governo estadual, com o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PL), ex-ministro do Turismo, como pré-candidato ao Senado, embora outros deputados do PL aspirem o cargo. O posto de vice ainda segue em aberto e há conversas para que seja ocupado por alguém do PP.

No Rio de Janeiro, o cenário atual também sugere uma pacificação. O atual governador Cláudio Castro (PL) irá à reeleição com o empresário Washington Reis (MDB), ex-prefeito de Duque de Caxias, como vice. O emedebista almejava apoio para o Senado, mas o arranjo costurado deixa o posto livre para o senador Romário (PL), que vai tentar a reeleição com o apoio do presidente nacional de seu partido, Valdemar Costa Neto.

No Espírito Santo, o palanque de Bolsonaro é construído pelo médico Carlos Manato (PL), ex-deputado federal, que lançou sua pré-candidatura ao governo estadual, e pelo pastor Magno Malta (PL), ex-senador, que se lançou pré-candidato ao Senado. A chapa ainda não fechou um nome como pré-candidato a vice-governador.

Como estão os palanques no Nordeste, o principal desafio de Bolsonaro

A segunda região com o maior colégio eleitoral do país é o principal desafio para Bolsonaro. Em 2018, ele não venceu em nenhum dos nove estados nos dois turnos. Agora, ele espera se sair melhor e, para isso, sua base trabalha para apresentar palanques competitivos, apesar das dificuldades em atrair partidos aliados.

Na Bahia, o estado com o maior número de eleitores da região, Bolsonaro conta com o deputado federal João Roma (PL), ex-ministro da Cidadania e pré-candidato ao governo estadual, para fornecer palanque. Entretanto, a campanha enfrenta dificuldades para compor até mesmo com legendas aliadas, como o PP e o Republicanos, que apoiam a pré-candidatura de ACM Neto (União Brasil), ex-prefeito de Salvador.

No Ceará, Bolsonaro apoia a candidatura do deputado federal Capitão Wagner (União Brasil) ao governo estadual, embora o parlamentar aponte que seu "palanque é amplo" e não garantiu apoio exclusivo ao presidente da República. Por esse motivo, o PL tem demonstrado o interesse em lançar como pré-candidato o ex-deputado federal Raimundo Gomes de Matos. Nomes para o Senado e vice ainda estão em discussão.

Em Pernambuco, o palanque está definido com a pré-candidatura de Anderson Ferreira (PL), ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes (PE). Seu nome ao Senado será o de Gilson Machado (PL), ex-ministro do Turismo de Bolsonaro. Os dois ainda conversam com partidos interessados para buscar uma coligação e escolher um nome para vice.

No Maranhão, a costura também está bem encaminhada. O médico Lahésio Bonfim (PSC), ex-prefeito de São Pedro dos Crentes (MA), lançou sua pré-candidatura ao governo estadual e selou apoio para a candidatura à reeleição do senador Roberto Rocha (PTB), segundo apontam interlocutores do PSC. Os mais próximos do senador petebista apontam, porém, que ainda é um diálogo em construção. De toda a forma, o palanque está nas mãos dos dois, que ainda procuram um nome para ser lançado a vice.

Na Paraíba, o jornalista e apresentador Nilvan Ferreira (PL), pré-candidato ao governo estadual, fornecerá palanque a Bolsonaro. Ele obteve 46,84% dos votos válidos no segundo turno na disputa pela prefeitura de João Pessoa, em 2020, e montará chapa ao Senado com o empresário e advogado Bruno Roberto (PL), filho do deputado federal Wellington Roberto (PL). O vice deve vir de Campina Grande (PB), do Sertão paraibano ou Cariri, mas ainda sem partido definido.

O Piauí é uma incógnita para o governo federal, embora tenham nomes para apoiá-lo no estado. O médico Sílvio Mendes (União Brasil), ex-prefeito de Teresina, lançou sua pré-candidatura ao governo estadual com a deputada federal Iracema Portella (PP), ex-mulher do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, como pré-candidata a vice-governadora. O pré-candidato deles ao Senado é Joel Rodrigues (PP), ex-prefeito de Floriano (PI).

Ocorre que, embora a chapa piauiense seja apoiada por Nogueira, Mendes nega dividir palanque com Bolsonaro. A fim de evitar um impasse e não deixar o presidente sem palanque, o PL estuda lançar como pré-candidato ao governo o presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Piauí, major Diego Melo, segundo o site O Antagonista.

No Rio Grande do Norte, Bolsonaro pediu que a deputada federal Carla Dickson (União Brasil), vice-líder do governo na Câmara, fosse sua pré-candidata ao governo estadual. Sua chapa ainda não tem um vice e terá Rogério Marinho (PL), ex-ministro do Desenvolvimento Regional, como pré-candidato ao Senado. Marinho costurou apoio junto ao deputado estadual Ezequiel Ferreira (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa, que desistiu da pré-candidatura.

