Plenário da Câmara dos Deputados: partidos estabelecem metas próprias para ampliar as bancadas.| Foto: Wesley Amaral/Câmara dos Deputados
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A meta dos partidos de ampliar suas bancadas de deputado federal na eleição de 2022 passa por estratégias distintas. Legendas com presidenciáveis competitivos, como o PT de Luiz Inácio Lula da Silva e o PL de Jair Bolsonaro, esperam que o nome dos pré-candidatos ao Executivo estimule o apoio do eleitor para os outros cargos em disputa. Outras agremiações contam com o histórico de lideranças estaduais e o peso de nomes já consagrados para se fortalecerem na Câmara Federal.

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Em comum, a necessidade de usar muita estratégia para superar um quadro formado por um panorama inédito. A eleição de 2022 será a primeira em que os partidos estarão proibidos de fazer coligações nas eleições proporcionais – isto é, nas disputas para as vagas de deputado. Antes da vedação, a formação de coligações permitia aos partidos apresentarem menos candidatos e se beneficiarem com o desempenho de um “puxador de votos” de outra legenda.

A eleição atual terá ainda como novidade a figura da federação, que se assemelha à coligação, mas determina a adesão entre os partidos por um período de quatro anos, não apenas durante o processo eleitoral. Além disso, continuam em vigor medidas como o impedimento de doação de recursos por parte de pessoas jurídicas.

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PL se fortalece com entrada de Bolsonaro

“O PL ficou muito atraente depois da chegada do presidente Bolsonaro”, diz o deputado federal Capitão Augusto (SP), vice-presidente nacional do partido. Ele cita que a legenda tem como expectativa a eleição de 70 deputados federais. O número é inferior aos 79 que o PL tem hoje, mas o dado atual representa o resultado da troca de partidos que muitos deputados fizeram durante a janela recém-encerrada.

Até a filiação de Bolsonaro à legenda, o PL era um histórico representante do Centrão, apoiando diferentes governos e sem vinculação ideológica. O partido elegeu 33 deputados federais em 2018.

O atual partido de Bolsonaro vive “problemas de crescimento”. O alavancamento possibilitado pela chegada do presidente à agremiação fará com que o PL tenha mais candidatos ao Senado e governos estaduais do que o habitual do partido. Isso faz com que o PL tenha uma dificuldade maior para gerenciar o dinheiro que investirá na campanha, segundo Augusto. “É uma situação meio complicada. Será uma campanha que não contará com muitos recursos, e precisamos fazer com cautela a divisão. Por outro lado, creio que as campanhas estarão mais baratas que as de anos anteriores”, ressalvou.

A verba disponível hoje aos partidos, que vem majoritariamente de origem pública, como os fundos partidário e e eleitoral, é definida pelo ex-deputado Guilherme Campos, vice-presidente nacional do PSD, como “um valor considerável, mas que não é tão representativo”. Segundo ele, as verbas são “o que dá um mínimo para que o processo eleitoral aconteça”.

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PSD aposta nas forças estaduais

O PSD não terá candidato a presidente, após as recusas do senador Rodrigo Pacheco (MG) e do ex-governador Eduardo Leite (RS) de encabeçarem o projeto do partido. O ex-deputado Guilherme Campos diz que o partido espera utilizar a força dos candidatos aos governos dos estados como ferramenta para o crescimento da bancada federal. Hoje, o PSD tem dois governadores, Belivaldo Silva (SE) e Ratinho Júnior (PR). O paranaense pode concorrer à reeleição, enquanto o sergipano já está em seu segundo mandato.

Um exemplo da tática do PSD de apostar em candidaturas locais para fortalecer o projeto federal é o que o partido empreenderá em São Paulo. O PSD terá como candidato ao governo do estado Felício Ramuth, ex-prefeito de São José dos Campos. Ramuth ainda é pouco conhecido do eleitorado e não tem pontuado bem em pesquisas: registrou apenas 2% em levantamento do Ipespe divulgado no último dia 11 (veja metodologia ao fim do texto).

Apesar disso, Campos define como “muito interessante” a candidatura de Ramuth. “O cabeça de chapa sempre favorece, ele é um puxador de voto. Ainda mais um candidato como Felício, que está muito focado”, acrescentou. O PSD elegeu 35 deputados federais em 2018 e atualmente tem 45.

PT: Lula, chapa forte e puxadores

Principal força de oposição ao presidente Jair Bolsonaro, o PT planeja eleger de 75 a 80 deputados federais nas eleições de outubro. O número é bem superior tanto ao que o partido tem hoje (56) quanto ao que obteve na disputa de 2014 (54).

Segundo o deputado federal Paulo Teixeira (SP), membro da executiva nacional do partido, a meta será alcançada principalmente com a somatória de três fatores: uma “chapa forte”, a prioridade às candidaturas federais nos programas partidários de TV e também na distribuição de recursos do fundo eleitoral.

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O nome do ex-presidente Lula também entra no jogo. O petista tenta voltar ao Palácio do Planalto e sua pré-campanha tem motivado o PT a realizar eventos pelo Brasil, o que estimula a filiação e a valorização de lideranças locais.

O partido ainda espera contar com a candidatura de “medalhões”, nomes que figuram entre as estrelas da legenda e devem concorrer a uma vaga na Câmara. Entre eles, o ex-governador Fernando Pimentel (MG), o ex-ministro e ex-prefeito Luiz Marinho (SP) e o vereador Lindbergh Farias (RJ), que foi senador.

Federações podem “salvar” partidos menores

O PT de Lula formalizou, no início de abril, a formação de uma federação partidária com PV e PCdoB. A medida pode ser vital para a sobrevivência da legenda comunista e a do Partido Verde.

Isso porque a federação ajuda os partidos menores a superarem a cláusula de barreira, medida que exige desempenho eleitoral para que as agremiações sejam contempladas com recursos públicos do fundo eleitoral e com tempo nas inserções de rádio e TV. Hoje, tanto PV quanto PCdoB figuram entre os menores partidos da Câmara, não têm senadores e nem governadores estaduais. A adesão ao PT pode levar os partidos a se beneficiarem com a votação expressiva que o partido de Lula recebe, historicamente, a cada eleição.

Outros partidos do campo oposicionista também devem formar uma federação: Rede e Psol, que igualmente não figuram entre as maiores agremiações do país. A Rede tem apenas um senador e uma deputada federal, enquanto o Psol não têm senadores e dispõe de oito deputados federais. Os dois partidos apoiarão Lula na eleição presidencial.

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No campo da centro-direita, outra federação que pode ser formada é entre PSDB e Cidadania. Se formalizado, o acordo teria características similares ao firmado pelo PT, por unir uma sigla de maior porte a outra com menos votos. O Cidadania tem apenas seis deputados federais e uma senadora.

Metodologia da pesquisa citada

A pesquisa feita pelo Ipespe foi encomendada pela XP Investimentos. O levantamento foi realizado entre os dias 6 e 9 de abril. A empresa fez 1.000 entrevistas por telefone. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais, para mais ou para menos. Já o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o protocolo SP-06962/2022.