O presidente Jair Bolsonaro (PL) falou sobre liberdade de expressão, esquerda latino-americana, risco de golpe e o falso boato do almoço com Guilherme de Pádua, assassino confesso da atriz Daniella Perez, em entrevista ao vivo ao canal “Cara a Tapa”, do YouTube, neste sábado (10). O programa, que durou três horas, foi assistido por aproximadamente 440 mil espectadores simultâneos na maior parte do tempo.
“Eu sou acusado agora de programar o golpe. Alguém já viu eu me movimentando com generais por aí conspirando”, questionou Bolsonaro ao falar sobre acusações de que pode dar um golpe de Estado caso não seja reeleito.
O presidente falou ainda sobre a situação de alguns países governados pelas esquerdas na América Latina, como Colômbia, Chile e Argentina. Para ele, os governos de esquerda representam um risco muito maior tanto do ponto de vista das liberdades quanto na economia, em que pese terem sido eleitos democraticamente.
“O socialismo prega a igualdade, só que a gente sabe que é da miséria. A Colômbia acabou de eleger um [presidente, Gustavo Petro] que é um [ex-]guerrilheiro do M-19. A primeira medida veio no dia seguinte: aumento de impostos”, afirmou Bolsonaro. “Na Argentina, está 40% abaixo da linha da pobreza, e a Argentina, proporcionalmente, sempre rivalizou com o Brasil, desde lá atrás. O Chile sempre foi o país mais ajustado economicamente da América do Sul e agora só se complica também”.
Ao comentar temas da pandemia da Covid-19, como as vacinas e os medicamentos usados para o tratamento de pacientes, o presidente criticou a falta de liberdade de expressão sobre o assunto e a atuação do Poder Judiciário nesse sentido.
Para ele, a possibilidade de discutir os assuntos é “o que leva a gente buscar a perfeição de alguma coisa”. “Vamos dizer: eu acho, por exemplo, que o [jogador de futebol] Gabriel Menino não pode ser escalado no Palmeiras como atacante, porque ele não faz gol, mas como defensor ou meio de campo ele joga melhor… É a discussão! Você está proibido, no Brasil, de discutir qualquer assunto. Tem os checadores, que são os deuses, e dizem: 'isso é fake news'. Quando eu falo em liberdade, tem que ser total. Se você falou um negócio com que eu não concordei, eu entro na Justiça contra você. Não posso bloquear a tua página, te desmonetizar.”
Bolsonaro também criticou um suposta falta de liberdade de expressão sobre o sistema eleitoral. Ele recordou que o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) já admitiu, no passado, conversar sobre a questão, e que o ministro do STF Luiz Fux teve um diálogo com ele no Congresso sobre o assunto em 2017, quando Bolsonaro ainda era deputado. Questionado por Rica Perrone sobre o comportamento de parte da imprensa ao tratar o voto impresso como sinônimo de voto em papel, Bolsonaro definiu isso como “má-fé”.
Nos últimos meses, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem promovido testes para demonstrar a segurança das urnas. Em várias declarações, o ministro Edson Fachin, então presidente do TSE, reafirmou que as urnas eletrônicas são seguras e que os resultados gerados são fiéis à vontade de todo o eleitorado brasileiro. “Prova disso são as 14 eleições, entre municipais e gerais, com voto eletrônico, além de centenas de eleições suplementares espalhadas por municípios brasileiros. Todos os resultados espelhando fielmente a expressão da soberania popular”, afirmou.
Bolsonaro diz que vai processar autores de boato sobre almoço com Guilherme de Pádua
O presidente também afirmou na entrevista que pretende processar os autores do falso boato sobre ter almoçado com Guilherme de Pádua, condenado pelo assassinato da atriz Daniella Perez e que virou pastor após cumprir pena pelo crime.
No último domingo (7), ele participou com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, de um evento evangélico em Belo Horizonte (MG). Veículos de imprensa se basearam em uma foto de Michelle com a atual mulher de Pádua para concluir que o presidente teria estado com o assassino da atriz.
Bolsonaro disse que fez um discurso no evento, mas saiu logo depois. “Falei poucos, pouquíssimos minutos ali. Antes de acabar, eu voltei para Brasília e minha esposa ficou. Eu não fiquei para almoçar, eu não almocei lá, e a Michelle ficou. Eu conversei com ela depois, porque apareceu uma foto dela com a esposa do Guilherme de Pádua, para ver o que acontecei. Ela falou: ‘Tirei umas 100 fotografias. Obviamente, não sei quem tirou fotografia comigo’", comentou o presidente.
Por conta da repercussão negativa do caso, Bolsonaro diz que já conversou com seu advogado e pretende processar os responsáveis pelo boato.
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