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“O segundo ato de Lula” é o título da entrevista da revista Time com o pré-candidato do PT à Presidência do Brasil
“O segundo ato de Lula” é o título da entrevista da revista Time com o pré-candidato do PT à Presidência do Brasil| Foto: Reprodução/Twitter

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou destaque na nova edição da revista americana Time. O petista aparece em uma capa com data de 23 de maio e é apresentado como o "líder mais popular do Brasil" que busca retornar à Presidência. Na entrevista, publicada no site da revista nesta quarta-feira (4), Lula disse que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, é tão responsável pela guerra na Ucrânia quanto o líder russo, Vladimir Putin.

"Às vezes fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin", afirmou Lula à jornalista Ciara Nugent. "Eu não conheço o presidente da Ucrânia. Agora, o comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo. Ou seja, ele aparece na televisão de manhã, de tarde, de noite, aparece no parlamento inglês, no parlamento alemão, no parlamento francês como se estivesse fazendo uma campanha. Era preciso que ele estivesse mais preocupado com a mesa de negociação". Lula ainda afirmou que Zelensky "quis a guerra".

Ele ponderou que Putin não deveria ter invadido a Ucrânia, mas disse que os Estados Unidos e os países da União Europeia também são culpados pelo conflito. Na visão de Lula, esses atores poderiam ter "resolvido o problema" se tivessem negado a entrada da Ucrânia na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e na União Europeia.

"Os europeus poderiam ter resolvido e dito: ‘Não, não é o momento de a Ucrânia entrar na União Europeia, vamos esperar’. Eles não precisariam fomentar o confronto!".

Ainda comentando a guerra, Lula disse que "as pessoas estão estimulando o ódio a Putin" e que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, poderia ter ido a Moscou negociar com o líder russo.

"Isso não vai resolver! É preciso estimular um acordo. Mas há um estímulo [ao confronto]! Você fica estimulando o cara [Zelensky] e ele fica se achando o máximo. Ele fica se achando o rei da cocada, quando na verdade deveriam ter tido conversa mais séria com ele: ‘Ô, cara, você é um bom artista, você é um bom comediante, mas não vamos fazer uma guerra para você aparecer’. E dizer para o Putin: ‘Ô, Putin, você tem muita arma, mas não precisa utilizar arma contra a Ucrânia. Vamos conversar!’".

E acrescentou: "Se eu fosse presidente da República e me oferecessem ‘o Brasil pode entrar na OTAN’, eu não ia querer".

Lula fala em reconstrução da ONU

Ainda sobre o cenário internacional, o petista também disse que é preciso criar "uma nova governança mundial" e criticou as Nações Unidas. "A ONU de hoje não representa mais nada. A ONU de hoje não é levada a sério pelos governantes. Porque cada um toma decisão sem respeitar a ONU... É preciso que a gente reconstrua a ONU, coloque mais países, envolva mais pessoas. Se a gente fizer isso, a gente começa a melhorar o mundo".

Time fala que Brasil é uma "democracia ameaçada"

Ao apresentar a entrevista com o ex-presidente Lula, a jornalista Ciara Nugent cita que os desafios de Lula, se eleito, serão "reavivar uma economia debilitada e salvar uma democracia ameaçada". Ela também diz que a gestão da pandemia no país foi "caótica" e lembra que o Brasil registrou a segunda maior taxa mundial de mortalidade ligada à Covid-19. A entrevista com Lula foi realizada no fim de março.

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