A declaração do fundador do partido Novo, João Amoêdo, feita neste sábado (15), de que no segundo turno das eleições presidenciais votará em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gerou uma onda de manifestações de filiados da legenda contrárias ao posicionamento e até mesmo pedidos para que o político deixe imediatamente o partido. Amoêdo, que apesar de ainda ser filiado ao Novo, deixou a presidência da legenda em 2020 e não exerce grande influência no partido atualmente, declarou que o candidato do PT representa um “risco menor” do que o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).
A primeira reação veio em nota oficial do próprio partido, no início da tarde de sábado. O Novo, que já havia publicado nota em que liberou seus filiados para votarem de acordo com os princípios partidários, mas reforçando ser contra o PT e o lulismo, classificou a declaração de Amoêdo como “absolutamente incoerente e lamentável”.
“Seu posicionamento não representa o Partido Novo e vai contra tudo o que sempre defendemos. A triste declaração constrange a instituição, que se mantém coerente com seus princípios e valores e reforça que Amoêdo não faz mais parte do corpo diretivo do partido desde março de 2020”.
Ainda no sábado, Felipe D’Avila, que disputou a presidência da República no primeiro turno, afirmou, em sua conta no Twitter, que a declaração de voto de Amoêdo a Lula “é uma traição aos valores liberais, ao partido Novo e a todas as pessoas que criaram um partido para livrar o Brasil do lulopetismo que tantos males criou ao Brasil”. “Amoedo: pega o boné e vai embora. Você não representa os valores liberais”, prosseguiu.
O deputado federal Marcel van Hattem, reeleito como segundo parlamentar mais votado do Rio Grande do Sul, foi outro a pedir a saída do fundador do partido. Em vídeo publicado em seu Instagram, van Hattem pediu que Amoêdo se desligue do Novo com urgência ou que a Comissão de Ética se reúna para deliberar sobre sua expulsão.
“Se restar um pingo de dignidade ao senhor João Amoêdo, que um dia admirei e que em 2018 foi a opção do Novo para candidatura à presidência da República, ele deve deixar o partido Novo. Aliás, já deveria ter saído quando começou a sabotar sua direção e atacar seus mandatários”, disse. “Agora fica simplesmente inviável manter nos quadros partidários uma pessoa que disse que vai votar 13, Lula, no segundo turno”, continuou.
Já o deputado federal Vinícius Poit, que foi o candidato do Novo para o governo de São Paulo, disse que há tempos Amoêdo não representa mais a legenda. “Não apoiou os candidatos do partido e até jogar contra jogou. Apoiar o Lula, passou de todos os limites. Decepção e incoerência total”.
Eduardo Ribeiro, presidente do Novo, foi outro a ir às redes sociais para comentar o episódio. “Vergonhosa, constrangedora e incoerente a declaração de voto de João Amoêdo em Lula. O PT e o Lula representam tudo o que o nosso partido sempre combateu. Essa é a prova final de que o Novo nunca mudou, quem mudou foi o João”.
Várias outras figuras de expressão do partido, como Mateus Simões – eleito vice-governador no último domingo (2) na chapa de Romeu Zema – e o deputado federal Gilson Marques, reeleito à Câmara, também se manifestaram com críticas ao empresário.
Amoêdo rebate Novo e cita “liberdade de expressão” ao defender voto em Lula
O fundador do Novo usou suas redes sociais na noite de sábado para rebater a nota da legenda que condena seu voto a favor de Lula. Ele defendeu seu posicionamento sob a alegação de "liberdade de expressão" que, segundo destacou, é "um dos pilares do Novo".
O empresário disse lamentar que o partido utilize meios oficiais para "atacar a liberdade de expressão e política de um filiado". "Ao responder o questionamento acerca do meu voto em segundo turno, apenas exerci um direito que me é conferido pela nossa Constituição", destacou. Na sequência, Amoedo disse que tal direito dialoga com a liberdade de expressão e também destacou que seu posicionamento tem amparo no estatuto do partido e em "diretriz partidária vigente".
O empresário Ricardo Lacerda foi uma das poucas figuras de influência no partido a ficar ao lado de Amoêdo. Ele informou em seu Twitter que discorda da decisão do ex-presidente do Novo, mas anunciou sua desfiliação da legenda devido à reação dos correligionários. “[a decisão de Amoêdo] Foi uma decisão corajosa, fundamentada e estritamente pessoal. Lamentável a reação do partido Novo e seus líderes condenando-o, numa humilhante tentativa de lamber as sobras do bolsonarismo. Desfiliar-me-ei!”, publicou Lacerda.
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