Estratégia para a reta final de campanha foi discutida por Lula com os articuladores do PT| Foto: Sebastião Moreira/EFE
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Em um esforço final para tentar vencer a eleição já no primeiro turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai intensificar o discurso pelo voto útil entre eleitores de Ciro Gomes (PDT) e de Simone Tebet (MDB). A estratégia foi discutida nesta semana pela coordenação de campanha depois que a pesquisa Ipec, divulgada na última segunda-feira (19), mostrou o petista com 47% das intenções de voto, ante 31% de Jair Bolsonaro (PL).

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Aliados petistas avaliam que o voto útil contra Bolsonaro ainda não migrou em peso para Lula e esperam promover uma “onda” de mobilização pelo país na semana que vem, a última antes da eleição.

Parte da estratégia passa por alertar os eleitores sobre o risco de aumento da violência política em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro. O ex-presidente também vai investir na mensagem de que é apoiado por uma frente ampla em agendas públicas com artistas e políticos de outros partidos e correntes ideológicas.

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"Essa eleição precisa ser resolvida no primeiro turno. O povo brasileiro não merece mais 30 dias de uma campanha em que o ódio está dominando", disse a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, em uma referência a casos de agressões durante a campanha eleitoral. Nos cálculos dos articuladores, os episódios de violência podem convencer os eleitores de que é melhor acabar logo com as eleições no primeiro turno.

São casos como o ocorrido na última terça-feira (20), quando um pesquisador do Datafolha foi agredido com socos e chutes por um apoiador de Bolsonaro enquanto fazia entrevistas para o instituto na cidade de Ariranha (SP). Na semana passada, uma vereadora do PT teve o carro (adesivado com uma imagem de Lula) atacado por um produtor rural, que se acidentou na fuga e morreu em Salto do Jacuí (RS).

Em outro episódio, no dia 9 deste mês, um trabalhador rural matou um colega de trabalho pró-Lula durante discussão por política em uma chácara em Confresa, no Mato Grosso. Em julho, um dirigente do PT foi morto a tiros por um apoiador de Bolsonaro durante uma festa de aniversário em Foz do Iguaçu (PR).

Lula vai priorizar discurso mais sereno e moderado para atrair voto útil

A campanha vai defender que os decretos de flexibilização das armas assinados por Bolsonaro ao longo do governo foram indutores para o aumento da violência política no país. Na avaliação dos integrantes do PT, os eleitores de Ciro e Tebet podem ser influenciados pela medida e optarem pelo voto em Lula.

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"As pessoas estão sendo induzidas a uma violência exacerbada. Bolsonaro não se dá conta de que está armando o crime organizado. Esse país está caminhando para uma selvageria”, disse o candidato petista recentemente.

Para antagonizar com Bolsonaro, os coordenadores da campanha apostam em discursos mais serenos e moderados de Lula nessa reta final da campanha. Um dos motes que serão explorados nessa fase será "o Brasil que a gente tem e o Brasil que a gente pode voltar a ter". Também serão enfatizados pontos como a necessidade de passar a mensagem de "solidariedade, fraternidade e esperança".

Integrante da articulação, o deputado André Janones (Avante-MG) defende que a militância siga na mesma linha dos discursos de Lula. A ideia é que a comunicação nas redes também adote um tom "sereno", "conciliador" e incentivador do "orgulho em defender Lula na reta final da disputa".

A campanha vai usar ainda peças publicitárias da propaganda eleitoral para mostrar o ex-presidente falando sobre como tirar o país da miséria, enquanto, do outro lado pretende explorar a imagem de um Bolsonaro "raivoso". Para isso, os petistas pretendem relembrar falas do presidente durante a pandemia e de quando Bolsonaro disse que "ninguém passa fome no Brasil".

"Temos 20% do eleitorado com que podemos conversar, podemos dialogar, podemos convencer a votar, além daqueles e daquelas que estão equivocados, que não entenderam o processo histórico que estamos vivendo, que não entenderam a importância da eleição do Lula", afirmou o prefeito Edinho Silva, um dos articuladores da comunicação da campanha.

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Evento com artistas vai abrir última semana de campanha de Lula

Ainda na estratégia pelo voto útil na reta final, o ex-presidente Lula vai realizar na próxima segunda-feira (26) um evento com diversos artistas em São Paulo. O ato vai marcar a abertura da última semana de campanha antes da votação em primeiro turno, marcada para domingo, dia 2 de outubro.

Batizado de “Brasil da Esperança”, o evento vai contar com a participação de nomes como Caetano Veloso, Chico Buarque, Anitta e Ludmilla. A mulher de Lula, Rosangela Silva, a Janja, está à frente da organização do evento.

A ideia é gerar um clima de mobilização com imagens que seriam utilizadas no programa eleitoral e distribuídas nas redes sociais, para demonstrar o tamanho do apoio a Lula. Além dos artistas, políticos de diversos partidos também devem participar do evento como forma de passar uma mensagem de frente ampla a favor do ex-presidente.

A campanha petista também organiza a transmissão ao vivo do ato em diversas cidades do Brasil. A expectativa é de que telões sejam instalados país afora. Nesta semana, artistas como Gal Costa, Maria Bethânia, Nando Reis, Drica Moraes, Daniela Mercury, entre outros, passaram a divulgar nas redes sociais o vídeo de uma música com o refrão “vira, vira voto”.

Lula vai concentrar, na última semana, suas ações de campanha no Sudeste, principalmente em São Paulo. O estado, que é o maior colégio eleitoral do país, é considerado o mais estratégico pela campanha na busca pelo voto útil.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Metodologia da pesquisa citada

O Ipec entrevistou 3.008 eleitores entre os dias 17 e 18 de setembro de 2022 em 181 municípios brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e está registrada no TSE com o protocolo BR-00073/2022.