Os maus resultados em avaliações de desempenho de estudantes, a lenta evolução em comparação com outros países, os altos índices de analfabetismo funcional e a irrelevância acadêmica e científica tendem a despertar pessimismo em relação à educação no Brasil. Não é incomum a percepção de que uma transformação verdadeira só poderá ser o resultado de um processo muito demorado – de algumas décadas, talvez.
Sem perder o realismo, é preciso repelir a impressão de que estamos diante de um bicho de sete cabeças. De tempos em tempos, ouve-se falar de municípios, regiões ou países que promoveram uma grande revolução na educação em poucos anos. Não há razões para duvidar da possibilidade de que o Brasil se torne um desses casos surpreendentes e inspiradores.
Foi apostando em currículos mais rigorosos e maior monitoramento da aprendizagem que as escolas públicas do município de Sobral (CE) se tornaram as melhores do país. Portugal também confiou em currículos e avaliações mais exigentes para se tornar rapidamente um dos países europeus que mais evoluem nos índices da educação. Até 1960, a Coreia do Sul era um dos países mais pobres do mundo; hoje, figura entre as 15 maiores economias do planeta, é um grande polo tecnológico e tem alto índice de desenvolvimento humano – e isso se deve, em grande parte, a uma revolução no ensino do país promovida especialmente a partir da década de 1980. Em todos esses casos, os resultados da reestruturação da educação começaram a ficar visíveis em menos de uma década.
Esses são alguns exemplos de que a elevação dos padrões de ensino e aprendizado no Brasil não precisa ser um objetivo distante. Não faz sentido, então, propor-se metas tímidas de melhoria: uns poucos pontos depois da vírgula nos indicadores escolhidos. Não. É possível sonhar com evoluções mais intensas e rápidas. Cada nova geração, cada novo grupo de alunos que entra em idade escolar e ingressa em algum colégio Brasil afora chega com potenciais esplêndidos, maravilhosos, que só precisam ser devidamente inspirados e estimulados para florescerem. Se lhes oferecermos as condições adequadas, os resultados virão muito rapidamente.
Por isso, com um planejamento adequado, com os ajustes nas alavancas corretas, é possível sonhar com transformações em curto espaço de tempo. E, por isso, vale a pena estabelecer metas arrojadas, metas agressivas, de crescimento no aproveitamento escolar. Metas audazes ajudam toda a sociedade a sonhar grande, a enxergar como possível a revolução na educação que todos esperamos; e, sobretudo, metas corajosas e ambiciosas desafiam os gestores, políticos e técnicos a porem todo o seu engenho na busca e na aplicação das melhores práticas de ensino. Atacando os problemas mais evidentes, escolhendo bem as prioridades, recorrendo a toda a tecnologia que esteja disponível será possível começar a ver frutos que, inclusive, poderão servir de incentivo para um maior engajamento de todos os cidadãos em torno dessa causa.