Em Alagoas, a situação é mais delicada. O candidato apoiado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), aliado do governo, é o senador Rodrigo Cunha (União Brasil), que, por sua vez, disse ao jornal Valor Econômico que sua intenção é dividir palanque com algum candidato da terceira via e não com Bolsonaro.

A pré-candidata a vice de Cunha, deputada estadual Jó Pereira (PSDB), e o pré-candidato ao Senado da chapa, deputado estadual Davi Davino Filho (PP), dão sinais, contudo, de que apoiarão Bolsonaro. Caso Cunha se mantenha resistente, é possível que o palco seja dividido com o senador Fernando Collor (PTB), que pode abandonar a pré-candidatura à reeleição a pedido do presidente.

Em Sergipe, o palanque de Bolsonaro ainda é incerto. Seu principal aliado no estado, o deputado federal Laércio Oliveira (PP), é pré-candidato ao Senado, mas integra o grupo político do atual governo, que apoiará a pré-candidatura do deputado federal Fábio Metidieri (PSD), que é simpático ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O PL quer lançar ao governo Valmir de Francisquinho, ex-prefeito de Itabaiana (SE), em uma chapa sem Oliveira.

Como estão os arranjos estaduais do governo na região Sul

O terceiro maior colégio eleitoral entre as cinco regiões mostra uma construção bem definida dos palanques. No Rio Grande do Sul, por exemplo, não faltam opções. O deputado federal Onyx Lorenzoni (PL), que ocupou quatro ministérios na gestão Bolsonaro, é um dos candidatos a oferecer espaço. O pré-candidato ao Senado em sua chapa será o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos). O vice ainda não está definido.

Outra opção ao presidente no estado é o palanque do senador Luiz Carlos Heinze (PP), vice-líder do partido no Senado. Sua pré-candidata a vice é a vereadora Tanise Sabino (PTB), de Porto Alegre, e sua pré-candidata ao Senado é a vereadora Comandante Nádia (PP), também da capital gaúcha, aponta o jornal Correio do Povo.

No Paraná, Bolsonaro também tem opções. O "plano A" é a montagem de um palanque com o atual governador Ratinho Jr. (PSD), que irá à reeleição. Os dois se encontraram este mês e a ideia é manter o bom relacionamento construído ao longo dos últimos três anos. O pré-candidato ao Senado na chapa é o deputado federal Paulo Eduardo Martins (PL).

Outra opção para o presidente é a pré-candidatura do deputado federal Filipe Barros (PL). A chapa ainda não tem nome fechado para a vice e ao Senado e é encarado por interlocutores de Ratinho Jr. e até do Palácio do Planalto como um blefe para forçar o PSD a não se opor a uma aliança entre o atual governador e Bolsonaro, uma vez que, caso o parlamentar mantenha sua candidatura, poderia comprometer uma vitória de Ratinho ainda no primeiro turno.

Em Santa Catarina, o "estado mais bolsonarista", segundo aliados do Planalto, Bolsonaro também tem palanque assegurado. Seu pré-candidato é o senador Jorginho Mello (PL), que formará chapa com o empresário Jorge Seif (PL), ex-secretário da Pesca, como pré-candidato ao Senado.

A chapa do PL segue sem um nome para a vice, mas após movimentações do senador Esperidião Amin (PP) sobre uma possível candidatura ao governo catarinense, o partido de Bolsonaro admite que deseja dialogar com o PP para construir uma aliança e entregar à legenda a pré-candidatura a vice.

Como estão as negociações e quais as dificuldades no Norte

O Norte, quarto maior colégio eleitoral do país, é outra região que o governo olha com atenção, sobretudo no Pará, onde Bolsonaro saiu derrotado nos dois turnos nas eleições de 2018, e em Tocantins, onde foi derrotado no primeiro turno.

No Pará, o estado com mais eleitores da região, Bolsonaro tem um palanque formado pelo senador Zequinha Marinho (PL) como pré-candidato ao governo e o ex-senador Mário Couto (PL) como pré-candidato ao Senado. O partido ainda tenta encontrar um partido e um nome para compor na vice, mas enfrenta dificuldades devido à forte aliança construída pelo atual governador, Helder Barbalho (MDB), que pode ser reeleito em primeiro turno.

No Amazonas, o atual governador Wilson Lima (União Brasil) vai dividir o palco com Bolsonaro. Inclusive, definiu como pré-candidato ao Senado em sua chapa o coronel Alfredo Menezes (PL). O pré-candidato a vice ainda não está definido.

Em Rondônia, Bolsonaro também tem duas opções de palanque. O senador Marcos Rogério (PL) é um dos pré-candidatos. A intenção dele é montar uma chapa com a deputada federal Jaqueline Cassol (PP) como pré-candidata ao Senado, mas disputa a negociação com o deputado federal Léo Moraes (Podemos).

