Os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), são dois dos cabos eleitorais mais importantes na campanha de segundo turno do presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles administram, respectivamente, o segundo e o terceiro estados mais populosos do país. Ambos foram reeleitos no primeiro turno.
Zema e Castro confirmaram o apoio a Bolsonaro poucos dias após a realização do primeiro turno. O governador do Rio justificou o endosso por ser do mesmo partido de Bolsonaro e também por considerar que a gestão do presidente foi benéfica ao estado. Já Zema, que no primeiro turno apoiou o candidato a presidente Felipe D'Avila (Novo), disse que escolheu Bolsonaro no segundo turno por, entre outros motivos, rejeitar o PT.
A atuação de Castro e Zema na campanha de Bolsonaro, porém, tem sido diferente. O governador de Minas está na linha de frente da campanha presidencial enquanto o do Rio adotou um perfil mais discreto.
Zema tem percorrido diferentes cidades de Minas Gerais e até de outros estados pedindo votos para Bolsonaro. Minas tem sido uma das prioridades da campanha de Bolsonaro. Tradicionalmente, o candidato que vence no estado ganha a eleição presidencial. E, no primeiro turno, quem venceu em Minas foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve 48,29% dos votos válidos contra 43,60% de Bolsonaro. Já Zema se reelegeu com 56,2%. Em termos numéricos, a diferença entre Zema e Bolsonaro foi de 854,8 mil votos a mais para o governador – e ele trabalha para tentar "transferi-los" para o presidente no segundo turno.
Um exemplo do engajamento de Zema na campanha de Bolsonaro ocorreu na última quinta-feira (20), quando o governador esteve em um ato em São Paulo promovido pelo presidente e pelo candidato ao governo de São Paulo Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos). Na ocasião, Zema disse que "o futuro do Brasil está nas mãos de vocês, paulistas, e de nós, mineiros, que temos a obrigação de virar essa eleição".
A deputada estadual Laura Serrano (Novo-MG) diz que Zema tem "um grande potencial para contribuir para a reversão" do quadro eleitoral em Minas Gerais. Segundo ela, o governador deve explorar junto ao eleitorado o histórico do PT em Minas – que ela considera ter sido responsável por "deixar o estado arrasado". O PT governou Minas entre 2015 e 2018, com Fernando Pimentel.
Já Castro adotou conduta mais discreta. O governador do Rio não tem falado sobre a candidatura de Bolsonaro em suas redes sociais e também não participou de muitos atos públicos ao lado do candidato à reeleição.
Ainda assim, o potencial de Castro para a campanha de Bolsonaro é valorizado e pode ser identificado em termos numéricos. Bolsonaro superou Lula no Rio no primeiro turno, mas teve menos votos do que o governador. Foram 4,.93 milhões de votos para Castro e 4,83 milhões votos para Bolsonaro – uma diferença de cerca de 100 mil votos que pode fazer a diferença numa eleição de segundo turno apertada.
A campanha de Bolsonaro acredita que Castro pode contribuir para que o presidente obtenha mais votos principalmente na Baixada Fluminense – que tem cerca de 3 milhões de habitantes. Bolsonaro foi o vitorioso nos 13 municípios que compõem a Baixada.
Mas, nos últimos dias, Lula tem visitado a Baixada e o PT deflagrou uma "batalha" por apoios na região. Prefeito de Belford Roxo e presidente estadual do União Brasil, Waguinho declarou voto em Lula no segundo turno. Ele é marido da deputada federal Daniela do Waguinho, que foi o nome mais votado para a Câmara no Rio em 2022.
Apoios de Zema e Castro indicam importância do Sudeste
O Sudeste – onde estão o Rio de Janeiro, Minas Gerais e também São Paulo e Espírito Santo – concentra 42% da população nacional. Nas últimas eleições presidenciais, os eleitores da região tem votado contra o PT. Bolsonaro teve 65,4% dos votos do Sudeste no segundo turno das eleições de 2018 e, no primeiro turno de 2022, teve 47,6% dos votos válidos contra 42,6% de Lula. Em 2014, a então presidente Dilma Rousseff (PT) foi derrotada por Aécio Neves (PSDB) no Sudeste no segundo turno da disputa.
Devido ao tamanho do eleitorado, as duas candidaturas a tratarem a região como prioridade. Tanto Lula quanto Bolsonaro têm intensificado agendas em cidades paulistas, mineiras e fluminenses. Com exceção de compromissos em Salvador (BA) e Brasília, Bolsonaro deve ter atos de campanha apenas no Sudeste até o dia da realização do segundo turno. O presidente também prioriza as cidades do Sudeste em vídeos personalizados que sua campanha tem disparado a eleitores.
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