Apesar de reunirem candidatos a governador, os debates realizados pela Band neste domingo (7) tiveram referências frequentes à disputa presidencial. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) foram lembrados pelos candidatos dos três maiores colégios eleitorais do país – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro –, seja em tentativas de associação positiva ou para a realização de críticas.
Em São Paulo, Fernando Haddad (PT) e Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) lembraram o período em que atuaram como ministros no governo federal – Haddad foi ministro da Educação nos governos de Lula e Dilma Rousseff, enquanto Tarcísio atuou como ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro. Já Rodrigo Garcia (PSDB) buscou se apresentar como uma alternativa à polarização entre esquerda e direita na disputa estadual.
Em Minas, Alexandre Kalil (PSD) e Lorene Figueiredo (Psol) defenderam a vitória de Lula no primeiro turno da eleição presidencial, enquanto Carlos Viana (PL) exaltou ações do governo de Bolsonaro.
Já no Rio, o candidato apoiado por Lula, Marcelo Freixo (PSB), buscou ligar o atual governador Cláudio Castro (PL) a Bolsonaro. Castro, porém, não associou sua imagem à do presidente.
Veja um resumo das referências a Lula e Bolsonaro no debate em cada um dos três estados:
São Paulo tem troca de ataques entre candidatos
Em São Paulo, cinco candidatos participaram do debate realizado pela Band: Fernando Haddad (PT), Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), Rodrigo Garcia (PSDB), Vinícius Poit (Novo) e Elvis Cezar (PDT).
O evento foi marcado por trocas de acusações entre Haddad, Tarcísio e Garcia. Na primeira parte do debate, ao responder uma pergunta sobre educação, Tarcísio pediu aos eleitores que buscassem no Google “quem foi o pior prefeito de São Paulo”. Haddad comandou a capital paulista entre 2013 e 2016.
O petista revidou, pedindo que a busca fosse pela palavra “genocida”. “Vai aparecer quem matou 600 mil pessoas por não ter comprado vacina”, disse, em referência a Bolsonaro, padrinho político de Tarcísio.
Os dois candidatos fizeram referências ao que consideram ser realizações das gestões petistas e de Bolsonaro no governo federal. Haddad lembrou seu período como ministro da Educação (entre 2005 e 2012), afirmando, por exemplo, que trará para São Paulo a experiência com os institutos federais de ensino. Tarcísio, por sua vez, fez menção à sua atuação como ministro da Infraestrutura no governo de Bolsonaro, citando obras e concessões.
Garcia, por sua vez, buscou se apresentar como uma alternativa à polarização entre Lula e Bolsonaro. “São Paulo não quer ir para esquerda ou direita, quer ir para frente”, afirmou.
O atual governador do estado se esquivou da associação com João Doria, de quem era vice – Garcia assumiu o Executivo depois que Doria renunciou ao cargo, no início do ano. Tarcísio, no entanto, chamou o governador de “candidato do Doria”.
O concorrente do Novo, Vinicius Poit, também fez críticas aos candidatos. Ele chamou Lula de “ex-presidiário”, além de questionar Tarcísio sobre as alianças com Eduardo Cunha (PTB) e Valdemar da Costa Neto (PL), ambos envolvidos em escândalos de corrupção.
Em Minas, candidatos fazem críticas e elogios a Bolsonaro e Lula
O atual governador de Minas, Romeu Zema (Novo), desistiu de participar do debate da Band no domingo (7). Ele afirmou ter sentido uma indisposição na semana passada e disse não estar “totalmente recuperado” para o evento.
Com isso, participaram do debate Alexandre Kalil (PSD), Carlos Viana (PL), Lorene Figueiredo (Psol) e Marcus Pestana (PSDB). Mesmo ausente, Zema se tornou alvo de críticas dos oponentes. Kalil, por exemplo, afirmou que o “governador ausente” fez “concessões apressadas” de rodovias estaduais. Marcus Pestana (PSDB) disse que Zema “não é vocacionado para administração pública”.
Zema vinha sendo cortejado por Bolsonaro para uma aliança em Minas, mas acabou se distanciando do presidente. Diante disso, o PL lançou Carlos Viana como candidato. No debate, Viana defendeu o governo de Bolsonaro, citando, por exemplo, a privatização da Eletrobras e a sanção do piso salarial para enfermagem.
Já Marcus Pestana (PSDB), que apoia Ciro Gomes (PDT), atacou o presidente. "Essas críticas [de Bolsonaro] ao sistema eleitoral são para desviar atenção da fome e do retrocesso que se deseja", afirmou. “Demorou muito para comprar vacina, tentando negociar um precinho”, completou.
A candidata do Psol e Kalil, que tem apoio de Lula, enalteceram o petista, afirmando que ele deve vencer a eleição presidencial no primeiro turno.
Freixo faz referência a Lula, mas Castro ignora Bolsonaro
No Rio, Cláudio Castro (PL), Marcelo Freixo (PSB), Paulo Ganime (Novo) e Rodrigo Neves (PDT) debateram na noite deste domingo (7). Temas locais, como políticas de segurança pública e denúncias sobre cargos secretos no governo do Rio, dominaram a noite.
Freixo, porém, deu ênfase à sua aliança com Lula, e buscou associar Castro a Bolsonaro. Já o atual governador se esquivou de menções ao presidente.
Logo em sua apresentação, Freixo afirmou que, “com Bolsonaro na Presidência e Cláudio Castro no governo”, o Rio “voltou ao mapa da fome”. Na sequência, completou: “Ao lado de Cesar Maia [seu vice], com uma união dos partidos democráticos e com Lula na Presidência, a gente vai colocar o Rio de Janeiro de pé”.
O apoio do PT à candidatura de Freixo, porém, foi alvo de disputas até semana passada. O diretório estadual do partido chegou a aprovar uma resolução desfazendo a aliança com o candidato do PSB. O motivo era a candidatura de Alessandro Molon (PSB) ao Senado. O PT defende que André Ceciliano (PT) seja o único a concorrer ao Senado pela chapa.
Na sexta-feira (5), no entanto, a executiva nacional petista decidiu manter o apoio a Freixo. Mesmo com o anúncio, Molon ainda se apresenta como pré-candidato a senador.
Ao ser questionado por Freixo sobre denúncias a respeito de cargos secretos na Fundação Ceperj (Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio), Castro rebateu dizendo que “teve a postura que um gestor tem que ter”, criando uma comissão para investigar o caso.
“É diferente da turma que te apoia, que sempre que teve problema, fugiu. Inclusive você [Freixo] fugiu do PT, chamando o Lula dos piores nomes possíveis, porque você não soube enfrentar”, afirmou.
Rodrigo Neves (PDT) também criticou Freixo pela aliança com o PT, dizendo que o candidato “ficou oito anos na oposição ao governo Lula”.
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