Outra possibilidade de palco para o governo em Rondônia é com o governador Marcos Rocha (União Brasil), que irá à reeleição em uma chapa com a deputada federal Mariana Carvalho (Republicanos) como pré-candidata ao Senado. Ainda não há um nome fechado para ser lançado a vice.

Em Tocantins, Bolsonaro tem duas opções de palanque. A mais natural é a que tem o apoio do líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (PL), que apoia a pré-candidatura de Ronaldo Dimas (PL), ex-prefeito de Araguaína. A pré-candidata ao Senado deve ser a deputada federal Professora Dorinha (União Brasil). A alternativa é apoiar a reeleição do governador em exercício Wanderlei Barbosa (Republicanos), que se filiou ao partido em busca do apoio presidencial e ainda negocia alianças para sua chapa.

No Acre, o atual governador Gladson Cameli (PP) deve dividir o palanque com Bolsonaro. Dois nomes são cotados para formar chapa com ele como pré-candidatos ao Senado: o deputado federal Alan Rick (União Brasil) e a historiadora Márcia Bittar (PL), mulher do senador Márcio Bittar (União Brasil). Um acordo é costurado para que Márcia seja indicada como pré-candidata a vice.

O Amapá é o único estado onde Bolsonaro pode não ter um palanque. Pré-candidato ao governo, o pastor Gesiel Oliveira (PRTB) quer o apoio de Bolsonaro, mas interlocutores do governo apontam que a tendência é não ter um candidato. Indiretamente, seria uma "chapa branca" com o senador Davi Alcolumbre (União Brasil), desafeto do governo que irá à reeleição. "Se não lançam nenhum nome, o governo está reiterando o Davi. É uma costura pensando na próxima legislatura do Senado", diz um interlocutor.

Em Roraima, o arranjo construído envolve o apoio à reeleição do atual governador Antonio Denarium (PP), que terá como pré-candidato ao Senado o deputado federal Hiran Gonçalves (PP). Um provável nome como pré-candidato a vice é o ex-secretário de Infraestrutura do estado, Edilson Damião (Republicanos).

Como estão os palanques de Bolsonaro no Centro-Oeste

Na região que acumula o menor colégio eleitoral, mas um dos mais "bolsonaristas" em decorrência do agronegócio, os palanques de Bolsonaro estão bem montados. Em Goiás, o estado com o maior número de eleitores, duas opções se desenham para o presidente.

A opção principal em Goiás, hoje, é a base formada pelo deputado federal Vitor Hugo (PL-GO), pré-candidato ao governo, com o ex-senador Wilder Morais (PSC) como pré-candidato ao Senado na chapa. O nome para vice ainda não está definido.

O "plano B" que surge nos bastidores é um palanque com o atual governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Ele e Bolsonaro eram aliados até o início do mandato, mas a pandemia os afastou. Agora, ele faz acenos ao presidente em busca de apoio de parte da base política em Goiás, como os ruralistas. Seu pré-candidato a vice é o ex-deputado federal Daniel Vilela (MDB) e ele ainda busca um nome do PSD para indicar como pré-candidato ao Senado.

Em Mato Grosso, o presidente também tem duas possibilidades de palanque. Uma delas é uma chapa composta pelo deputado federal José Medeiros (PL) e pelo senador Wellington Fagundes (PL), que irá à reeleição. Um pré-candidato para vice ainda não foi definido.

Outra possibilidade de palanque é com o atual governador Mauro Mendes (União Brasil), que declarou apoio a Bolsonaro na terça-feira (19), na Marcha Para Jesus. Seu nome para o Senado é o deputado federal Neri Geller (PP). Sem um aparente acordo entre ambos, o deputado federal Nelson Barbudo (PL) tenta costurar um arranjo em que Medeiros apoie Mendes e definir um único nome entre Fagundes e Geller.

No Distrito Federal, o "plano A" trabalhado pelo governo é formar um palanque com o atual governador, Ibaneis Rocha (MDB), que irá à reeleição, com a deputada federal Flávia Arruda (PL), ex-ministra-chefe da Secretaria de Governo, como nome ao Senado. Outra possibilidade ao Senado é o da pastora Damares Alves (Republicanos), ex-ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, que tem o apoio de seu partido para disputar o cargo.

O governador emedebista disse ao Correio Braziliense ser "fã" da senadora Simone Tebet (MDB-MS), pré-candidata à Presidência da República, mas ponderou que ela não conseguirá furar a polarização. Segundo ele, entre Bolsonaro e Lula, "caminharia" com o presidente da República.

No Mato Grosso do Sul, o palanque do governo está definido. Foi costurado pela deputada federal Tereza Cristina (PP), ex-ministra da Agricultura, que será pré-candidata ao Senado na chapa com o ex-secretário de Infraestrutura Eduardo Riedel (PSDB), pré-candidato ao governo estadual e sucessor do atual governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Um nome para o posto de vice não está definido.

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